Após a classificação como seed 1 para os playoffs, o Cariok concedeu uma entrevista exclusiva para o Mais Esports. O jungler da paiN Gaming falou sobre fase atual, momento do time e expectativas. Confira abaixo em texto e vídeo o que ele falou:
Como foi a série de hoje? Foi tudo dentro do planejado?
Cara, não. Foi uma série bem nervosa. Em game, a gente estava tomando decisões muito ruins. Sinto que, individualmente, não foi um bom dia pra mim. Acho que estávamos um pouco afobados em várias decisões, o que acabou deixando os jogos mais difíceis. Mas acredito que vamos tirar bastante aprendizado dessa série.
Vamos conversar bastante, provavelmente levar uns puxões de orelha do Xero (risos). No fim das contas, poderia ter sido uma série mais tranquila.
A paiN sempre foi um time que dá bastante importância aos dragões. E hoje a FURIA parece ter atacado muito esse ponto. Vocês já esperavam por isso?
Geralmente é o contrário, né? A FURIA costuma givar dragão e jogar mais acumulando ouro. Não acho que tenha sido totalmente por acaso, mas também não foi algo que estávamos planejando. Estávamos um pouco dispersos nas partidas, e isso fez com que a gente deixasse escapar alguns objetivos.
No último jogo, por exemplo, eu falei com o time sobre como estávamos deixando a desejar no controle de dragões. Estávamos gastando recursos — os cooldowns — muito antes do objetivo, e quando chegava a hora, não tínhamos mais ferramentas. Acabamos olhando para jogadas que não eram tão necessárias.

No terceiro jogo, a gente entrou com a proposta clara de pegar mais dragões, porque o jogo fica bem mais fácil quando você consegue stacks desses objetivos.
Você comentou sobre algumas jogadas que não tinham tanto impacto. Aquelas tentativas no mid contra o Ayu, no jogo 2, seriam um exemplo?
Acho que sim. É sempre um dilema: o cara se “matou” ficando ali, será que vale ir pra cima e pegar a kill? Às vezes vale, e temos que jogar de acordo. O problema foi que a gente matou ele… e mesmo assim tentou pegar o Drake logo em seguida.
Quando você faz uma play, precisa adaptar o plano depois. Mesmo que a intenção inicial não fosse abandonar o dragão, às vezes é necessário. Hoje, a gente não quis abrir mão dos Drakes e acabou no pior dos mundos: perdemos o objetivo e ainda cedemos abates.
A segunda tentativa, principalmente, não foi boa. Quando eles estavam pressionando o mid, a gente foi em direção ao Ezreal — ele ficou 0/3 na hora. Foi um momento em que estávamos mais atentos, mas ainda não o suficiente.

Sobre o Draft, a gente viu bastante foco no Ayu, principalmente nos primeiros bans. Uma das prioridades da FURIA é ter pressão de botlane. Isso foi algo que vocês também tinham em mente?
Pressão de bot é muito importante, não só pra esses dois times, mas no cenário mundial. A bot press faz o jogo girar. Você consegue forçar swaps, controlar o mapa com muito mais facilidade. Os bans foram pensando nisso, sim.
Não exclusivamente no Ayu — que, aliás, está num bom momento, e a botlane deles é forte —, mas nosso foco era criar uma situação confortável pra gente conseguir pegar o que queríamos no bot. Acho que conseguimos boas matchups em todos os jogos, e isso facilita muito o nosso jogo. Os dois times estavam atentos nisso, dava pra ver que eles também estavam banindo voltado pro bot. Foi uma briga de prioridades espelhadas.
Desde que chegou o patch 25.09, eu notei que sua champion pool ficou mais agressiva. Isso foi algo do meta ou uma mudança sua como jogador?
Eu acho que é mais uma mudança do meta mesmo. Ainda jogo de tank, de jungler agressivo também, mas como o jogo está tendo muitas lutas, muitos skirmishes desde cedo, esses campeões que lutam bem estão sendo muito importantes pra controlar o ritmo.
Quando você domina a jungle, abre espaço pro time inteiro — em objetivo e território. A gente conseguiu abrir a mente pra isso. Claro que ainda posso jogar de tank, mas você sabe que vai encontrar algumas dificuldades.
A Sejuani, por exemplo, é uma exceção: mesmo sendo tank, ela luta muito bem desde o começo. E a gente tem feito boas escolhas no draft pra eu conseguir jogar agressivo. Acho que o Xero também está confiando mais, muito por conta do meu desempenho. Ele está me dando esse voto de confiança, e isso influência bastante. Então acho que é uma mistura: estou jogando bem e o meta também está me permitindo jogar esses campeões.

Qual foi a história da Pain nesse split da LTA Sul 2025?
A gente evoluiu muito. Tivemos uma curva de crescimento grande do começo até agora. É verdade que nas últimas semanas a gente tropeçou um pouco, não fizemos jogos tão limpos no stage. Mas nos treinos, o time está muito bem. No stage, às vezes estamos afobados, querendo forçar demais. Mas foi um split em que todo mundo conseguiu performar bem.
Hoje, eu tenho um time em quem confio muito. Sei que, mesmo se eu não estiver num bom dia, eles carregam. E se alguém estiver mal, eu também posso assumir a responsabilidade. A gente está bem completo. Agora é só fazer jogos mais limpos em série.
Está rolando a votação de MVP do split. Quem, na sua opinião, merece o título?
Cara, acho que joguei muito bem na primeira parte do campeonato. Mesmo com alguns tropeços nessas MD3, acho que ainda estou jogando bem. Claro que sempre dá pra melhorar, e eu estou bem pé no chão com isso. Mas eu me daria esse destaque, sim. Acho que mereço esse voto de confiança.

Pra fechar, o Titan comentou bastante sobre a relação dele com o Xero na coletiva. Como é sua relação com o Xero?
Nossa relação tem uma confiança mútua muito grande. Sinto que sou um dos jogadores que ele menos comenta durante o jogo, o que mostra que ele confia em mim pra fazer a jungle rodar. Essa confiança tem me dado liberdade pra jogar com mais campeões também. Antes, acho que eu não estava tão pronto — tinha problemas em skirmish, por exemplo —, então mesmo que eu pegasse algo novo, não conseguia executar bem. Mas agora sinto que conquistei esse voto de confiança. Hoje estou jogando com muito mais variedade.
Brinco até que sou o Xero dentro do jogo. Quando eu acho que uma play é certa, ele também acha. Quando acho que é errada, ele também. Parece que ele está jogando ali comigo. Eu gosto de jogar pra impressionar ele, mas é difícil arrancar um elogio. (risos)

A paiN é o melhor time da LTA?
Somos.
A paiN vai bater no NA?
Vamos. Porrada neles! (risos)
Algum recado final?
Sempre agradeço primeiro à torcida, porque eles são os mais importantes. Estão sempre aqui no stage torcendo por nós. Também agradecer à minha família, que estava aqui hoje. Ganhei por eles. E quero deixar claro: a gente está motivado pra melhorar.
Não estamos satisfeitos. Somos o melhor time, mas não queremos estagnar. Queremos evoluir e pensar grande. Ganhar aqui, mas também mostrar um bom jogo lá fora. Não quero que seja por acaso. Quero chegar numa final e dizer com confiança: “Vamos ganhar.” E jogar bem contra qualquer um lá fora, porque eu acredito que temos capacidade pra isso.