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O bloqueio mental da kt Rolster

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A primeira vez que ouvi falar em “bloqueio mental” foi em 2014, no cenário de Call of Duty. O jogador Matthew “FormaL” Piper usara a expressão para definir James “Clayster” Eubanks, um oponente de mesma role, que por um período não batia de frente com o primeiro. Depois, aprendi que o termo era muito popular na comunidade de Halo, especialmente quando se tratava de conexões de internet e registro de tiros.

Outro dia, refletindo sobre a kt Rolster, percebi que é justamente isso que o time desenvolveu ao enfrentar a temida SK Telecom T1. Seja com uma vantagem de 10 mil de ouro, uma composição de conforto ou a SKT na pior fase em muitos anos, eles simplesmente não são capazes de subjugar os tricampeões mundiais.

É curioso pensar que o time da kt foi montado com o objetivo de derrubar Lee “Faker” Sang-hyeok e companhia. Foi o primeiro real super time da história do League of Legends e conta com jogadores veteranos e triunfantes na forma de Song “Smeb” Kyung-ho, Go “Score” Dong-bin, Heo “PawN” Won-seok, Kim “Deft” Hyuk-kyu e Cho “Mata” Se-hyeong. Em teoria, só o mid laner e o suporte já seriam peças perfeitas para chegar à soberania do cenário. Isso porque eles já haviam conquistado a adversária em 2014, quando jogaram pela Samsung White. Aliados aos outros três, então, era apenas questão de tempo.

A line-up atual da kt Rolster (OGN)

Porém, na prática não é bem assim. Desde a formação dessa line-up, a kt não conseguiu vencer sua rival. Até agora foram cinco séries — sendo quatro melhores de três e uma melhor de cinco — , que somando levam à marca de 11–4 a favor da SKT. Todas as partidas de fase regular terminaram num 2–1 e a final do Spring de 2017 acabou sendo uma destruição por 3–0.

Faker disse em entrevista recente que “a kt estava mais ansiosa do que nós. Eles jogaram de forma diferente. Não pareceu a forma como a kt normalmente jogaria”. É esse o sentimento que eles passam em cada partida contra a SKT. Pode ser que a pressão de ter que ganhar da antagonista comprometa a tomada de decisão dos jogadores, uma vez que é muito comum vê-los exagerando em dives ou dando tunnel vision em determinados abates.

Reconhecidamente, a kt faz bons jogos e muitas vezes tem total possibilidade de vitória, mas no fim se afoba e entrega a liderança. Lances como a Onda de Choque de Faker em quatro jogadores, a perseguição no bot ou a falta de determinação para fechar jogos— mesmo tendo o Dragão Ancião e Barão—vêm em mente como razões pela quais o time ainda não derrotou a SKT.

A verdade é que talvez esse time nunca seja capaz de ser o absoluto número um, pelo menos não até arranjarem um psicólogo. Num mundo sem a SKT, com certeza, eles são os melhores e intocáveis. Cada um ganha sua lane com facilidade e, excluindo alguns tropeços, eles dominam a LCK. Mas como essa não é realidade, é difícil enxergar uma escapatória para esse frustrante bloqueio mental.

Quando observado de perto, o roster que antes parecia perfeito para destronar a SKT — devido a força e experiência em cada rota — agora destaca três jogadores com histórico ruim contra o time vitorioso. O primeiro é Smeb. Por mais que tenha sido considerado por muitos o melhor jogador dos últimos anos, em última análise ele não venceu Faker em séries de playoffs. Foram quatro encontros desde 2015, todos terminando em derrota. Até mesmo no Mundial de 2016, quando era favorito pesado para avançar para a final, não conseguiu aproveitar a vantagem por 2 a 1 na série.

Score, por sua vez, parece cair de nível em decisões e não só contra a SKT. O jungler — que há dois anos vem sendo considerado o melhor da posição — geralmente é o pilar da kt, distribuindo ganks e garantindo vantagens ao redor do mapa. A questão é que, mesmo sendo o jogador mais antigo em solo coreano, ele ainda não garantiu um título para si. Por isso, é frequente vê-lo sucumbindo a tensão e perdendo batalhas de Smite, vide a final do Summer 2016 contra a ROX Tigers, a mais recente partida contra a bbq Olivers e as partidas contra a MVP no Spring 2017. “Score, exceto quando está na final, é muito bom com o Smite”, Mata disse em entrevista pós-partida.

Por último, Deft é outro que desmorona sobre pressão. A opinião geral é de que ele tem um emocional fraco, principalmente quando se trata do Mundial. Seja em jogos de fase de grupo ou playoffs, ele explode em lágrimas no caso de derrota. O semblante do atirador também se altera durante as partidas, o que é visível quando a OGN ou SPOTV trocam para a câmera do player. Além disso, ao longo do ano nas partidas contra a SKT, Deft cometeu erros de decisão e mecânica, como quando usou Flash na direção oposta ao próprio time para tentar finalizar um abate ou quando deu facecheck na moita das acuâminas e entregou uma vantagem enorme de ouro.

Deft chorando após perder partida no Mundial de 2014 – Foto: Riot Games

Ainda há luz no fim do túnel, no entanto, para a kt Rolster. A Astralis, time dinamarquês do Counter Strike: Global Offensive, vivia um problema similar há pouco tempo: mesmo com uma estrela em Nicolai “dev1ce” Reedtz e em certos momentos total favoritismo para vencer, a equipe sempre falhava no Major, o Mundial do jogo. Depois de contratar uma psicóloga de esports, contudo, eles prosseguiram para não só vencer o sonhado campeonato como também se manter no topo do mundo por meses. Isso mostra que, caso a organização coreana providencie esse mesmo tratamento para os jogadores, é bem capaz que o bloqueio mental seja desfeito e eles enfim se elevem ao posto que todos esperavam.

Na madrugada do dia 19 de agosto, os fãs de LoL poderão acompanhar a sexta Telecom War de 2017. Na última, a kt desperdiçou a oportunidade de ser o primeiro time do mundo a se qualificar para o Mundial desse ano. Agora, eles enfrentam a SKT tendo mais uma chance de classificação direta. Uma vitória também significaria um ticket para final, onde encarariam uma Longzhu que já perdera de forma arrasadora na penúltima partida da fase regular. Fica agora a expectativa de qual kt vai jogar: a que despacha o adversário com um magnífico early game ou a que comete deslizes e entrega vantagens.

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Rick Birman
publicado em 17 de agosto de 2017, editado há 7 anos

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