Desde que league of legends chegou a península coreana, Summoners Rift e o competitivo sucumbiram frente as capacidades brutais das equipes coreanas nas partidas.
A dinastia de equipes coreanas reinando no competitivo, instaurada após a popularização do jogo na segunda temporada, foi desafiada em diversos momentos, inicialmente pelas europeias Moscow Five e CLG.EU, passando pelos desafiantes asiáticos como WE e TPA, tendo recentemente enfrentado seu maior desafio com o êxodo de seus jogadores e a ascensão chinesa com a EDG.
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Após todos esses desafios, a Coreia do Sul reina suprema ostentando 3 títulos mundiais e mantendo sua força apesar do êxodo, com novas promessas como CoCo, Key, BDD e Scout garantindo que a região se mantenha soberana na produção de talentos.
Até aonde se sabe os coreanos não são geneticamente superiores aos nacionais de outras regiões e não desenvolvem naturalmente uma capacidade mágica de dizimar os adversários em jogos, então após tanto tempo de domínio no competitivo, é natural se perguntar: Por que os Coreanos?
Cultura
Quando pensamos em algum aspecto cultural que se sobressaía no Brasil, o jeitinho brasileiro vem à mente, a habilidade de criar soluções não convencionais e ir levando as coisas na tranquilidade. Na Coreia, quando pensamos em um aspecto cultural marcante, o que se sobressaí é uma pressão extrema por parte da sociedade para que a pessoa seja o melhor possível no que faz.
Essa pressão que existe dentro da Coreia acaba tendo consequências bem complicadas, proporcionando ao país a segunda maior taxa de suicídios anuais do mundo, uma estatística que não deveria estar presente em um país desenvolvido, que ocupa a 17 posição no ranking planetário de IDH. Essa péssimo traço levantado na sociedade coreana acabou influenciado até mesmo no competitivo de League of Legends, quando o player Promise da AHQ Coreia pulou de um edifício após denúncias de matchfixing e as apresentações ruins da equipe.
Contudo, essa pressão acaba motivando a pessoa a ser o melhor no que faz e buscar se aperfeiçoar, ainda mais quando ela busca um caminho profissional que não é convencional, então se você vai abandonar uma trajetória profissional regular para se dedicar a um jogo, é esperado que você seja extremamente bom no jogo.
Essa pressão para se dedicar e aprimorar no jogo é facilmente verificável quando avaliamos o jogador normal coreano: enquanto no Brasil 34,48% dos jogadores ranqueados são Bronze, na Coreia apenas 28% tem essa classificação segundo o lolsummoners.
Essa mentalidade de constantemente se aprimorar e buscar ser o melhor sempre é incorporado ao competitivo, então nós temos pessoas como Faker, que após seu segundo título mundial não buscou descansar do jogo e regressar somente após o retorno das filas ranqueadas da próxima temporada, muito pelo contrário, o jogador continuou treinando e hoje ocupa a 1ª posição na SoloQ coreana, sendo que ele terminou a temporada regular como diamante devido ao tempo na Europa para o mundial.
A Ever, equipe coreana que recentemente ganhou destaque após a vitória na KeSPA Cup e na IEM Cologne, é outro exemplo dessa constante busca por aperfeiçoamento mesmo em momentos menos vitais: Após a derrota nos classificatórios para a LCK, a equipe procurou desenvolver sua estrutura, reformular parte da equipe e treinar com dedicação para um torneio de menor importância como a KesPA Cup, o resultado? Athena hoje joga pela gigante EDG, Key e Loken adquiriram um valor muito grande pelas suas exibições na pré-temporada e todo o time deve receber ótimas propostas, fruto da sua dedicação mesmo após um fracasso.
Outra parte importante da cultura coreana é o respeito que se tem para com as pessoas mais velhas e seus superiores, o que auxilia Técnicos e Analistas a exercerem autoridade e não apenas poder sobre seus jogadores, facilitando a eficiência da estrutura.
Estrutura
2 reservas aptos e uma staff de qualidade, SKT 2015
A Estrutura coreana é o elemento que mais se discute toda vez que o sucesso coreano é abordado, e verdade seja dita, ela realmente importa. KkOma, treinador da SKT até hoje, chegou na organização em dezembro de 2012, sendo que apenas em 2016 que a posição de Técnico passou a ser obrigatória presencialmente para as equipes do CBLOL, ou seja, fazem 3 anos que a maior organização coreana convive com seu Coach enquanto equipes como a Kabum e a G3X terão apenas agora esse suporte.
A presença de Coachs e Analistas são elementos que já foram transportados para o ocidente, e atualmente a maior parte das equipes tem acesso a esse tipo de apoio, contudo existem outros elementos da estrutura que ainda não estão presentes no cenário ocidental. Elementos como psicólogos, pessoas responsáveis por cuidar da alimentação e da limpeza do ambiente, managers de qualidade e outras pessoas das equipes de apoio ao profissional ainda são escassos fora do competitivo asiático.
Outro importante aspecto da estrutura é a incorporação de outros jogadores a organização, e não estamos falando aqui de reservas diretos ou streamers, e sim de membros que mesmo sem poder jogar podem futuramente fazer parte da equipe, e mesmo quando não o fazem, auxiliam o ambiente competitivo ao compartilhar suas perspectivas sobre o jogo e treinar matchups ou simulações que apenas outro jogador de alto nível poderia proporcionar. CoCo e Faker são os melhores mid laners atuais da Coreia, mas ambos possuíam em suas organizações os próximos talentos da mid lane em BDD e Scout, e ao mesmo tempo que auxiliavam em sua formação compartilhando conhecimento com esses futuros profissionais também aprendiam com eles.
Soloq
Sky, da Soloq para a rota do meio da CJ Entus
A Soloq coreana é tradicionalmente considerada a melhor Soloq do mundo, sendo comum jogadores de outras regiões irem para a Coreia vivenciar esse ambiente mais saudável da Soloq, e existem alguns motivos importantes para esse espaço considerado pouco importante no competitivo em outras regiões ser uma importante elemento para o sucesso coreano .
Além da já comentada pressão cultural por se aprimorar, existem outros motivos pelos quais a Soloq Coreana é um ambiente mais competitivo, lembrando que nesse caso específico comentamos apenas de aspectos presentes nos elos mais altos (D2-D1-Master-Challenger).
A possibilidade de alguém sair diretamente da Soloq para se juntar a uma equipe de alto nível é prática comum dentro do cenário coreano, algo muito mais raro em outras regiões que valorizam mais a experiência competitiva em cenários amadores ou desafiantes, dessa forma, muitos jogadores acabam se dedicando a Soloq na busca por uma equipe que ofereça a ele a estrutura que ele precisa para seguir evoluindo.
A baixa presença de streamers voltados apenas ao entretenimento também é um fator que eleva o nível da Soloq Coreana, visto que os jogadores respeitam mais o ambiente e não vão jogar de Lux na Selva apenas por que um fã doou uma certa quantia pedindo isso. O fato de não estarem constantemente fazendo streams também garante que os jogadores se cansem menos e se foquem apenas em fazer a jogada, não perdendo o tempo necessário para explicar ela com simplicidade, além de garantir uma redução naqueles momentos em que o streamer se foca exclusivamente em tentar uma bela jogada independente dos outros fatores do jogo que são negligenciados apenas por que seu top laner queria tentar reverter um gank 1×2 jogando de Riven.
Herança de outros jogos
O LoL pode ser um fenômeno relativamente recente dentro da Coréia, mas o país criou desde o início do Starcraft uma cultura voltada ao apreço pelo esporte eletrônico, ou seja, quando se iniciou a transição para o League of Legends já existia uma estrutura social muito mais disposta a aceitar estrelas de 20 anos que passam a maior parte do dia jogando computador.
Mais do que apenas uma aceitação social, o histórico com outros jogos proporcionou canais de TV dispostos a transmitir o jogo e aumentar sua exposição e arrecadação, proporcionou uma seriedade desde o início na produção de conteúdo e nas transmissões das partidas, e garantiu que carreiras como técnico e analista de esporte fossem vistas sem uma grande dose de suspeita.
O Futuro?
Não se sabe se a supremacia coreana será mantida em 2016, contudo é fácil imaginar que outras regiões tentarão se adaptar a essa profissionalização maciça do competitivo e buscar copiar alguns desses elementos expostos aqui. Contudo a Coréia não é estática em sua estrutura e qualidades, que continuam avançando diariamente, então as outras regiões terão um trabalho ainda maior na busca pela Summoners Cup.
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