O cenário competitivo de League of Legends no Brasil sempre foi marcado por nomes icônicos na posição de mid lane. Durante anos, o país foi considerado uma verdadeira “fábrica” de talentos nessa rota. No entanto, será que essa afirmação ainda faz sentido em 2025?
Assista ao vídeo completo sobre o tema:
A era de ouro dos mid laners brasileiros
Quem acompanha o competitivo há mais tempo certamente se lembra de nomes como Kami, Takeshi e Tockers. Esses jogadores foram responsáveis por construir a reputação do Brasil como uma região forte na mid lane, dominando o cenário nacional e representando o país em competições internacionais.
O legado desses três jogadores foi fundamental para consolidar a imagem do Brasil como uma região de mid laners talentosos.

Kami era conhecido por sua inteligência de jogo e capacidade de controlar partidas com um estilo mais estratégico e focado em tomadas de decisão.
Takeshi, por outro lado, se destacava pelo estilo agressivo e mecânica apurada, sendo uma referência em duelos diretos e jogadas de impacto.
Já Tockers trouxe uma abordagem mais moderna para o competitivo brasileiro, com um profundo entendimento do macro game e conceitos avançados de controle de mapa, além de ter sido o mid laner brasileiro que mais se destacou internacionalmente.

Entre 2013 e 2017, esses três mid laners protagonizaram as principais finais do CBLOL e influenciaram o estilo de jogo da região. O Tockers, inclusive, foi um dos poucos a demonstrar um desempenho internacional de alto nível, especialmente no Mundial de 2016.
Além deles, tinowns também começava a despontar, mostrando seu potencial e eventualmente se consolidando como um dos principais nomes da posição no Brasil. Esse período é amplamente considerado a “era de ouro” dos mid laners brasileiros, quando o país ainda figurava entre as regiões mais competitivas entre as chamadas minor regions.
Novas promessas e a estagnação
Após o “fim” da era de Kami, Takeshi e Tockers, novos nomes promissores surgiram, como dyNquedo, Envy, Goku e tinowns. Embora tenham brilhado em momentos específicos, como o desempenho de Goku no Mundial de 2019, nenhum deles conseguiu manter uma evolução constante internacionalmente.
De 2020 em diante, a sensação de estagnação ficou mais evidente. tinowns e dyNquedo dominaram o CBLOL, com presença constante em finais, mas enfrentaram dificuldades quando o assunto era competir em alto nível fora do Brasil. Talentos como Tutsz e Hauz mostraram potencial, mas ainda não conseguiram romper a barreira do “promissor”.

A chegada de imports e o impacto no cenário
Em 2025, jogadores vindos de outras regiões, como Cody e Mireu, rapidamente se destacaram no CBLOL, levantando uma questão importante: será que o Brasil ainda é uma região forte em mid laners? O sucesso imediato desses atletas evidencia uma possível crise de desenvolvimento de talentos locais.
A presença desses imports trouxe um novo fôlego competitivo, forçando mudanças nas dinâmicas das equipes e desafiando os jogadores brasileiros a se adaptarem e evoluírem. No entanto, isso também escancara a dificuldade do Brasil em formar mid laners capazes de competir no mesmo nível.

O impacto dos imports vai além das estatísticas individuais: eles alteram a forma como o jogo é abordado taticamente, trazendo novas perspectivas e estilos de jogo para o cenário nacional.
Não se trata de desmerecer nomes consagrados como tinowns e dyNquedo, mas é inegável que a falta de competição acirrada dentro da própria liga pode ter contribuído para a estagnação. A experiência internacional desses jogadores também revelou dificuldades para se adaptarem a metas globais e adversários de alto nível.
O futuro da mid lane brasileira
O problema parece ser estrutural, indo além da idade ou da longevidade dos atletas em atividade. Enquanto outras regiões continuam revelando talentos e evoluindo taticamente, o Brasil enfrenta um ciclo de estagnação, com poucos nomes capazes de desafiar o status quo.
Uma possível solução seria o aumento da presença de jogadores imports, o que poderia forçar a evolução dos mid laners brasileiros, seja através da competição direta por posições ou da troca de experiências em equipe.
Além disso, é fundamental investir em programas de base, com foco no desenvolvimento técnico e tático dos jovens talentos, promovendo torneios de base mais competitivos e incentivando o intercâmbio internacional.
Outro ponto importante é o papel das comissões técnicas e da infraestrutura oferecida pelos times. O suporte adequado em termos de análise de desempenho, coaching especializado e treinamento focado pode ser o diferencial para que novos mid laners brasileiros atinjam um nível competitivo internacionalmente.
No entanto, o cenário atual levanta uma dúvida pertinente: o Brasil ainda é a região dos grandes mid laners?
