O Fluxo W7M sofreu um 0x2 contra a LOUD e o técnico Samyy contou em uma entrevista exclusiva ao Mais Esports sobre os problemas e possíveis soluções desta equipe.
Samyy, você sente que, depois daquele debate com o Marvin no vlog, mudou algo — para melhor ou para pior — dentro do ambiente?
Acho que sim, principalmente no quesito responsabilidade. Por exemplo, acabou o jogo de hoje, e acredito que todo mundo sabe onde errou. Então, a conversa é muito mais tranquila, porque o cara já sai do game sabendo: “não fiz minha função bem, tem algo errado”. Assim que chega em casa, a ideia já é revisar e entender o que poderia ter feito melhor.
Essa separação de funções faz com que a responsabilidade seja também individual. E o que é coletivo, a gente cobra coletivamente.

No jogo de hoje, vocês tiveram um bom início, é isso é o que costuma acontecer nos treinos? É esse o Fluxo dos treinos?
Sim, é uma conversa que a gente teve antes do jogo: tentar mostrar quem realmente somos, porque não vínhamos conseguindo fazer isso. Nos treinos, conseguimos impor esse early game forte. Se você pegar os jogos de hoje, tanto o jogo 1 quanto o jogo 2, saímos na frente. No jogo 1, o Pantheon sai com duas kills, estamos com o controle da larva, decidimos não finalizar as três para contestar o dragão deles. Estávamos com o controle.
A maioria dos nossos jogos começam com vantagem. Só que nos momentos decisivos — de lutar por uma área, fazer face check, entender onde tem visão —, sinto que os times com mais experiência lidam melhor.

Você mencionou esses momentos de transição. Quais são os principais erros que atrapalham o ritmo de vocês?
No jogo 1, por exemplo, o Marvin estava sem flash e andou no rio. O Redbert usou flash para pegá-lo bem quando queríamos lutar pelo terreno. O Pantheon estava pronto para jogar, o Azir com dois itens, muito forte… Essas jogadas quebram o nosso ritmo. Se conseguíssemos entrar no terreno, pegar o objetivo e manter o ritmo, o jogo seria bem mais difícil para o adversário no mid game. Mas a gente falha na transição desses objetivos e joga fora a vantagem que criamos no early game.
Foi assim contra a Pain, no dive no top, e contra a VKS, no dive no bot. Em ambos os jogos tínhamos uma vantagem de 2 mil de ouro, o que mostra que tínhamos força inicial.
Tudo isso faz com que o jogo resete, e correr atrás no mid game contra times mais experientes é difícil. Eles sabem trocar, puxar side, controlar visão melhor que a gente. O ideal seria conseguir transicionar melhor e carregar a vantagem do early game até o fim.

Tentando resumir… Qual é o principal problema do Fluxo hoje? Pelo que você disse, parece algo ligado à assertividade e experiência. Você definiria assim?
Sim, experiência conta muito, principalmente no alto nível. Temos jogadores vindos da Academy ou do Tier 2 que ainda sentem dificuldades em certos momentos, o que é normal.
Mas o time como um todo é muito inexperiente. Falta uma voz ativa como alguns times têm, alguém que consiga guiar com mais facilidade.O Ganks foi contratado para ser esse cara no early game, mas no mid game ele ainda não tem esse perfil de liderar. Então, nosso maior problema está no mid game. Falta essa liderança, essa atenção maior aos detalhes. Essa voz ativa é algo que estamos tentando desenvolver, mas ainda não tivemos o resultado desejado.

E quem poderia ser essa voz ativa? Você comentou na live que não pensava em mudanças, certo?
Sim, para esse split, não pensamos em mudanças. Temos conversado bastante com o Giggs e com o Gangs para que eles consigam manter a mesma proatividade do early também no mid game. Já notei uma melhora do Guigs na comunicação nos treinos — ele está muito mais ativo. Mas quando chega no stage, o cenário muda. Nos treinos, todo mundo se expõe mais e as lideranças acontecem naturalmente.
Se um cara sai 2-0 no early, começa a impactar tudo. Mas no stage o cenário é truncado, equilibrado, e é preciso mais paciência para lidar com as situações. Então, essas duas figuras — Guigs e Ganks — são cruciais para fazer o early game funcionar. E a comunicação dos solo laners também é muito importante no mid game, principalmente para controlar side lane e ajudar o jungle e o support a controlarem o mapa.
O que você considera uma “vitória” para o Fluxo além dos resultados em jogo? Ver, talvez, a evolução do Guigs como voz ativa ou ter o Fuuu como carregador sólido, já seria uma vitória?
Perfeito. Claro que vencer é importante, mas também queremos preparar um time que, mesmo que não seja o mesmo no próximo split ou ano, consiga evoluir e mostrar potencial. Por exemplo, dá para ver a evolução do Fuuu. Ele está sendo impactante no jogo, progredindo nas matchups, ficando forte e fazendo o que precisa ser feito. Ainda há coisas para refinar, mas ele está se tornando esse jogador.
O Guigs, estamos trabalhando a comunicação para que ele participe mais do jogo com a voz ativa. O Marvin, estamos tentando controlar a ansiedade dele em momentos decisivos.
O Hidan, precisa melhorar a comunicação nas sides. Estamos analisando cada peça individualmente também, para ver quem pode ser parte do nosso futuro.

Só voltando: esse momento atual estava dentro do risco?
Sim, 100%. Sabíamos que poderia acontecer, mas não esperávamos perder tantos jogos, e da forma que estamos perdendo. Isso foge um pouco do esperado. Sabíamos que seria difícil, mas não tanto. Estamos todos incomodados e vamos conversar para tentar reverter essa situação.
Para você, como técnico, qual é a chave que precisa virar agora?
Acho que é entender como funciona o stage e separar bem o treino do stage. Todo mundo está se dedicando, treinando e jogando muito. Estamos até poucos pontos atrás da Pain no solo queue, então não é questão de mecânica. A diferença está em identificar os cenários e saber lidar com eles.
E para isso, só com tempo de jogo, exposição a situações reais. Não temos alguém muito experiente no time que possa absorver os impactos e deixar os mais novos apenas jogarem. Se, por exemplo, o Marvin não precisasse falar nada e só jogasse, ele provavelmente renderia mais. Mas ele precisa se comunicar em momentos importantes, completar combos, preencher gaps… A comunicação é o que fecha esses buracos. E é nisso que estamos mais focados para virar essa chave no stage.
