É difícil encontrar palavras para definir o fim da temporada da FURIA após a derrota por 3-0 para a LOUD no 3º Split da LTA Sul 2025. A equipe, que vinha do título inédito na etapa anterior e de boas apresentações no MSI 2025, encerra a campanha com uma eliminação amarga — fora até mesmo do top-3 do torneio e, consequentemente, do Cross Conference.
Para Tutsz, mid laner da equipe, o sentimento é de decepção. Porém, segundo o jogador, a FURIA colheu o que plantou durante a competição, conforme revelado em entrevista exclusiva para o Mais Esports:
O 0-3, obviamente, foi péssimo, horrível. Mas, não sei… talvez a gente tenha colhido um pouco disso durante o split. Talvez, nesse split, a gente tenha se permitido errar mais do que no outro, porque já éramos campeões, coisa assim. A gente achou que ia voltar bem, mas acabou deixando escapar.
Confira, em vídeo e em texto, o bate-papo com o mid laner das Panteras, que falou sobre como encara o momento da mid lane no Brasil, que terá apenas estrangeiros representando a LTA Sul na disputa contra as melhores equipes da conferência Norte e o sonoro 3-0 para a LOUD:
Quando vocês perceberam que tinham problemas?
Cara, desde a semana em que a gente ganhou da Keyd, na última semana da fase regular — quando ficamos 2-1 contra eles —, a gente percebeu que tinha muitos problemas e os treinos já não estavam mais tão bons, sabe.
Eu, particularmente, já estava meio frustrado. Estava cansado de ter que passar problemas para vocês de novo, ter que conversar com todo mundo, resolver… Eu não sou uma pessoa que gosta muito de conflito, então evitava bastante. E nisso acabou que a gente foi piorando a cada semana, em vez de melhorar.
A gente foi errando mais coisas, não dava o nosso melhor para resolver isso, não dava a vida no treino. E, com o tempo, isso foi chegando no stage.
Essas últimas duas semanas de treino até foram boas, sinceramente — acho que a gente melhorou bastante o nível nesse período. Mas eu acho que acabou que a gente perdeu muito tempo nesse split, sabe. Acho que a gente se permitiu errar demais.

O formato curto acabou não dando chances para vocês se recuperarem, né?
É, tipo, parando para pensar que a gente está jogando desde o começo do segundo split, sem parar, eu acho que a gente ficou meio de saco cheio dos mesmos erros, das mesmas coisas.
E, como eu falei, eu particularmente também me incluo nisso de, sei lá, relevar um erro aqui porque “ah, ele já sabe, não vou falar” ou “ah, vou relevar isso aqui que eu estou errando porque não era para a gente ter feito mesmo assim”. Então acabou que a gente deixou de tryhardar para melhorar, assim, um pouco.

Muito se fala em ego na nossa região, principalmente em times campeões. Acha que isso atrapalhou vocês?
Cara, eu não diria que ego. Acho que foi mais uma situação de… talvez um pouco de ego de achar que a gente vai ganhar mesmo se estiver meio mal, talvez isso. Mas eu não acho que era tipo “ah, eu sou o melhor jogador da minha lane por muito, então vou ganhar de todos sem problema”.
Não era esse tipo de ego individual. Acho que foi mais ego como time, de achar que íamos performar independente de tudo.
E, para mim, o que foi mais determinante mesmo foi a perda de qualidade dos treinos que eu falei, junto com um pouco de fadiga. Porque, querendo ou não, quando você está treinando muito tempo sem parar, jogando muito tempo sem parar, acaba dropando um pouco a qualidade de treino. Acho que isso atrapalhou.
O que mais decepciona hoje: o resultado ou a performance ter sido tão abaixo?
Eu acho que os jogos foram melhores que contra a VKS, semana passada. Porque, mesmo sendo 3-0, 3-0, teve bem mais jogo agora. O jogo 1 estava no nosso controle, o jogo 3 estava no nosso controle, mas a gente acabou entregando. Acho que a gente não estava muito decisivo.
O que mais preocupa, sinceramente, é a gente acabar errando na hora importante. Sinto que aconteceu bastante: entregar o jogo, tomar decisão precipitada. Acho que, como time, a gente não foi muito maduro hoje. Isso é o que mais me preocupa — a gente ter sido meio inconsequente e indisciplinado nos momentos importantes.

Não teremos nenhum mid laner brasileiro no Cross Conference. Como você enxerga isso, em um ano com tantas aposentadorias marcantes?
Ah, eu acho que sobre os jogadores se aposentarem, é normal. É uma lane que requer conhecimento, querendo ou não.
Óbvio que um “rookie” pode performar bem individualmente, e se o time for mais experiente ele pode ser guiado. Mas acho que é uma lane que exige experiência, porque você está no meio do mapa. Mid e Jungle são muito importantes para saber como acontecem as coisas, jogar side.
Então é difícil aparecerem novos jogadores muito bons. Naturalmente, dyNquedo e tinowns já jogavam há bastante tempo e decidiram parar, seja temporariamente ou para sempre. Então acho que é natural. E os midlaners que sobraram, em geral, são imports ou jogadores que jogam há bastante tempo — com exceção do Fuuu.
Por isso, é natural buscar imports nessa lane, porque não tem tantos jogadores experientes com macro suficiente para jogar na LTA. E, querendo ou não, a maioria dos coreanos já tem um macro melhor, decisões melhores. A gente já testou rookies no mid esse ano e no ano passado, e acaba ficando devendo, porque o jogo não flui tão bem.
Mesmo sendo a maioria estrangeira, ainda tem o Kaze, que é da nossa região e pode ser considerado para a LTA Sul. Por exemplo, o Gryffinn conta como jogador da LTA devido à vaga Américas.
E o Kaze é muito bom e promissor. Apesar de ser novo para a gente, ele não é exatamente rookie, já jogava há bastante tempo na LLA. Então acho que é normal — hoje em dia temos poucos midlaners brasileiros, e com dois dos principais aposentando, a tendência é essa.
Queria que você falasse sobre o jogo 2, em que vocês tomam o backdoor. Como funcionou a comunicação?
Bom, o jogo 2 era aquele em que estávamos de Xin Zhao e Azir contra Renekton. O jogo estava bem difícil, mas eles deram uma entregada quando pegaram o Baron e morreram os cinco.
A gente poderia ter retomado o controle do mapa naquele momento, mas acabamos saindo da base, tomamos pickoff, morreram dois, eles pegaram a alma… já ficou mais complicado.
Depois, chegou no Elder, e eles deram backdoor. Era uma situação muito difícil, porque estávamos sendo empurrados nas três lanes. A gente nem tinha visão do objetivo para saber se eles estavam fazendo ou não. O Guigo acabou tepando, eu também, para tentar contestar, mas era complicado.

Sobre eles jogarem side, acho que mandaram bem. Mas também acho que no jogo 1 e no jogo 3 tínhamos bem mais liberdade para snowballar, e não aproveitamos. Acho que ficamos nervosos, indecisos, passando muita informação, sem decidir.
Quando dávamos o controle do jogo para eles, eles puniam bem e sufocavam a gente. Mandaram muito bem nisso.
Como você encara esses próximos meses de férias?
Cara, é muito difícil falar hoje, porque acabamos agora, finalzinho de agosto, e só vamos jogar de novo em janeiro. Então vão ser quatro meses. Vai ser complicado.
Mas eu acho que a gente tem que usar isso para melhorar, entender o que aconteceu, principalmente mentalmente. Porque as coisas de jogo mudam todo ano — meta, picks, etc. A gente pode olhar os erros individuais, entender o que aconteceu, mas erro de time é mais complicado, até porque nem sabemos se vamos estar os cinco juntos no ano que vem.
No geral, acho que precisamos encarar com maturidade. Entender que erramos, que estamos eliminados, e que temos que melhorar para voltar mais fortes no próximo ano. Não podemos deixar isso consumir a gente. Temos um tempo para respirar, assimilar melhor a derrota e tentar levar para um caminho positivo. Se ficarmos só pensando que foi horrível, não vamos melhorar. Acho que esse vai ser o ponto mais importante.
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