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Do Futebol ao Free Fire: Conheça Wanheda, campeão como coach que agora busca carreira vitoriosa como jogador

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A transição de um jogador para coach é algo muito comum dentro dos esports. Nomes grandes do cenário brasileiro são exemplos desta mudança, como os jogadores de League of Legends Jockster, Tockers e Turtle. Porém, Wanheda seguiu o caminho contrário. O ex-coach da LOUD decidiu fazer aquilo que sempre foi seu objetivo: tornar-se proplayer de Free Fire.

Wanheda teve uma brilhante e breve carreira como coach. Logo em sua primeira competição no cargo, no início de 2020, trouxe o título de campeão da Copa América de Free Fire para o Brasil, quando fazia parte da LOUD. Pouco tempo depois, sua equipe apresentou um desempenho muito bom no primeiro split da LBFF de 2020, fechando o campeonato na terceira colocação.

Logo após o término do primeiro split da Série A da LBFF, Wanheda foi anunciado como nova contratação para reforçar a RED Canids Kalunga, e tem se mostrado bastante calibrado mecânicamente e técnicamente. Em entrevista, o rei das calls da Matilha contou sobre como está sendo essa transição de coach para jogador.

Wanheda também comentou sobre como o futebol acabou indiretamente levando ele ao Free Fire. Como ele mesmo disse, “tudo nessa vida tem um propósito”. Confira!

Infância

Ele começou contando sobre sua infância, as coisas que mais gostava de fazer e um pouco sobre como se comportava. “O Wanhedinha era muito brincalhão. Cresci no interior de Itu-Paraná e ficava o dia inteiro na rua, jogando bola, bulica [bola de gude], soltando pipa, correndo, brincando e me machucando. Sempre fui muito arteiro”.

Wanheda continuou comentando sobre como suas experiências de infância são importantes e o influenciam até hoje. “Morava perto de uma favela, então sempre tomei muito cuidado. Infelizmente, via muita coisa errada acontecendo. E por conta dessas minhas experiências, eu desenvolvi meus próprios paradigmas e minhas filosofias, e acabo pensando diferente de muitas pessoas”.

O jogador da RED Canids Kalunga também falou sobre como era em relação aos estudos. “Sempre curti muito a escola, gostava muito de estudar e das pessoas. Minha matéria preferida era Educação Física, tanto que anos depois acabei fazendo faculdade de Educação Física. Inclusive eu teria me formado esse ano [2020], se não tivesse parado para jogar Free Fire”.

Antes do Free Fire

Wanheda continuou contando sobre seu trabalho e seus planos antes de descobrir o Free Fire. “Eu iria me formar para ser professor de Educação Física. De 2018 até 2019, eu dei aula em uma escola. Gostei muito dessa minha experiência”.

“Por influência do meu pai, quando era pequeno eu tinha o sonho de ser jogador de futebol. Caso não conseguisse, queria poder ensinar e instruir crianças da maneira certa, pois quando eu estava na escola, eu via uns amigos que jogavam muito bem e que tinham um futuro que acabavam indo para o caminho errado, das drogas e tudo de ruim que você possa imaginar”, disse Wanheda.

O jogador da RED Canids Kalunga continuou, “Então eu decidi que caso não conseguisse me tornar um jogador, gostaria de instuir e de dar uma base para as crianças em escolas, e ajuda-las da maneira que pudesse, seja financeiramente ou qualquer outra forma, para que não acabassem indo para o caminho errado igual aos meus amigos. Esse era meu objetivo quando decidi fazer Educação Física”.

Carreira como jogador de futebol e início no Free Fire

Wanheda contou sobre sua carreira no futebol, e como ela acabou o levando ao Free Fire. “Eu jogava futebol profissionalmente. Porém em 2017, quando eu estava no ápicce da minha carreira, a poucos meses de ir disputar a Copa São Paulo sub-20 [Copinha], acabei sofrendo uma lesão muito grave. Eu subi para cabecear uma bola, e quando pisei no chão eu rompi todos os ligamentos do meu tornozelo esquerdo”.

Wanheda
Wanheda quando jogava futebol

“Por conta da lesão, eu acabei ficando 6 meses de cama, sem nem conseguir tomar banho sozinho. Esse foi um período bem difícil da minha vida. E em novembro de 2017, eu comecei a jogar Free Fire. O jogo me ajudou muito na minha recuperação, pois eu tinha meu sonho de infância [de ser jogador] e estava batalhando por isso, e em um instante, por uma lesão, eu tinha perdido ele”.

“Fiz muitos tratamentos, mas mesmo assim até hoje sinto umas dores. Por medo de acontecer outra lesão, não voltei a jogar futebol. A pior parte foi quando visitei uma médica e ela me disse que eu tinha 80% de chance não voltar mais a andar”, contou o jogador.

“Hoje penso que tudo nessa vida tem um propósito. Se eu não tivesse me lesionado e deixado o futebol, não teria começado no Free Fire. Esse pensamento eu tento passar para todos que conheço e que me acompanham. Se hoje está ruim, outro dia, daqui a um tempo, você vai enxergar o motivo de ter acontecido aquilo. Seja bom ou ruim, tudo tem um propósito no final”, disse Wanheda.

Wanheda no Free Fire

Ele falou sobre como foi seu começo no jogo. “Eu comecei no beta do Free Fire. O gráfico era muito ruim, a jogabilidade era muito ruim, mas mesmo assim eu ficava o dia inteiro jogando. Eu tinha um Moto G4, que não era um celular muito bom, mas que rodava Free Fire bem”.

“Quando eu voltei a trabalhar, em 2018, não tinha mais tempo para me dedicar ao jogo da mesma forma que quando estava lesionado. Eu saía de casa às 5h da manhã para ir a faculdade, depois ia direto para o trabalho, e chegava em casa só às 22h:30, e ficava treinando até 2h da manhã. Eu tive essa rotina por uns 2 anos. De tanto que eu gostava do jogo, deixava de dormir para poder treinar e me dedicar ao Free Fire”, comentou Wanheda.

O jogador da RED Canids Kalunga contou que sempre se destacou nas ranqueadas do Free Fire. “Peguei mestre em todas as temporadas, e no começo era muito difícil. Para chegar nesse nível eram 2800 pontos, não tinha dobro de pontos, não tinha nada. Eu ganhava um ponto por partida e perdia milhões. Antigamente a jogabilidade era muito diferente e as pessoas levavam as ranqueadas a sério, pois essa era a nossa chance de jogar contra bons jogadores. Hoje em dia, quase todo mundo do cenário usa as ranqueadas para rushar e não para treinar e ganhar”.

Wanheda no competitivo

“Muita gente me pergunta sobre como entrar no competitivo. A resposta é a seguinte: tenha um diferencial na sua gameplay. Dar capa, subir gelo agachando e pegar kill, qualquer um consegue fazer. Então para ser reconhecido, você precisa ter um diferencial, algo que faça aquela equipe, guilda, etc, enxergar um motivo para te contratar, seja passando call, adivinhando safe. O Free Fire não é só tiro”, comentou.

Para Wanheda, ter um bom Macro no Free Fire as vezes é mais importante que a própria mecânica. “Eu acredito muito que para dar booyah em campeonato não precisa dar um tiro. Se você jogar na inteligência, pegar posicionamento e esperar o adversário errar, sempre vai ficar com mais recurso e possibilidades para vencer. É assim que jogo e sempre tento passar essa ideia para meus companheiros”.

Wanheda como coach e transição para jogador

Wanheda falou um pouco sobre como foi sua chegada na LOUD, inicialmente como analista. “Cheguei na organização por volta de agosto de 2019, e naquela época a LOUD estava atrás de um analista. Eu tinha muita amizade com a Voltan e ela indicou meu nome para fazer o teste. Lembro que eu fiz uma análise de como a NewX tinha conseguido vencer a segunda edição da Pro League, e o Ike, que era o coach, gostou muito”.

“Na terceira edição da Pro League, quando a LOUD estava indo mal na fase online, meu chefe me trouxe para São Paulo para ajudar a organizar o time, nos erros e nos acertos. O Will e o Shariin tinham acabado de chegar na equipe. Eles viram que eu consegui me sair bem na parte de estruturar o time e com isso, no começo de 2020, eu recebi a oferta de ser coach e de ser jogador”, lembrou Wanheda.

“Acabei aceitando a de ser coach da LOUD, pois naquela época eu jogava em um Moto G6, um celular muito abaixo dos outros, e por conta disso não conseguia treinar muito minha parte mecânica. Coloquei como objetivo para este primeiro split trabalhar, juntar um dinheiro e investir em um celular melhor, para que eu pudesse treinar mais e me tornar jogador para o próximo”.

Wanheda
Foto: Cesar Galeão

“Durante o split que atuei como coach, ajudava o time o dia inteiro, e treinava minha parte mecânica de madrugada. Foi nesse período que eu comecei a evoluir muito como jogador”, comentou Wanheda.

O jogador da RED Canids Kalunga contou sobre a campanha do título da Copa América que a LOUD conquistou no início de 2020. “Infelizmente eu não consegui pegar meu passaporte, então fiquei da minha casa ajudando e instruindo o Shariin por meio de ligações e de fotos. Todo intervalo de jogo o Shariin me ligava e eu passava o que tinha acontecido e do que podia acontecer, e graças a Deus, conseguimos sair com o título de campeão da Copa América”.

Wanheda
Foto/Reprodução: Garena LATAM

Ele também disse sobre como a posição de coach é desvalorizada aqui no país. “Eu vejo que a função de coach e de toda a equipe técnica é muito desvalorizada pelo público. Por mais importante que ele tenha sido na campanha do time, acaba não recebendo nenhum crédito nas vitórias e levando muita culpa nas derrotas. Isso se deve também a falta de profissionalismo de alguns coachs. Muitos querem só ficar postando foto no espelho e não em fazer um bom trabalho”.

“Essa desvalorização pode ser observada até no futebol. Quando o time começa a ir mal, mandam o técnico embora. No exterior, as equipes seguram muito mais para deixar o técnico implementar sua filosofia e seu estilo de jogo. Infelizmente aqui no Brasil não é assim”, completou.

A meta de Wanheda sempre foi ser jogador, por isso ele contou sobre como foi a transição para essa posição. “Minha meta sempre foi ser jogador. Usei a oportunidade de ser coach de um grande time para evoluir ainda mais minha visão de jogo e a parte de estratégia. Então por eu sempre ter colocado ser jogador como um objetivo em minha carreira, foi uma transição bastante confortável para mim”.

Wanheda disse estar bastante feliz e animado com esse seu novo início. “Não penso em voltar a ser coach. Eu gosto muito de jogar, de ficar emocionado, nervoso, feliz, alegre, a adrenalina é muito boa. Mas se alguma coisa acontecer e eu precisar voltar a ser coach, voltaria com o maior prazer”.

“Estou muito ansioso para jogar um jogo presencial com torcida. Eu acho que seria uma adrenalina, um apoio completamente diferente de jogar em casa, em stage só com os jogadores”, declarou o jogador.

Wanheda
Foto: Wanheda/RED Canids Kalunga

Mensagem de Wanheda para a torcida

“Queria agradecer a toda a torcida que está nos acompanhando e nos apoiando. Se nós não tivéssemos a ajuda de vocês seria muito mais complicado. Não desistam da gente, pois vamos trabalhar muito duro para trazer o título para a RED e para o Brasil. Obrigado por tudo, e amo vocês, torcida!”

Veja também: Relembre 5 BOOYAHS marcantes do Brasil

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Gustavo Koga
publicado em 6 de julho de 2020, editado há 4 anos

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