A Overwatch League não teve um 2019 muito convincente. Enquanto a trajetória da San Francisco Shock e do norte-americano Jay “sinatraa” Won se firmaram como um dos pontos altos do ano ao lado da superação da Shanghai Dragons, a liga ficou abalada em alguns pontos cruciais que mostram que, apesar de milionária, a competição ainda está com muitos pontos em constante desenvolvimento.
Passou meses e mais meses estagnada em um metagame de tanks e suportes sem fim, forçando a Blizzard a adotar uma medida obrigatória dentro do seu jogo competitivo. Acabou com a festa das cabras, mas o competitivo do Overwatch aos poucos já estava esfriando e muito depois disso.
Jogadores incríveis na temporada inaugural da Overwatch League ficaram no banco por meses porque sua atuação não combinava com o metagame atual. E agora vários estão anunciando a aposentadoria.
Para os brasileiros, sobrou uma atuação pequena de Renan “Alemão” Moretto na Overwatch League. Nem a seleção brasileira conseguiu ir para a Copa do Mundo de Overwatch pelas novas regras da competição não envolverem auxílio financeiro para a maior parte das equipes.
Comunicado oficial: pic.twitter.com/CLkJFtdPgv
— Team Brazil Overwatch 🇧🇷 (@TeamBrazilOW) October 29, 2019
Tudo isso já coloca o ano de 2020 de Overwatch à prova para a Blizzard. E, de quebra, a comunidade competitiva terá que tomar cuidado com muitos outros pontos que não deixam nenhum jogador seguro sobre o seu futuro.
Overwatch: Tier 2 e 3 em um universo paralelo
Entrar na Overwatch League é, na maioria das vezes, o grande motivo de um jogador buscar uma equipe amadora ou semi-profissional de Overwatch. Mas suas chances são mínimas a menos que você dispute a Overwatch Contenders na Coreia do Sul ou na América do Norte.
E aqui vai a imagem que comprova isso. Diretamente da janela de transferências da Overwatch League para 2020. Mais de 60% da liga já é coreana — um número que cresceu mais de 15% desde a temporada inaugural. E, das demais contratações, a maior parte figura na América do Norte.
Tudo isso faz com que o Tier 2 fora da Coreia do Sul seja pouco visado pelos times da própria Overwatch League. Pra reforçar isso, a New York Excelsior e a Los Angeles Gladiators revelaram nas últimas semanas que pausariam a atuação dos seus times Academy na Contenders.
As chances estão ficando mais escassas e, ao invés de se tornar global, a liga está se polarizando. E, nesse sentido, pelo menos a Call of Duty League tem um propósito bem mais definido: está mirando exatamente nos norte-americanos, mas com algumas atuações globais de vez em quando.
E por aqui?
Bom, a Overwatch Contenders pelo menos anunciou mais vagas para a sua divisão principal, aumentando ainda mais as oportunidades de times Tier 3 vindos da Open Division. Tudo isso parece muito bom no papel e vai chamar a atenção de novos competidores, mas esse parece que é o máximo que a maior parte dos jogadores da América do Sul conseguem chegar.
A menos, é claro, que você seja o Alemão. Até agora, o gingado do seu Lúcio foi uma exceção.
Overwatch League: contratos e casas novas
Enquanto a Overwatch League em si divulgou parcerias importantes nos últimos meses — como a Coca-Cola e até mesmo o TeamSpeak na última semana — a própria liga está prestes a encerrar um dos seus contratos mais importantes: o da Twitch. E será que existe a chance de uma renovação?
Aqui vale uma comparação. O número de pessoas assistindo anda decaindo em comparação à estreia bombástica da liga com seus 440 mil espectadores simultâneos. O metagame não ajudou, o jogo é difícil de acompanhar para os iniciantes com 12 bonecos se matando na tela e, assim, há uma grande resistência na cabeça das pessoas de que Overwatch é um esporte profissional atraente.
O próprio modelo da liga não oferece muitas oportunidades quem investe por lá. A Overwatch League não permite rebaixamentos, mas algumas reportagens apontaram que o preço beira os US$ 60 milhões para entrar na liga. Isso implica um alto risco para manter a estabilidade da competição e dos contratos milionários dos jogadores — mas são os times que acabam, literalmente, pagando um preço alto por isso.
Aqui vai um exemplo: as equipes sequer podem divulgar seus patrocinadores no uniforme. É como se uma marca de cerveja patrocinasse a hipotética Rio de Janeiro Heat, mas não pudessem mostrar isso pra todo mundo que assiste. Ou uma marca de chimarrão ajudando só nas escondidas a sonhadora Porto Alegre Batchers. É meio bizarro isso.
Falando em casas novas, finalmente a Overwatch League está chegando no ponto prometido lá na revelação: o de levar as partidas para estádios em cada uma das cidades da liga. O projeto, que é muito legal na prática, já levanta outra dúvida: será que isso realmente dará certo e chamará a atenção do público local?
Pelo visto, só o tempo dirá.
E, por fim, a insegurança do Overwatch 2
Existe outro impasse para piorar a situação de quem acompanha ou quer entrar no competitivo: o recém-anunciado Overwatch 2. Ele já chegou dividindo a opinião de muitos e, mais ainda, colocou dúvidas muito persistentes na cabeça dos fãs.
Sabemos que Overwatch 1 trará partidas simultâneas com a sequência, mas mesmo isso traz incertezas para o cenário. A Overwatch League e a Contenders irão adotar qual dos dois? Os jogadores poderão optar por um ou outro? Como o metagame sofrerá o impacto do novo modo de jogo, o Push? Os novos heróis vão continuar estancando o metagame como foi com Brigitte e Sigma?
Essas dúvidas continuam colocando pulgas na orelha de fãs e competidores. Tá chegando aquele Overtime e, de todas as formas, os fãs não querem que a Blizzard dê aquele C9 descuidado.
Dá pra perceber que tivemos vários pontos de interrogação no cenário amador e profissional de Overwatch em 2019. 2020, com isso, terá que trazer muitos pontos finais pra tudo isso dar certo.
Obrigado Luis Gustavo Pecinato por ajudar com a coluna.