A FURIA está classificada para os playoffs da LTA Sul 2025 e muito disso é graças ao Tutsz, que não morreu na vitória de 2×0 contra a RED Canids e vive um grande momento. O Mais Esports entrevistou o mid-laner com exclusividade pra entender mais dessa fase brilhante.
Você saiu do Academy da LOUD, foi pra FURIA, e a FURIA era aquele time simpático, que ganhava aqui e ali… Mas agora virou um time forte, e você é uma parte importante disso. Como é fazer parte desse processo?
Cara, eu acho que, de um tempo pra cá, eu me reinventei um pouco como jogador, sinceramente. Eu comecei a entender certos padrões, certos gatilhos que me fazem jogar bem, e outros que me fazem jogar mal.
De um ano pra cá, tenho dado mais prioridade pra estar em situações que me agradam, especialmente no draft. Passei a jogar mais com campeões que gosto — campeões proativos, que lutam bem. Sinto que reinventei meu estilo de jogo mesmo.

Sou um cara que não gosta de ficar só farmando no mid, sabe? Esses campeões que usei hoje, como Ryze e Ahri, são bem proativos, fazem o jogo acontecer. E isso tem dado certo pra mim.
Nos últimos dois splits, tive dois coaches fenomenais. O Westonway [Scott], me ensinou muita coisa sobre midlane, principalmente sobre early game, e eu carrego muito disso até hoje. E agora com o Thinkcard, que é um cara muito bom pra todo o grupo, ele fez a gente estar mais na mesma página.
No começo a gente tinha ideias muito diferentes — eu e o Tatu, por exemplo, tínhamos ideias muito diferentes – sinceramente acho que hoje a gente pensa muito igual e isso é mérito do Thinkcard. Acho que com o tempo, esses dois coaches foram fundamentais pra eu subir de nível e entender melhor meu estilo de jogo.

Esses “gatilhos” que você mencionou são coisas dentro do jogo, certo?
Sim, sim. Coisas dentro do jogo. Por exemplo, eu não gosto de ser um cara que só observa o jogo. Gosto de propor, de estar fazendo as coisas. Então os campeões com os quais tenho tido mais sucesso ultimamente — Ahri, Sylas — são campeões que propõem muito, com várias opções de jogada. Eu consigo jogar side, fazer jogadas explosivas… Acho que sou um player bem criativo, e isso ajuda bastante.
Você tem se inspirado em alguém de fora?
Desde o ano passado, eu conversava muito com o Scott sobre isso. Eu sempre gostei muito do Chovy, sempre achei ele incrível e fenomenal – realmente é, mas o Scott me disse que meu estilo de jogo é muito mais parecido com o do Scout — um cara mais proativo, que procura jogadas boas o tempo todo. O Chovy é mais focado em lane phase, em farmar, estar sempre bem no jogo.

Hoje, eu pego referência de lane com o Chovy, mas meu mid game é mais inspirado em times como a HLE, acho eles um time menos “LCK” e um pouco mais LPL. Eu sempre gostei mais do estilo LPL no geral. Gosto de jogar rápido, de tomar riscos — não riscos burros, mas riscos calculados, principalmente no early game propor mais. A LCK é mais confortável em farmar e esperar os dois itens. A LPL quer jogar o jogo desde cedo.
Você falou da HLE. Eu ia dizer que vocês são a HLE brasileira, mas fiquei com medo de sofrer hate no Twitter [Risos].
[Risos] Ah, eles são melhores, com certeza. E também são bem inteligentes no geral, talvez mais cautelosos.
Mas acho que o ponto em comum é esse jogo envolvente, de propor bastante. Você concorda com isso?
Sim. Eles têm laners fortes, como a gente na LTA. A gente tem três laners bons, eles têm três excepcionais. E se eles pegam vantagem, snowballam muito bem — como a gente faz aqui. Então faz sentido a comparação, com as devidas proporções.

E como é viver esse momento? Porque, de fora, assistir à FURIA é um prazer. O jogo de vocês é muito divertido. É divertido pra você também jogar esse estilo mais LPLizado, cheio de dopamina?
Com certeza. Como falei, sempre preferi o estilo LPL. A gente costuma trazer VODs pra assistir em grupo, uma vez por semana, cada dia é a vez de um jogador. E eu geralmente trago algo da LPL ou da HLE, eu presto muito atenção nas coisas early/mid-game deles. Gosto de ver como eles usam tempo, pressão no early game, essas coisas.

A gente tem essa pegada também — jogar com bot lanes fortes, com push no bot, fazer jogadas com isso. A ideia é jogar em cima de Tempo, dar B, abrir um lado do mapa, swapar a bot lane no momento certo. Agora o meta mudou um pouco, mas a lógica se mantém. É um jogo mais dinâmico que o da LCK, por exemplo, onde o planejamento existe, mas é mais contido.
Na LPL, o early game é sempre bem-planejado, tipo, sempre tem todo um plano que claramente eles são muito focados nesse early game e a pressão, e o que eles vão fazer, como eles vão conseguir essa pressão se eles não conseguem ela normalmente, e é algo que eu gosto muito. Até brinquei com a Ayu outro dia falando: você pode abrir qualquer early game da LPL e nos primeiros cinco minutos você já vai ver algo novo, algo genial que eles fizeram pra gerar pressão.

E você comentou dessa dinâmica de trazer VODs pro time todo que eu achei bem interessante. Como funciona isso?
Então, o Thomas [Thinkcard] organiza num quadro os dias em que cada jogador é responsável por trazer um VOD. Vai rodando — top, mid, ADC, suporte… Por exemplo, Guigo, depois eu, depois o Ayu. A gente traz algo que viu de fora e conversa um pouco, geralmente é uma dinâmica rápida, uns 10 ou 15 minutos.

Mas é muito útil, porque nos obriga a procurar coisas novas, discutir coisas que achamos importantes. Às vezes o Tatu traz algo que ele julga importante, que gostaria que fizéssemos mais, e aí a gente debate. Isso é fundamental, porque no meio do treino, se alguém faz uma jogada diferente, os outros podem não entender ou não se sentir confortáveis. Então discutir essas ideias antes ajuda muito no aproveitamento do treino.
Como você falou, vocês estão sendo esse time mais “LPLizado”, “HLEzado”… É divertido viver isso?
Com certeza. Eu acho que jogar um early game mais dinâmico, um mid game mais ativo, é muito melhor do que jogar um mid game travado. Por exemplo, eu sou um cara que odeia fazer trade. Odeio trocar gold, odeio quando os caras pegam uma torre e a gente pega outra.

Eu prefiro quando a gente consegue dominar o mapa inteiro e não cede nada pra eles, do que ficar trocando torre por torre — que é algo que acontece muito mais na LCK, por exemplo. Acho que pra gente, fazer trade é meio que o último recurso. Tipo: “ah, não dá pra defender de jeito nenhum, então vamos trocar isso aqui.”
Só que eu prefiro um jogo em que a gente consiga pressionar as lanes, abrir vantagem de gold e não dar nenhuma oportunidade pra eles do que aquele jogo mais travado, com trade, recall… não é tão legal. Acho muito mais divertido jogar podendo lutar, sabe?
Hoje já dá pra falar que o Tutsz é o melhor midlaner do Brasil?
Cara, eu acho que… sinceramente, tem jogadores imports muito bons. O Mireu, por exemplo, é um cara que mecanicamente, na lane, provavelmente é melhor do que eu hoje. Não tenho problema nenhum em falar isso. Ele tem uma lane muito forte e, mecanicamente, também é muito clutch. Mas talvez, se for pra inserir ele num time, ele não tenha tanto valor quanto eu. Esse é o argumento. Só que a gente nunca vai saber de fato isso, né? Porque é muito teórico.

Mas eu acho que, com certeza, eu tô ali nessa disputa. Acho que essa briga hoje é entre eu, o Mireu, o Cody num dia bom, e o Roamer, num dia bom também. Acho que esses quatro estão bem nivelados. Os outros, eu me vejo um pouco à frente.
Você comentou em uma coletiva que uma das coisas que você gostava muito no Thinkcard era que ele criava uns processos focado em fases do jogo.
Lembro que na época você disse que tinha que melhorar a transição do early pro mid-game. Como você vê esse processo hoje? E qual é o próximo processo que precisa melhorar?
Acho que a gente fez bem esse trabalho de melhorar a transição do early pro mid game.
Aquilo que falei de às vezes estarmos em páginas diferentes — hoje, acho que a gente tá muito mais na mesma página. E muito disso é por conta do Thinkcard.
No geral, tô bem feliz com o time e com como a gente tem evoluído nesse ponto da transição do early pro mid game. Acho que nosso planejamento de early game melhorou bastante. Ainda pode ser melhor, mas a evolução já é bem clara.

Agora, o próximo passo pra gente é garantir que nosso early game seja sempre estável. Principalmente na laning phase, acho que dá pra melhorar. Também no planejamento do comecinho do jogo, tipo os primeiros 4 minutos: o que a gente vai fazer, qual o nosso plano…
Acho que são coisas que a gente já faz bem, mas ainda de forma um pouco inconstante. Às vezes, a gente acaba saindo um pouco atrás. E tudo bem — até os melhores times do mundo saem atrás no early game e conseguem voltar pro jogo. Mas se a gente quiser ser um time realmente muito bom, a gente vai ter que ter early games sempre estáveis. Se a gente sair na frente, ou até empatado, a gente tem que conseguir jogar melhor que o outro time. Acho que isso é o mais importante pra gente hoje.
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