Buscando alcançar resultados melhores no segundo split e também trazer mais referências dos esportes tradicionais, a Liberty pretende adotar um novo modelo de treinos em que apenas jogará internamente, deixando de lado as famosas “Scrims” com outros times do CBLOL 2024.
Em entrevista exclusiva ao Mais Esports, Samuel, CEO da Liberty, falou sobre a adoção deste novo modelo, explicou a motivação da decisão e o que espera com a nova postura da organização.
Desde a fundação da Liberty em 2018, Samuel sempre buscou trazer conceitos da gestão esportiva tradicional para os esportes eletrônicos, visando a profissionalização do setor. Contudo, enfrentaram dificuldades como falta de estrutura e profissionais qualificados. A partir do final de 2023, com o Ignition Lab, conseguiram superar esses desafios, especialmente na estruturação de comissão técnica e formação de jogadores.
O principal foco da Liberty é o treinamento. Samuel percebeu que o método tradicional de scrims no League of Legends, sem planejamento adequado, não era eficiente para o desenvolvimento a longo prazo. A falta de um ambiente de treino estruturado dificultava a efetividade dos treinos. Assim, a Liberty busca evoluir seus métodos de treinamento para atender melhor às necessidades dos jogadores e do time.
Liberty adotará modelo de treinos sem Scrims no segundo split de 2024
O importante é entender o conceito do treino: melhorar, diluir o jogo em fases e etapas, como toda modalidade faz, e treinar cada uma dessas etapas, juntando tudo para que o time performe bem. Esse é o principal desafio. Nosso próximo passo é fazer os treinamentos de maneira mais eficiente, usando melhor as ferramentas disponíveis, tendo mais controle sobre o ambiente de treino e alcançando resultados positivos.
Por isso, neste split, vamos optar por treinar só internamente, fugindo completamente do modelo de scrims que já estávamos evitando no primeiro split. Treinamos muito menos scrims do que nos splits anteriores e do que os outros times. Tínhamos um dia na semana, dos quatro possíveis de treino, que não fazíamos scrim com nenhum outro time. Então, terça-feira era nosso dia livre; treinávamos quarta, quinta e sexta, e muitas vezes não treinávamos os dois blocos.
Seguimos por um caminho onde não ficávamos parados descansando, mas fazíamos outras atividades de treinamento. Agora, sentimos que é possível, dentro do nosso contexto, realizar treinamentos independentes de outras organizações para realizar nossos treinos.
Liberty pensa em contratar uma equipe maior para ajudar neste novo tipo de treino
Isso é algo que já discutimos há muito tempo. No futebol, é muito comum utilizar um sistema de três grupos: G1, G2 e G3. Esses grupos giram muito conforme as competições, por exemplo, qual time vai viajar para determinada competição e qual time vai ficar em repouso. Isso acontece quando um jogador está muito cansado e coisas do tipo. No futebol, esse sistema é comum, mas nos esportes eletrônicos ainda é um pouco diferente porque o calendário e a rotina são sempre os mesmos.
Não há tanta rotação nos cinco jogadores principais, mas nos treinamentos, ter mais jogadores expostos a diferentes situações e estilos de jogo permite uma formação e desenvolvimento ainda maiores. Com a mudança do split 1 para o split 2, não conseguimos estruturar algo sólido e, hoje, não teríamos capacidade de fazer algo bem feito com 15 jogadores. No entanto, é algo que estamos observando e que faz muito sentido.
Ter um elenco maior proporciona mais diversidade de treinamentos e mais opções dentro desses treinos. Com certeza, é um passo para o desenvolvimento e evolução do nosso método.
Liberty quer ter o próprio estilo de jogo sem depender de se “modular” para adversários
Quando seguimos esse caminho de treinar internamente, existem várias variáveis que podemos trabalhar. Uma delas pode ser querer imprimir o nosso estilo de jogo e melhorá-lo cada vez mais para impor isso no final de semana. Eventualmente, podemos fazer um ajuste pequeno contra um campeão ou um estilo de jogo específico de um jogador. Podemos buscar modular isso dentro do treinamento, o que é uma opção viável.
É lógico que é muito difícil dizer que um jogador jogará exatamente como outro de alto nível. Mas é possível notar campeões específicos e estilos de jogo que podem ser replicados em ações durante o treino. Isso é positivo. No entanto, um grande contraponto é que nunca se conseguirá imprimir, de imediato, o estilo de jogo de outro jogador em 100%. Por exemplo, se vamos jogar contra o Robo da LOUD no final de semana, não vamos treinar contra a LOUD na semana anterior. O jogador no treino não estará tentando replicar o estilo de jogo do Robo; ele estará jogando da maneira dele porque quer impor o próprio jogo.
Portanto, a modulação nos treinos nos aproxima mais da realidade do que seria uma aleatoriedade geral fora do nosso controle, como treinar com um time que não tem nada a ver com o nosso cenário. Treinar internamente é uma opção, mas não significa que toda semana estaremos modulando para o adversário. Em vez disso, treinamos para desenvolver nosso jogo e fazemos pequenas adaptações para desempenhar melhor nos finais de semana.
Apesar dos riscos competitivos, a Liberty está comprometida com a inovação e a melhoria contínua. Ao invés de repetir estratégias antigas e esperar resultados diferentes, a equipe aposta em métodos novos e adaptações rápidas.
Samuel citou sobre a equipe “não ter medo de testar”, e que a meta é construir um time forte e evoluir constantemente, mesmo que isso signifique enfrentar desafios e possíveis quedas na tabela.
Estreia da Liberty no CBLOL 2024 2° split
O primeiro jogo da Liberty no CBLOL 2024 2° split será contra a KaBuM no dia 1 de junho, marcado para ser o penúltimo da rodada (16h). Vale lembrar que a equipe não fez nenhuma mudança de line-up para o próximo split.
Acompanhe a cobertura completa do CBLOL 2024 2° split com calendário de jogos, resultados, tabela e outras informações aqui no Mais Esports!
