Temporadas e mais temporadas já se passaram no mundo de League of Legends e todo ano um país revela um jogador que compete pelo posto de soberano da posição. Certas regiões, dessa forma, ganharam reconhecimento por terem os melhores em determinadas funções. A Coréia, por exemplo, sempre foi elogiada por seus top laners: a região, por mais que seja a melhor também em toda Summoner’s Rift, originou estrelas como Lee “Duke” Ho-seong, Lee “Flame” Ho-jong, Yoon “MakNoon” Ha-yoon, Jang “MaRin” Gyeong-hwan, Song “Smeb” Kyung-ho, Kim “Ssumday” Chan-ho, entre muitos outros.
E quem nunca ouviu a frase “mid laners europeus, cara”? O Velho Continente vem sendo responsável por produzir grandes jogadores da rota do meio, que conseguem competir seja em lane ou em teamfights com o mundo todo. Alexey “Alex Ich” Ichetovkin, Søren “Bjergsen” Bjerg, Fabian “Febiven” Diepstraten, Henrik “Froggen” Hansen, Nicolaj “Jensen” Jensen, Luka “Perkz” Perković e Enrique “xPeke” Cedeño são nomes que vem em mente.
A China, por sua vez, é famosa pelos seus atiradores. Mesmo que tenham gerado poucos nomes, são jogadores que entraram pra história do jogo como não só os melhores na posição, mas também no geral: Zhu “NaMei” Jia-Wen, Jian “Uzi” Zi-Hao e Gao “WeiXiao” Xue-Cheng.
O próprio Brasil tem uma posição na qual pode confiar. Desde o início do cenário, Gabriel “Kami” Bohm e Murilo “takeshi” Alves fizeram um nome por dominar a mid lane. Posteriormente veio Thiago “tinowns” Sartori e Gabriel “tockers” Claumann, seguido de Bruno “Brucer” Pereira e Bruno “Goku” Miyaguchi e agora as novas revelações em Bruno “Envy” Farias e Rafael “Rakin” Knittel.
A América do Norte, contudo, constantemente foi motivo de piada entre os rivais porque nunca tiveram uma role expressiva internacionalmente. A região, por desde cedo importar coreanos e europeus, sempre teve dificuldades em criar talento nativo em grande quantidade — principalmente no mid, que conta apenas com três americanos.
A jungle veio pra acabar com essa noção.
Nenhuma região produziu tantos junglers de alto nível nos últimos tempos como a América do Norte. Para falar a verdade, mesmo juntando todos os jogadores recentes de Coréia, China e Europa não dá pra passar os norte-americanos. Vá em frente, pode tentar: Kim “Beyond” Kyu-seok, Kang “Haru” Min-seung, Han “Peanut” Wang-ho, Mads “Broxah” Brock-Pedersen, Andrei “Xerxe” Dragomir e Lu “Mlxg” Shi-Yu. A lista para por aí.
Tudo começou no Spring Split de 2016. Em uma temporada na qual estrelas como Kim “Reignover” Yeu-jin e Lee “Rush” Yoon-jae tiveram a maior expectativa de sucesso, Joshua “Dardoch” Hartnett surgiu para dar nova vida ao seu time e começar uma renovação para a role na América do Norte. A Liquid começou o campeonato em má fase, com uma decepcionante marca de 0–3. Ao fim da fase regular, conseguiu emplacar a quarta colocação, superando os rivais da TSM. Isso se deve não só às mecânicas de Dardoch, mas também ao fato de ele ser shotcalller. Ele fazia o jogo rodar, o que se evidencia nos 78% de Participação em Abates (maior da liga). O prodígio se mostrou também muito eficiente em farmar os campos da selva, uma vez que foi vice-líder em CSPM e Diferencial de Ouro aos 10 minutos. Não satisfeito, a agressividade com Lee Sin e Rek’Sai certificou a Dardoch o título de Estreante do Split.
Em seguida veio Rami “Inori” Charagh. O interessante sobre Inori é que, diferente das outras revelações da jungle, ele buscou um bootcamp na Coréia do Sul para provar seu valor. Alcançou em menos de um mês o Challenger da fila coreana, o que o conseguiu uma vaga na recém-criada Phoenix1. Similarmente a Dardoch, encontrou a equipe em frangalhos na última colocação do Summer Split. Isso porque só pôde começar a jogar na quarta semana devido a problemas com visto. A sinergia com Choi “Pirean” Jun-sik foi surpreendente e, aliado de desempenhos carry com Rengar e Hecarim, conseguiu não só um recorde positivo para a P1 (5–4) na segunda metade da etapa, como também deu a infame derrota pra TSM que estragou os planos de um split perfeito.
O mais impressionante é que vem sendo em 2017 que a maior leva de caçadores começou a aparecer. O primeiro foi Juan “Contractz” Garcia: desde a Challenger Series com a Ember ele fora apontado como estrela em potencial, em parte por ter apenas dezesseis anos — e por isso estar inelegível para jogar na LCS — , assim como pela maestria com Rek’Sai e Elise. Guiado por veteranos como Hai “Hai” Du Lam e Daerek “LemonNation” Hart, Contractz varreu a competição da segunda divisão e se classificou para a liga principal. Lá, se juntou a Cloud9 e logo na primeira partida massacrou a TSM com um KDA combinado de 15/6/16. A constância ao longo da competição o garantiu o título de Rookie do Split.
Concorrendo diretamente com ele por esse prêmio, Matthew “Akaadian” Higginbotham foi uma grata surpresa vinda da Echo Fox. Em um time com Froggen e Jang “Looper” Hyeong-seok — jogadores teoricamente passivos — , ele conseguiu atrair para sí os holofotes ao colocar os early games para rodar. Foi o principal jungler na primeira metade da temporada no quesito de First Blood, terminando o campeonato com taxa de 47% em segundo lugar. Caiu de forma no meio do split, mas ainda é uma força a ser reconhedida — especialmente quando campeões agressivos estão no meta.
Galen “Moon” Holgate foi outro que assumiu papel de destaque nesse Spring Split. Ele fora muito criticado no ano anterior pelas atuações na NRG e aparentemente ficava nervoso ao subir no palco da LCS. Suas estatísticas, ainda por cima, eram pífias: pior em Dano por Minuto e CSPM e segundo pior em FB%. Mas quando se juntou a Hai e companhia na FlyQuest, algo pareceu clicar. Provavelmente por conta da liderança do mid laner, Moon demonstrou confiança em suas jogadas e até mesmo na própria Champion Pool. Isso porque trouxe — e fez funcionar — pocket picks como Shaco e Evelynn junto com seu Kha’Zix e Rengar. Com isso, assumiu o top 3 de FB%, Diferencial de XP aos 10 e Diferencial de CS aos 10.
Por último, é claro que restava Mike “MikeYeung” Yeung. O fenômeno recém formado na escola apareceu do nada para tomar controle da jungle da Phoenix1, antes ocupada por Inori e William “Meteos” Hartman. Por mais que sua experiência viesse somente da fila ranqueada e em tese fosse um two-trick Nidalee e Lee Sin, MikeYeung atordoou o público — e os adversários — com outplays mecânicos e pathing inteligente. Em apenas três semanas de profissional, já conquistou o título de MVP do Rift Rivals e se encontra como franco favorito pelo troféu de Rookie do Split. Tudo isso se deve às formidáveis estatísticas de Participação em Abates, CSPM e DPM, nas quais ele é o segundo melhor com 74.8%, 4.8 e 335 respectivamente.
Para uma posição que recentemente só tinha Meteos e Jake “Xmithie” Puchero como pontos fortes no cenário global, as revelações de Dardoch, Inori, Contractz, Akaadian, Moon e MikeYeung foram bons incentivos pra moral da América do Norte. Cada um desses jogadores tem total capacidade de enfrentar seus homólogos de outras regiões. E é possível que a fábrica de caçadores da região tenha mais a oferecer, especialmente com o sistema de franquias vindo por aí. Basta só esperar e ver.
Estatísticas disponíveis em Oracle’s Elixir.