Pedro “Matsukaze” Gama está de saída da paiN depois de passar três anos na organização. Embora tenha enfrentado momentos ruins, como o primeiro rebaixamento da equipe ao Circuito Desafiante, o atirador é grato pela experiência adquirida nesse período.
“No fundo, qualquer despedida é triste, não tem uma saída, não tem o que fazer. A gente fica mal, mas paramos para refletir e percebemos que foi bom para a gente, como pessoa, como profissional. Esses três anos que fiquei na paiN agregaram muito para esses dois lados da minha vida. Só tenho a agradecer”, disse ao Mais Esports.
Ao lado da paiN, foi vice-campeão do segundo split de 2017, ao perder a final para a Team oNe, sendo esse seu ponto mais alto pelo período que ficou na equipe. No entanto, a ausência do título amargura a trajetória de Matsukaze pela paiN.
“É impossível eu dizer que me sinto satisfeito, principalmente pela ausência de títulos. Tiveram momentos bons, como o CBLoL que chegamos na final, mas é muito diferente falar que fui vice e falar que ganhei, tem muito mais peso. Fora que passei por muitos momentos difíceis na paiN, momentos conturbados que ninguém esperava que eu fosse passar e eu tava ali durante esse tempo e vivi isso”.
“É algo muito pesado para a carreira, porque eu entrei na maior organização do Brasil, não consegui título e passei por muitos momentos difíceis, como o rebaixamento. São coisas muito difíceis e que ficam marcadas na carreira. Olhando por um lado, é muito complicado, só que tiveram momentos bons também, apesar de não termos conseguido nenhum título”, completou o jogador.
Ao cair junto com a paiN, Matsukaze disputou pela primeira vez o Circuito Desafiante. A queda se deu um split após o vice-campeonato, no primeiro split de 2018. Mais de um ano depois do rebaixamento, o atirador lembra claramente de como se sentiu no momento da derrocada.
“Foi muito difícil. Eu fiquei devastado, sem chão, não sabia mais o que era certo, o que eu deveria fazer. Como eu falei, uma organização gigantesca, que só ganhava, sempre indo bem. Eu chego, a equipe tem uma fase boa, e um tempo depois somos rebaixados. Tipo, ‘cara, ferrou. E agora, o que eu faço’. Mas eu paro e reflito sobre o que eu poderia ter feito de melhor, é preciso fazer isso em qualquer situação”.
Já assombrado pela queda, o segundo split de 2018 marcou a primeira tentativa de volta da paiN ao CBLoL. Na oportunidade, foram derrotados para a Redemption na final do Circuito Desafiante e perderam para a INTZ no relegation.
Um semestre depois, o acesso ao CBLoL veio, acompanhado com o título. A paiN dominou o split do Circuitão, atropelou a Team oNe na final e voltou à elite do cenário nacional. Porém, ninguém se contentou com essa conquista.
“A gente ter voltado ao CBLoL não tirou o peso do rebaixamento, porque era uma coisa que nunca devia ter acontecido com uma equipe tão grande. Ninguém ficou satisfeito em ter voltado. Ninguém do time, da comissão, da organização. Todo mundo queria mais. Voltar ao CBLoL não foi mais do que nossa obrigação, assim como ganhar um título também era”, comentou Matsukaze.
Antes de entrar na paiN, o atirador passou por somente duas grandes equipes, a KaBuM Black e a KaBuM e foi escolhido o jogador revelação de 2015. No fim do ano seguinte, 2016, foi contratado pela paiN já como “jogador promessa”. Sem ter vingado até hoje, Matsukaze enxerga uma maior complexidade nessa questão.
“Isso é algo que as pessoas me cobram muito hoje em dia. Falam do ‘Matsukaze eterna promessa’, que nunca vingou, mas acho que pegam isso pelo lado negativo e pelo bruto. ‘O jogador jogou tanto tempo num time tão grande, com jogadores tão bons, nunca teve título, então ele é ruim’, mas a matemática não é simples assim. Eu tive momentos bons, jogando bem, mas também tive momentos ruins”.
Matsukaze continuará defendendo a paiN até o fim da Superliga, competição que a equipe disputará a final. No entanto, o elenco da organização para o próximo split do CBLoL já está fechado, com brTT, dois sul-coreanos e jogadores de alto nível em todas as roles, sendo assim considerada a equipe mais forte do papel no cenário brasileiro.
O jogador, que disse não poder dar spoiler sobre sua próxima equipe, disse não ficar chateado com a saída da paiN logo quando a organização investe firmemente em um elenco recheado de bons jogadores.
“Qualquer jogador tem vontade de participar de uma line-up forte, com investimento altíssimo. Se você perguntar para qualquer jogador, ele teria vontade de participar, estar nesse meio. Mas, independente do lugar que você esteja, é preciso fazer aquele lugar o melhor possível. Então eu não fico com raiva da paiN por estar investindo tanto”.
“Eu já vi esses comentários nas redes sociais, é besteira. Não fico com birra da paiN pelos investimentos que estão fazendo agora. Saí de forma limpa, de bem com todo mundo, sem problema algum”, continuou o atirador.
Visando o futuro, Matsukaze quer conquistar títulos, seja ele do Circuito Desafiante ou do CBLoL, mas deixa claro que o último é o que importa para sua carreira e o que ele mais almeja.
“Caso eu vá pro CD, com certeza seria melhor subir com o título, mas em primeiro ou em segundo, estaria subindo de qualquer forma, então é tão bom quanto eu diria. O título realmente importante para todos com certeza é o do CBLoL”.
“Como eu falei que não fiquei satisfeito quando subimos pro CBLoL, nesse caso eu também não ficaria. Tem que ter algo a mais, subir e jogar bem, chegar na final, ganhar também, é isso que todo player almeja. Chegar lá fora, mandar bem num campeonato internacional também, mas acho que é uma realidade que ainda não estamos tão perto”, disse.
Rumo a uma das temporadas com mais jogadores estrangeiros no Brasil, Matsukaze está animado para 2020. O atirador vê no ano a oportunidade das equipes e jogadores brasileiros aumentarem o nível e o conhecimento do jogo.
“Se Deus quiser, 2020 vai ser o ano que vamos impulsionar o cenário. Muito investimento, line-ups fortíssimas, imports relevantes. Disponibilizarão troca de conhecimento, aprenderemos um pouquinho mais da LCK, o que esses jogadores têm a trazer, melhorar a gameplay, noção de todo mundo e deixar de ser uma região tão fraca como somos hoje em dia. 2020 vai ser um bom ano para isso”.