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O sonho americano: brasileiros projetam carreira no Call of Duty dos EUA

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VProjekt conta com alguns dos principais jogadores de Call of Duty do país (Foto: Gabriel M. e Alefe Tanaka)

Viver dos esports no Brasil não é fácil e a comunidade de Call of Duty sabe disso melhor do que ninguém. Enquanto astros do jogo gozam de salários gordos, mansões em Hollywood e roupas de grife nos Estados Unidos, os jogadores brasileiros vivem de migalhas.

A situação será ainda pior na temporada de CoD: Black Ops 4, que começou no final do ano passado. Ao contrário da última edição, o Call of Duty World League Championship – mundial da modalidade -,  não terá um lugar reservado para a América do Sul.

Por essas e outras, cinco jogadores brasileiros têm “o sonho americano”: o de competir e viver jogando Call of Duty nos Estados Unidos. Guilherme “Hnaugur” Santos, Matheus “Horid” Valente, Leonardo “Scarz” Henrique, Gabriel “EliTz” Batista e Gabriel “Bielzinho” Sampaio decidiram deixar seus times e se unir no VProjekt.

O PROJETO

A ideia nasceu após divergências entre Scarz, EliTz, Bielzinho e a Virtue Gaming – equipe que o trio fazia parte e que dominou o cenário de Call of Duty nos últimos anos.

“Foi tudo por conta da falta de comunicação. Chegou num momento que decidimos que não poderíamos ficar parados. Aí fomos atrás do Horid e do H”, contou Bielzinho em entrevista ao Mais Esports.

Horid e Hnaugur estavam atuando pelo Instars e-Sports e foram vice-campeões do primeiro torneio da ArenaOn para Black Ops 4. A Virtue foi quem ficou com o título.

“Conhecíamos os dois e tínhamos seus nomes em mente. Sabemos como eles são in game e out game. Eles têm o mesmo objetivo que nós, os mesmos sonhos. Todos estão na mesma página”, explicou EliTz.

Foi aí que o quinteto definiu que só dominar o Brasil, como eles fizeram nos últimos anos de competição, não seria o suficiente. Antes de ir, porém, os jogadores têm um papel a cumprir.

“Queremos ir para fora, mas precisamos mostrar porque. Temos que treinar mais forte e mais do que nunca. Precisamos trazer organizações para nós e para os outros times. Temos muitos jogadores talentosos, mas o cenário é morto. Todo mundo joga por puro prazer. Colocando esse projeto em prática, trazendo novas organizações, isso tende a melhorar gradativamente.

SONHO AMERICANO

A ideia de se mudar para os Estados Unidos não é um impulso. As competições presenciais e os melhores jogadores de Call of Duty do mundo ficam nos EUA, então o destino não poderia ser outro.

Apesar de não descartarem uma viagem imediata, o planejamento inicial é se mudar apenas no último trimestre, quando começa a próxima temporada. Até lá, o plano é tentar financiar a viagem e afinar o entrosamento. Para isso, os jogadores procuram por uma organização, brasileira ou internacional, que possa ajudar na viabilidade do plano. Já há algumas conversas, mas o quinteto se disse “100% aberto” para novas propostas.

“Todos aqui tem o mesmo sonho, o mesmo objetivo. Todos vão batalhar por aquilo que queremos conquistar lá fora, pois nos conhecemos há muito tempo. Jogamos juntos, sempre estamos conversando e agora surgiu essa oportunidade. Falei que abriria mão de tudo para esse sonho. Quero morar junto de quatro amigos com o mesmo objetivo, lutando por aquilo que sempre sonhamos”, contou Hnaugur.

INSPIRAÇÃO VERDADEIRA

A ideia de tentar a vida em um outro país não é novidade e, nos esports do Brasil, ela ficou imortalizada por Gabriel “FalleN” Toledo e seus companheiros em 2015. Na época, a equipe se mudou para os Estados Unidos para competir nos principais torneios de Counter-Strike: Global Offensive.

Assim como no Call of Duty, o Brasil não tinha resultados relevantes no CS:GO até que a então KaBuM foi participar da ESWC em 2014. Apesar do desempenho ruim, a competição marcou o retorno de uma equipe brasileira ao alto nível da modalidade.

“A gente se inspira muito na galera do CS. Eles foram lá fora sem bootcamp e não conseguiram bons resultados de início. Não tem como ficar indo só para jogar qualifier”, afirmou Hnaugur, quando questionado sobre a falta de bons resultados do CoD nacional.

“Eu já fui para alguns campeonatos [lá fora] e a gente bate na trave porque eles [os estrangeiros] têm a experiência do jogo em lan. Fazem o certo na hora certa, enquanto um time lá não for o time certo, a gente só vai bater na trave”, completou.

Bielzinho concorda com o companheiro e parafraseia o Verdadeiro, que defende que só se evolui quando se enfrenta os melhores do mundo.

“Uma coisa que o FalleN falou e me marcou é que, por mais que tentamos implementar o que acontece lá fora, é muito diferente quando você pega para jogar com eles.  A gente sabe o que eles fazem, mas aqui no Brasil a gente não consegue implementar”, contou o jogador.

“Mesmo no cenário americano, que não é o melhor no CS, eles já conseguiram evoluir de um jeito absurdo e dominaram o mundo”, lembrou.

PAIXÃO E SKILL

Paixão e habilidade podem ser clichês quando se fala sobre o povo brasileiro e os esportes, mas são verdadeiros. Ao menos é o que pensa Hnaugur, que cita os espanhóis da Heretics, uma das surpresas da seletiva da Pro League, como exemplo.

“Acho que nosso estilo é muito parecido com o dos espanhóis. Eles tem essa paixão pelo jogo, doam corpo, alma e coração. Isso que nos diferencia dos americanos. Eles são frios e isso é bom em alguns momentos, mas a paixão dos brasileiros surpreende”, contou.

Bielzinho vai além. Para ele, não é só a vibração que vai fazer com que os brasileiros brilhem lá fora.

“A nossa gun fight é melhor. Lá fora eles são mais táticos, tem tudo muito predeterminado. O que o brasileiro tem de diferencial é essa skill, que somada a um pouco de disciplina tática, pode surpreende-los”, explicou.

Hnaugur endossou o companheiro: “O brasileiro sabe jogar, ele só precisa de investimento. Como a gente não tem isso no Brasil, temos que ir pra fora e arriscar”, finalizou.

SERVIÇO

Para as organizações que se interessarem no projeto, basta entrar em contato com Hnaugur via email.

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Roque Marques
publicado em 6 de fevereiro de 2019, editado há 5 anos

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