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Schaeppi fala sobre ingresso na Kings League, carreira e criação de conteúdo no Brasil

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Tácio Schaeppi é uma das vozes da transmissão brasileira de League of Legends há uma década. O narrador não só empresta sua voz para as principais partidas do jogo no Brasil, como também traz sua visão fora dele — em entrevistas, podcasts, e conteúdos que dão mais contexto para os fãs de LoL.

Porém, após 12 anos de carreira, o narrador tem se aventurado em outros campos que não são os da justiça — e sim, os de futebol. Mais precisamente, o fut7, onde é um dos narradores da Kings League Brasil, torneio que engloba regras inovadoras e personalidades, como Neymar, Ludmilla, Gaules, entre outros.

Em entrevista exclusiva para o Mais Esports, o caster falou sobre como tem se sentido em sua nova fase da carreira, e como tem sido dividir o backstage com grandes nomes da TV e do Rádio, como Ulisses Costa:

O pessoal me recebeu super bem. Foi uma surpresa muito positiva. Desde a equipe de produção do Podpah e da Madhouse TV até todo o time da transmissão. (…) Desde o primeiro dia, todo mundo foi muito receptivo, me deu dicas, conversou comigo.

Então, está sendo uma experiência excepcional. Eu realmente me sinto valorizado e acolhido. Mesmo com 12 anos de profissão, entrar no futebol é uma novidade para mim. E está sendo incrível, muito por conta da abertura e do carinho que estou recebendo desde o início.

Alçando voos para outras modalidades e buscando diversificar seu calendário enquanto narrador, Schaeppi relembrou um pouco do começo de sua trajetória, quando o casting era um mero sonho — que foi se tornando realidade com esforço, e em uma realidade diferente da vista atualmente:

No começo era tudo muito amador — eu fazia basicamente o que faço hoje, mas com estrutura quase nenhuma. Meu quarto era meu estúdio: um computador, uma tela só, microfone ruim, improviso total. A gente fazia por paixão e colocava dinheiro do próprio bolso, acreditando que aquilo um dia daria certo.

Eu ainda morava em Salvador, pedia licença do trabalho como advogado pra vir a São Paulo acompanhar campeonatos, dividir apartamento com várias pessoas e dormir no chão só para conseguir viver disso.

Foto de Schaeppi narrando na LTA Sul 2025.
Foto: Reprodução/LTA Sul Flickr.

O narrador ainda falou sobre como enxerga a produção de conteúdo no LoL brasileiro, e criticou a busca constante sobre números e views. Schaeppi pondera que entende — todos precisam pagar as contas. Porém, se entristece em ver que a maioria dos streamers se limitou a fazer algo mais raso:

Eu sempre quis fazer conteúdo mais profundo. Me entristece um pouco ver que, no Brasil e até no mundo, o conteúdo sobre LoL e esports acaba sendo muito focado na zoeira e no entretenimento raso. “Ah, você ta falando do Ilha das Lendas” — não. Falo de todos. Todo mundo seguiu por esse caminho.

Infelizmente, vejo que muita gente que antes fazia esse tipo de conteúdo mais sério acabou se rendendo à comédia e ao entretenimento puro, porque é isso que dá dinheiro. Até nomes como Revolta, Tockers e Kami, que antes eram conhecidos por um tom mais sério, hoje também seguem esse caminho.

Eu entendo — todo mundo precisa pagar as contas. Mas eu sigo tentando equilibrar minha agenda: minha prioridade é narrar, claro, mas o conteúdo mais analítico continua sendo um pilar importante pra mim.

Por fim, Schaeppi ainda falou sobre seu processo de mudança nos hábitos de vida após sua cirurgia bariátrica, e como se orgulha de ter inspirado outras pessoas no processo:

Perder metade do meu próprio corpo — de 170 pra 84 quilos — foi só parte da história. O mais importante é saber que consegui sair da inércia e, com isso, ajudei outros a fazerem o mesmo. A obesidade não tem cura, é uma doença crônica, psiquiátrica, e as recaídas existem.

Foto de Schaeppi na torcida da LTA Sul 2025.
Foto: Reprodução/LTA Sul Flickr.

Confira mais trechos da entrevista com o caster abaixo.

Como está sendo narrar a Kings League?

Está sendo um processo muito legal e interessante, porque, de certa forma, parece que estou recomeçando minha carreira.

Estou lá no Podpah com o pessoal da Madhouse TV, e minha equipe de transmissão já é super experiente no mundo do futebol. Por exemplo, um dos meus comentaristas é o Ilsinho — ex-jogador do São Paulo, jogou no Shakhtar Donetsk, foi convocado para a seleção brasileira… uma lenda, realmente.

Outro comentarista é o Souza, também um ex-jogador absurdo. Tem o FutBlack, que é atleta de fut7, e o Gonze, que tem um canal enorme. Ou seja, lá eu sou o novato. Isso me dá uma sensação parecida com quando comecei em 2013. (…) Está sendo uma experiência excepcional.

O que mais mudou, para você, em termos de carreira, e da transmissão do League no Brasil?

Mudou absolutamente tudo. Hoje em dia, é completamente diferente. A estrutura da Riot é uma das melhores do país — melhor do que a de muitos canais de TV. Temos uma equipe gigante por trás, com cerca de 200 pessoas envolvidas, trabalhando o tempo todo para entregar uma transmissão que é referência no mundo.

Quando levo alguém da área de audiovisual lá, todo mundo fica impressionado. É outro nível, tanto em equipamento quanto em talento.

Várias vezes, ao longo desses 10 anos de “Era Estúdio”, desde 2015, os rioters de fora vêm até aqui para ver como a gente faz. Eles ficam loucos: “Como é que o Brasil consegue fazer isso? Como essa torcida é assim?” E, de fato, a comunidade brasileira fez o LoL crescer como cresceu.

A nossa qualidade de jogo pode até ficar abaixo, mas em dar show, ninguém bate a gente. Com toda humildade e respeito aos rioters do mundo todo, o Brasil dá um show como estrutura — e de longe.

Schaeppi na cabine de casting com Takeshi e Loop.
Schaeppi, à esquerda, com Takeshi (centro) e Loop (à direita), no casting da LTA Sul. Foto: Reprodução/LTA Sul Flickr.

Mesmo com o ingresso na Kings, pretende continuar fazendo conteúdo mais sérios, tanto sobre casting, quanto entrevistas e afins?

Esse é um assunto super interessante, que eu poderia ficar horas falando sobre. (…) Eu não pretendo me render a fazer só conteúdo de entretenimento, porque eu acredito que eu tenho… E as outras pessoas também, aqui no Brasil, têm a entregar um conteúdo de qualidade mais profunda e eu gostaria de ver isso.

Os formatos mais sérios acabam ficando de lado. Meus conteúdos sempre tentaram fugir desse lado — mesmo quando têm momentos leves, o foco é trazer algo mais analítico, mais pensado.  Desde o Podcaster, em 2017, até agora com o FaceCheck, eu sempre busquei entender as decisões por trás dos jogadores, das organizações, dos casters.

É por isso que o FaceCheck agora vai virar um podcast diferente, mais pessoal, mais intimista. Em vez da pessoa ir até um estúdio, eu vou até a casa dela, pra ela se sentir mais à vontade. A ideia é falar do momento dela, do que ela quiser, com profundidade.

No fim das contas, o que eu quero é ajudar a galera a formar uma opinião com base em informação real. Não quero dizer o que pensar, mas quero oferecer dados, entrevistas, visões diferentes para que a pessoa tenha base. Um exemplo disso foi com o Aegis, que muita gente achava que mandava na RED.

Fui lá, entrevistei ele e a galera da organização e trouxe outra perspectiva. Agora estou fazendo isso também na Kings League, com um novo programa na MadhouseTV, junto com o Podpah, onde vamos debater os fatos da semana. Esse sempre vai ser meu papel, de entregar informação com embasamento.

Schaeppi como caster.
Foto: Reprodução/LTA Sul Flickr.

Como foi, para você, interromper o MD3?

O FaceCheck não veio para substituir o MD3, porque são projetos diferentes, de casas diferentes. O MD3 surgiu como sucessor espiritual do Combo, nosso antigo podcast. Minha trajetória com podcasts começou lá em 2017 com um programa só de áudio, focado em LoL.

A gente teve muitas conquistas com o MD3, coisas realmente inéditas no mundo dos esports. Por exemplo, fomos o único produto não-Riot a estar num evento internacional da Riot, cobrindo ao vivo o Lock-in do Valorant.

Mas como todo projeto de nicho, chegou um ponto em que sentimos que estávamos esgotando as pautas. A gente tentou falar de outros jogos, trouxe convidados de Dota, CS, Fortnite, Free Fire, mas a verdade é que só LoL dava número.

E no fim das contas, como éramos contratados, os números precisavam vir. Além disso, o MD3 estava num canal maior com múltiplos programas e uma equipe reduzida — o que exigia muito esforço nosso, principalmente meu, do Prieto e do Djoko, para manter a qualidade no ar.

Tentamos reformular com o carro andando, mas sem a equipe certa pra isso, era difícil. Ao mesmo tempo, a vida pessoal de cada um também começou a puxar: o Prieto com a Seven Kings, o Djoko com o Honor of Kings, e eu focando mais nas narrações e na produção de conteúdo, além, agora, da Kings League.

Com o tempo, isso tudo foi afetando tanto nossa motivação quanto a qualidade do conteúdo. Os números caíram, as ideias travaram, e a gente não via o programa avançando como antes.

Tivemos conversas maduras com o Flow, e ficou claro que, se um dia voltarmos, precisa ser com um formato novo. Enquanto isso, criei o FaceCheck pra manter vivo esse lado comunicador que eu amo. É mais curto, mais íntimo, e uma forma de continuar fazendo o que eu gosto, do meu jeito.

Combo PodCast Schaeppi pietro e Djoko
Foto dos integrantes do antigo Combo Podcast, que seria o MD3. Foto: Reprodução/Redes sociais.

Quais são seus próximos objetivos de carreira? Tem alguma modalidade que você sonha em treinar?

O meu maior desejo é ter um calendário bem diversificado como narrador — estar narrando de segunda a segunda, com diferentes modalidades, esportes e formatos. Hoje, estou com a LTA e a Kings, mas já tenho conversas encaminhadas pra incluir mais um esporte tradicional.

O meu plano é ir abrindo esse leque cada vez mais. Eu nasci no LoL, como narrador, e não quero sair dele. Quero continuar firme nos campeonatos da LTA, Super Semana, Mundial, MSI… Amo o LoL e quero continuar sendo uma das principais vozes dele no Brasil.

Mas também amo esporte no geral, e por isso tô investindo em outras frentes. Meu grande sonho é narrar na NFL — sou apaixonado por futebol americano. Além disso, gostaria muito de entrar no futebol tradicional e no basquete.

Em ordem de prioridade, seria NFL, futebol e basquete. E, claro, outros esportes eletrônicos também me interessam, desde que façam sentido pra minha agenda e meu nível de preparo. Não quero fazer só por fazer. Qualidade pra mim é essencial, e não dá pra se perder abraçando tudo ao mesmo tempo.

Enquanto o LoL me quiser, eu quero estar lá. Mas também preciso pensar no futuro. Tenho quase 40 anos e sei que o mundo dos games é instável. Jogos vêm e vão. O LoL é um ponto fora da curva em longevidade, mas não sei até quando ele vai durar.

Por isso, quero seguir com o LoL até o último suspiro dele — quero estar segurando a mão dele até o fim — mas também preciso construir uma base sólida em outras áreas. Penso no meu futuro, em ter uma família, em construir uma vida.

E pra isso, preciso estar preparado, me abrir a novos caminhos e continuar evoluindo como profissional e como pessoa.

Foto de Schaeppi posada.
Foto: Reprodução/LTA Sul Flickr.

 

Por fim, você sempre foi muito vocal sobre a mudança do seu estilo de vida. Acha que esse é um dos seus maiores legados para quem te acompanha?

Depois da bariátrica que fiz em 2020, muita coisa mudou na minha vida — principalmente minha relação comigo mesmo. Antes disso, eu estava com 170 quilos, sofria com síndrome do pânico e transtorno de ansiedade generalizada, e minha autoestima era quase inexistente.

Tinha vergonha de mim, evitava me expressar através das roupas, dos acessórios, do meu visual. A cirurgia foi uma virada de chave para salvar minha vida, e o impacto estético veio depois como consequência, mas foi gigante. Hoje em dia, as pessoas percebem esse novo lado meu e até comentam — e isso mexe demais comigo.

O mais louco é o quanto minha jornada tem inspirado outras pessoas. O retorno que recebo quando posto algo relacionado à minha vida fitness é surreal. Nada que publiquei de LoL ou futebol chegou perto da quantidade de mensagens que recebo quando compartilho minha rotina de treinos, alimentação ou consultas médicas.

Todo dia alguém aparece dizendo que começou por minha causa, que já perdeu peso, que mudou de vida. Já encontrei gente no estúdio me mostrando fotos antigas, comparando com agora, e dizendo que começamos essa jornada juntos. Isso é impagável.

Tem dia que eu como feito um animal, e depois volto ao eixo. O cuidado é eterno. Mas saber que meu processo tá ajudando outras pessoas a acreditarem que também é possível, isso tem um valor tão grande quanto qualquer narração marcante que eu já fiz.

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Ian Teixeira

por Ian Teixeira

Publicado em 25 de abril de 2025 • Editado há 26 dias

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