O conceito de meta game é sempre trazido à tona quando o assunto é competitivo profissional de algum jogo. E, claro, ninguém quer perder, então a evolução natural e necessária das escolhas feitas pelos jogadores dentre muitas possibilidades eventualmente vem a ser o que chamamos de… meta. É perfeitamente normal. Entretanto, às vezes a tática mais efetiva na maioria das situações é fortíssima. Não só prioritária e que pode trazer ótimos resultados, mas… brutal. Uma combinação quase sem pontos fracos. E, pelo tanto de vezes que eu citei a composição conhecida por GOATS nas minhas colunas aqui no Mais, provavelmente você já deve estar ligado no que é a estratégia de 3 tanques e 3 suportes mais famosa de todo Overwatch competitivo.
Entretanto, o próximo passo aparenta estar sendo finalmente dado, graças a uma heroína roxa, suas implicações estratégicas, novas opções e a abertura maior à habilidade individual. Então, partiu descobrir como o futuro próximo do Overwatch Profissional está se desenhando!
Após, ser criada por uma equipe das ligas de base do Path to Pro, que se chamava GOATS, a composição homônima tomou o cenário competitivo global, e a explicação do porquê foi dada há um tempo em um dos meus artigos no Mais. E agora, após bastante tempo, a entrada de Baptiste e mudanças graduais que afetaram diretamente a força da tática e aumentaram a força de outros heróis, como Orisa, Wrecking Ball e, principalmente, Sombra fizeram com que o rolo compressor do meta game esteja sendo cada vez menos utilizado, tanto por times mais fracos quanto por potências internacionais.
Por quê tanto destaque à utilização de Sombra? São vários motivos. Primeiramente, experimentos de composição com ela estavam sendo feitos desde o começo do ano, aproximadamente, porém a 3-3 com Zenyatta ainda era muito forte, causava muito dano e os combos de Surto de Grávitons da Zarya com Autodestruições da D.Va funcionavam bem até demais, facilmente limpando uma luta. Contudo, a evolução chegou, os times se prepararam melhor e praticamente pararam de ser aniquilados pelo combo citado acima, fazendo com que jogadores de D.Va criassem novas maneiras de utilizar sua suprema – para abrir espaço inicial, proibir o recuo adversário, pegar alguém de posição ou simplesmente comprar tempo com uma “nova vida”, por exemplo -, porém a possibilidade de colocar uma Sombra na composição era tentadora demais.
Ok, Sombra e Zenyatta na mesma composição pode deixar seu time sem uma taxa boa de cura, a não ser em situações específicas nas quais a equipe consegue se posicionar ao redor de pacotes de vida estrategicamente úteis. Portanto, que brilhe a estrela de Ana, uma das suportes que mais cura no jogo! Ainda assim, era difícil jogar decentemente com ela sendo que no time adversário havia uma D.Va para parar suas curas, granadas bióticas e até dardos soníferos, se necessário. Fora a Transcendência do Zenyatta inimigo que daria trabalho e seria melhor, em geral, que o estimulante da Ana. Com isso, a saída foi: hack na D.Va no mínimo sinal dela fora de posição, carregando o Pulso Eletromagnético de sua Sombra e liberando sua Ana para jogar e hack no Reinahrdt, quando possível, para acabar imediatamente com a principal barreira inimiga. Ou, então, pressão no Zenyatta, que morre facilmente para uma Sombra – mesmo que ela não tenha sua suprema – ou, ao menos, faz o inimigo usar recursos para salvar seu Zenyatta, o que enfraquece a linha de frente e ajuda a conter a agressividade iminente que times tendem a adotar quando estão contra uma equipe sem D.Va, pois não há Matriz Defensiva do outro lado para parar grande parte do dano.
Então, cada vez mais Sombras apareceram, graças à maneira inteligente de lidar com as D.Vas e à utilidade altíssima que a heroína oferecia, fazendo com que até a ciclagem de supremas fosse mais interessante, mesmo sem transcendência – que foi substituída pelo Estimulante de Ana – para segurar uma luta e dar tempo de sua Zarya, Reinhardt ou Sombra carregarem suas supremas. E, claro, pela utilização massiva de “Sombra GOATS”, como a composição ficou conhecida, o aparecimento de Anas ao invés de Zenyattas se tornou comum e, de certo modo, mandatório, já que a alta taxa de cura da heroína é importante para manter os dois tanques vivos, além do fato dela poder jogar tranquilamente sem D.Va do outro lado, armando jogadas com dardos soníferos, granadas bióticas e até mesmo estimulantes. Sem esquecer que Ana contra Sombra se vira relativamente bem ao invés de morrer que nem… deixa pra lá.
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— Los Angeles Valiant (@LAValiant) June 21, 2019
Tendo tal mudança em mente, o restante foi – e está sendo – desenvolvido pouco a pouco. Times escolhendo composições com três DPSs para jogarem espalhados, evitando um pulso eletromagnético rápido e pressionando a linha de frente adversária; Pharahs dominando os céus e criando jogadas, principalmente em primeiros pontos, a partir de estimulantes combinados com bombardeios, que são fulminantes e, de certo modo, forçam a equipe adversária a mudar de estratégia – seja pra Winston GOATS, dependendo do mapa, Pharah espelhada, Widowmaker e até McCree.
Com isso, a opção de GOATS permanece viável em alguns momentos mas já está sendo encarada pouco a pouco como passado, como uma tática defasada, facilmente cancelável quando a execução adversária de Sombra está em dia. Seja Sombra GOATS, Sombra e Doomfist com Zarya e Rein – à la Element Mystic, equipe coreana que inventou a composição e uma das poucas a utilizá-la bem -, Pharah e Sombra, enfim… tendo a mexicana, atualmente a visão geral é que, na maioria dos casos, o time com GOATS “pura” tem altas chances perder.
Além disso, os DPSs aparecem muito mais, seja em composições com três ou quatro deles ou em estratégias de Bunker. Ou até mesmo na tática bisonha da Florida Mayhem de trazer cinco DPSs pra jogo! Na Overwatch League!
Então, pra quem gosta de DPSs, a pool é vasta: Hanzo, Soldado, Bastion, Torbjörn, Junkrat, Genji – e o famoso combo com Pulso Eletromagnético da Sombra e Estimulante da Ana -, Ashe… praticamente a turma toda! Tá valendo tudo!
Os resultados na esfera profissional? Times zebras conseguindo melhores resultados – já que possuem ótimos jogadores individualmente, que podem fazer a diferença em uma jogada oportuna, mas que estavam, de certo modo, impossibilitados de fazer isso devido à natureza totalmente de trabalho em equipe da composição de três tanques e três suportes; Houston Outlaws se recuperando após duas fases horríveis, com direito à vitória pra cima da campeã da Fase 2, a San Francisco Shock; New York Excelsior colocando o SaeByeolBe, jogador de DPS Hitscan, na titularidade justamente por conta de sua Sombra; Los Angeles Valiant vencendo da Vancouver Titans com massiva utilização de Sombra; Shanghai Dragons se aproveitando de DDing e sua habilidade fora do comum com a heroína mexicana – e quem sabe a Spitfire fazendo o mesmo com o Guard; enfim… A tendência é o dano massivo. A tendência são os DPSs.
E é por isso que eu estou extremamente ansioso pelos playoffs da Fase 3 da Overwatch League, exatamente porque quero saber como que Titans e Shock, que dominaram os mata-matas anteriores com suas estratégias de 3-3 fora da curva, irão lidar com a nova onda estratégica, que força os adversários a entrarem no jogo de xadrez das composições ao invés de simplesmente sair da base tendo certeza do que encontrará. Vai ser um show à parte e eu quero ver todo mundo acompanhando juntinho com a gente!
E você? Gostou das mudanças? Achou que as zebras que estão acontecendo são sorte ou a revolução no meta? Conta pra mim!
E partiu acompanhar a Overwatch League na transmissão Oficial em Português, no Canal Oficial da OWL no Brasil, às quintas, sextas, sábados e domingos! Os horários podem ser conferidos no site Oficial da Liga, já devidamente na Hora de Brasília! Vejo vocês por lá e na semana que vem aqui no Mais! Abraço! :D