Recentemente, deixei minha opinião sobre a maior novidade do Overwatch nos últimos tempos em uma coluna aqui do Mais e, sinceramente, imaginei que os novos conceitos acabariam por ali, sendo as mudanças de composições do meta e novas táticas as únicas grandes evoluções após a trava de 2-2-2. Entretanto, eu não poderia estar mais errado. Por quê? Sigma.
O senhor dedinho, pezinho, loucão ou, mais facilmente, o último herói lançado pro OW chegou quebrando paradigmas e propondo uma discussão refinada a respeito de um dos conceitos mais conhecidos e, até então, importantes do jogo no âmbito competitivo – a definição das funções de Tanque.
“Ué, Tonello, mas… não é tudo tanque? Tem vida e consegue chamar a atenção é tanque, não?”
De certo modo, sim. Porém, durante todo o período competitivo profissional do game após a trava de um herói único por equipe, a função de tanque foi divida em Tanque Principal – Main Tank – e Tanque Ofensivo – Offtank. Como padrão, Reinhardt, Winston e Orisa foram definidos enquanto Tanques Principais e D.Va, Zarya e Roadhog permaneceram como Offtanks. E, claro, as duplinhas foram formadas e apareceram profissionalmente na grande maioria das vezes: Rein de mãos dadas com Zarya, Winston voando com a D.Va e Orisa armando pro Roadhog puxar algum adversário. Composições com mais tanques apareceram e, claro, bagunçaram a definição proposta acima, mas nunca estiveram próximas de cancelar a validade dos termos padronizados pois era de consenso geral que, ao trazer três ou até quatro tanques pra jogo, as funções de certa forma “mudavam um pouco”, sendo mais específicas na hora da contestação de um terreno elevado ou de um território em específico. Além disso, tais composições usualmente utilizavam a famigerada estratégia de pedreiro – ataques em bloco, defesas em massa. Todos juntos, amassando qualquer coisa que viesse pela frente. Então, eram táticas diferenciadas e específicas, sendo que, quando a composição possuía dois tanques, a diferenciação sempre se dava entre Tanque Principal e Offtank.
• Explicando a diferença entre eles
O que faz um personagem ser considerado tanque é algo mais óbvio: altíssima quantidade de vida e alguma maneira de resistir a mais pancadas para poder invadir territórios – vida em forma de escudo, como a Zarya; armadura, como Reinhardt, Winston e outros; e habilidades de resistência, como a toxina do Roadhog. Ou, claro, vários desses juntos.
Entretanto, a diferenciação entre Main Tank e Offtank é um pouco mais conceitual.
Considerando que o papel do tanque seja de abrir espaço para que os causadores de dano e – o time em geral – consigam criar jogadas, conduzir o objetivo, adentrar um ponto e garantir eliminações, todos os heróis dessa função compartilham de uma característica em comum: dano razoavelmente bom a curta e, às vezes, a média distância. E isso, claro, para criar uma ameaça onde quer que o herói esteja, fazendo com que ele não seja uma bola de carne inútil ao entrar em confronto direto com o inimigo. Isso cria uma “bolha” segura para seu time, que é justamente o que chamamos de espaço controlado. Porém, a maioria dos heróis atira de longe, lança projéteis e alveja alvos que estejam muito distantes para uma marretada de Reinhardt, por exemplo. E é aqui que temos a grande diferenciação entre Tanques Principais e Tanques Ofensivos: Os Tanques Principais possuem escudos; os Offtanks, não. Ou seja: Os Tanques Principais quebram a linha de visão dos heróis inimigos que estejam posicionados ao longe, tentando alvejar a retaguarda de tal tanque. E fazem isso com escudos, claro. E são justamente os pilares de um ataque ou defesa pois, se não houvesse escudo, dificilmente uma equipe conseguiria entrar nos pontos de choque, pois seria mirada imediatamente por todos os heróis adversários ao adentrarem a linha de visão e… morreria. Com isso, cada tanque principal trabalha de uma forma: Reinhardt é mais lento porém tem um escudo resistente que caminha com o time; Winston possui altíssima mobilidade para ser um pouco mais agressivo em alvos de retaguarda, posicionando o seu escudo de maneiras diferenciadas, mas com o mesmo propósito de quebrar as linhas de visão iniciais; e Orisa é a mais estática de todas, controlando um território ao arremessar seu escudo e não abrindo mão dele.
E, enquanto os Main Tanks abrem tal espaço inicial, os Offtanks possuem mais dano e habilidades de proteção ou avanço para que lidem com inimigos que queiram entrar na “bolha” segura do seu time. Lembra que há pouco eu comentei sobre uma espécie de bolha que delimita o espaço seguro que sua equipe possui para trabalhar? Pois bem, se algum adversário quiser passar por ali na força, seja pulando, correndo, investindo… enfim, de qualquer maneira, é papel do offtank lidar com esse cara. Por isso, possuem habilidades protetivas – Matriz Defensiva, Bolhas da Zarya e até o puxão do Roadhog – que, ao mesmo tempo, são ferramentas para a aniquilação de um alvo em específico – Matriz Defensiva compra tempo pra diva lançar micro mísseis ou seus DPSs eliminarem o alvo, Bolhas da Zarya aumentam seu dano e concedem uma sobrevida a um aliado, e o puxão do Roadhog para o avanço e prontamente abate alguém.
Abaixo fica uma imagem na qual é possível entender exatamente o que estou falando.
• E o Wrecking Ball?
Bem… Digamos que o rato foi o primeiro a começar a quebra de paradigma, porque não possui escudo algum – no sentido de uma barreira à la Reinhardt, por exemplo -, mas é considerado Tanque Principal. E isso porque, exclusivamente, consegue negar as linhas de visão inicias sem a necessidade de um escudo, pois cria o caos saltando para cima do adversário e possuindo maneiras de sair rápido dali, chamando a atenção e criando um espaço imediato enquanto permanece vivo. Claro que, após o caos criado, é possível o adversário voltar para sua posição e alvejar o time do Wrecking Ball novamente, e é justamente por isso que composições trazendo Wrecking Ball usualmente também trazem DPSs com mobilidade e suportes que se virem sozinhos, pois o território comprado pelo Rato nem sempre dura muito. E, claro, levando em conta a definição acima, caso seu time dependa de um Wrecking Ball eliminando rapidamente alguém que entre na “bolha” de segurança ou protegendo um aliado… sua equipe tá na roça, pois o herói precisa armar muito bem suas jogadas e não consegue simplesmente reagir a um avançando do oponente.
• O efeito Sigma
Eis que chega o mais novo herói do Overwatch e, com ele, a estratégia principal do competitivo profissional: Dois escudos. Sigma e Orisa. E, com isso, toda a discussão que é o tema do artigo: Será que ainda podemos considerar Main Tank e Offtank? O 2-2-2 não faz essa diferenciação, cada vez mais vemos possíveis composições com mais escudos – como Reinhardt e Orisa na proteção abismal de um Bastion – e já vimos tentativas de estratégias sem escudos – como a antiga e impopular D.Va Roadhog para habilitar o Porcão a pescar alguém graças à Matriz Defensiva. Vale a pena insistir na definição? Vamos aos fatos.
O Sigma aparece normalmente nas mãos dos jogadores offtanks “de ofício”, pois caso seja necessário voltar à D.Va ou Roadhog, mantendo a Orisa, é esse cara que troca seu herói. Além disso, a jogabilidade do Sigma é mais parecida com o jogo frenético e que depende mais de mira de personagens offtanks.
Levando em conta a definição que apresentei no artigo, é possível dizer que o Sigma corresponde relativamente bem à questão protetiva dos offtanks para que seja possível punir um adversário na sequência – pois a realocação extremamente rápida e dinâmica do escudo do Sigma faz com ele possa utilizá-lo para bloquear pontualmente habilidades e proteger pequenos espaços na “bolha” do seu time, além de contar com o pedregulho para atordoar adversários e uma maneira de se defender sugando projéteis inimigos, o que também gera uma ameaça nos adversário a fim de barrar possíveis avanços -, mas na maioria das vezes é o responsável por abrir os pixels com seu escudo e comprar espaço inicial suficiente para que sua Orisa aliada lance uma barreira mais estática. Portanto, ele, de certa forma, exerce ambas as funções. E, claro, dependendo do restante da composição, o Parados da Orisa é o responsável por fazer a defesa da equipe enquanto o pedregulho do Sigma cria jogadas à frente. E, por conta disso, o paradigma da posição de tanque está começando a ser mudado.
E sim, o Sigma funciona com Zarya, por exemplo, em uma dupla mais padrão, colocando-se à frente e carregando a energia da Zarya com certa facilidade, mas seu escudo pequeno nem sempre é o suficiente para quebrar as linhas de visão necessárias para a equipe, o que, de acordo com o mapa, estilo de jogo e composição, pode ser pouquíssimo efetivo.
Com isso, a discussão permanece à tona e cada vez mais forte de acordo com o avanço da Overwatch League e seus playoffs: Devemos continuar separando a função de Tanque em Main Tank e Offtank? Outras composições com Sigma ou até mesmo os heróis mais antigos da posição conseguiriam adotar efetivamente combinações que não sejam as clássicas? Sinceramente, acredito muito na abertura cada vez mais das possibilidades do jogo, em especial após o 2-2-2 e creio piamente que em um futuro breve essa diferenciação será passado. E você? Quero saber sua opinião!
E não deixe de acompanhar a Overwatch League que já está nos seus playoffs gerais! O cronograma completo você consegue encontrar no Site oficial da Liga em português já com o horário de Brasília e os jogos você acompanha com a gente nas Transmissões em Português no Canal Oficial da OWL na Twitch! Espero geral por lá, espero seu comentário e até uma próxima! Abraço! :D