Entender a superioridade de um time é também entender como ele joga, como pensa, quais são seus padrões. Por isso eu, que talvez você conheça como Corres (ou nem conhece, tudo bem), vou tentar te apresentar os padrões apresentados do PSG, adversário da paiN Gaming neste Worlds 2024.
Entenda como pensa, drafta e joga a PSG
Tudo começa pelo draft, afinal é ali que se apresenta o famoso termo do LoL: prioridades. Tendo como estudo de caso as duas últimas séries do PSG, este é um time que quer brigar muito no top e garantir a segurança bot. Parece vazio deste jeito, mas vendo as escolhas você vai conseguir entender melhor isso.
Como drafta o PSG?
Varia um pouco do lado que vão draftar, vamos começar pelo lado azul: na reta final da PCS, a preferência era sempre ter a escolha do Junjia (Zyra, como prioridade principal) e garantir a escolha do Maple e do Betty na segunda e/ou terceira escolha. E em caso de banimento da Zyra, a prioridade se tornava o Rumble do Azhi na primeira seleção e a primeira rotação de escolhas é completa por picks do Junjia e Maple.
No lado vermelho, a dinâmica é diferente: o 1-2 costumam ser os picks do Betty e do Junjia e a terceira escolha vai para o Maple. Foram apenas dois jogos da PSG nessa situação, mas o que aconteceu de bizarro foi a escolha do Azhi: sempre counters-pick muito expressivos, como Tristana e Vayne. Relembre as escolhas neste recorte:
Lembram do que falei do PSG ser “um time que quer brigar muito no top e garantir a segurança bot”, isso pode ser identificado pelas escolhas: Rumble, Corki, Skarner, Lillia e Zyra, são campeões que gostam muito de lutar no early/mid game e estão no top-side. Agora, as escolhas do bot: Ashe, Jhin, Ezreal… são campeões que podem jogar mais passivos no bot.
Então, desta maneira, o Betty pode ser um Jhin e jogar situações de 1v2 tranquilamente, já que o Woody em 100% do espaço amostral analisado usou campeões de engage, costuma povoar muito o mid e garantir a vantagem para o Maple. E aqui vamos entender ainda melhor este draft do PSG.
Como pensa o PSG?
O PSG pensa no mid-game, todo seu draft e ações de mapa são pensando nisso. Tendo um top agressivo que pode conceder dive no nível três, um jungler que dê bastante dano até o nível seis e um champion de lane estável que pode spikar cedo… é um sonho para composições mid-game.
A equipe da PCS luta muito pelas Vastilarvas, e o motivo é bem claro: se o time está ganhando as lutas no mid-game, facilita ainda mais aumentar/acelerar vantagem se após estes combates, as torres adversárias forem ao chão. Veja no clipe abaixo uma situação onde o PSG, mesmo atrás, abusa das escolhas que tem pra ganhar uma luta sem expor os carrys e garantir o segundo set de Vastilarvas:
E a partir daqui os números nos ajudam a enxergar esta tendência: a média dos playoffs da PSG é de 4 Vastilarvas por jogo, mas apenas 2,6 dragões por jogo. Junto disso, a diferença de ouro aos 15 minutos costuma ser uma vantagem de 1.326 de ouro e foi 100% de vitória quando tiveram esta vantagem.
Outro número que passa por baixo do radar que mostra uma forma como o time pensa muito nessa ponte do mid-game: em 90% dos jogos, a primeira torre do jogo é da equipe da PCS. Muitas vezes pra isso, os jogadores ou fazem, ou até deixam de fazer inversões “lógicas” para garantir essa vantagem (vindo da superioridade de larvas).
Confira no clipe abaixo como o PSG aceita ficar em desvantagem no mid pra conseguir levar a primeira torre e quase leva duas torres de uma só vez, garantido uma grande vantagem aos 14 minutos:
E como eles jogam seus princípios de macro?
Pra deixar de jogar esse early-game, como já citado, o Woody costuma sair muito do bot para garantir a lane estável do Corki – assim como o Junjia sempre vive no top. Assim, os campeões do top-side vão ter um componente de item para a primeira luta de larva, por exemplo: Gema Ardente para um Skarner, Cinzas do Destino para o Rumble ou Fulgor para Corki.
O dyNquedo falou uma frase na coletiva da paiN Gaming que pode ser mal-interpretada, mas faz todo sentido:
A gente não tem certeza, mas pelo que a gente sentiu, o jogo deles gira bastante em torno da bot lane, né? Eles gostam de, pelo menos, criar as coisas a partir deles e a partir daí dar ritmo ao jogo.
E é por isso que é importante você ver o macro da situação, não é porque o time quer fazer todas as larvas, que isso faça “eles jogarem pro top” e/ou “o top é strong-side”. O bot é essencial em gerar conforto pro Maple e, por consequência, gerando liberdade para o Junjia agir na jungle e isso garantir ritmo e Tempo pras larvas. Perceba o impacto do suporte:
Como a paiN pode vencer o PSG?
Bom, existem duas soluções, falando de forma “rasa”: ou comprando a briga na larva, ou tentando punir o Betty. Se tratando de um time tão agressivo no bot, eu imagino que pra paiN possa ser uma solução mais confortável, mas perceba o que a PSG faz nessa situação:
No momento em que o SHG move seu jungle e mid pra divar o bot, mecanicamente o Betty dá uma aula de Purificar e é teleporte instantâneo do top-laner, garantido total segurança. Então o Maple puxa duas waves de minion, sobe pro top pegar o que foi puxado lá e o Azhi vai pro mid pegar mais uma wave antes de resetar.
A jogada começa com o Maple atrás do farm e fica uma wave na frente, o Azhi fica apenas três minions atrás e o Betty não foi diveado. Ou seja: uma defesa perfeita, então eles são muito prontos pra isso. Só que na final, existiu um jogo em que a PSG não saiu na frente dos 15 minutos (e foi apenas este nos playoffs).
A solução foi com o Dasher, mid-laner da SHG, fazendo diversos roamings com o Forest (jungler) para gankar e divear o top, punindo qualquer vantagem inicial que o Rumble poderia oferecer, mas ainda sim o time japonês mandou mal no mid-game e entregou a vantagem. Se liga na eficiência dos roamings:
Dá pra sonhar com a paiN?
Na minha opinião, dar match é a melhor solução pra termos o que pode ser o nosso maior diferencial: o talento mecânico do TitaN e Kuri. Eu confio em um X1 do TitaN pra cima do Betty em situação de 1v1 e o Kuri corrigindo a luta no rio de cima, nem que seja para não haver perdas.
E é claro: é preciso ressaltar que o meta vai mudar! Na soloqueue, o Azhi tem dado muita prioridade para o Gnar e Vayne, o Junjia para Jarvan IV e Vi, o Maple para Yone e Aurora, Betty para Jinx e Miss Fortune e o Woody para Lulu, Nautilus e Leona. Ou seja: as mesmas características, mesmo que em outros campeões.
Se estancarmos a sangria de larvas e lutas no mid-game dá mesmo para sonhar, no entanto, essas lutas vêm naturalmente e evitar elas é muito difícil (pense no combo Jarvan e Aurora, por exemplo, prende tempo suficiente qualquer alvo). Só que a maior dificuldade mesmo é conseguir vencer eles na mecânica e na ritmo, não à toa este time foi a 5 jogos contra a BLG no MSI.
No entanto, caso a paiN consiga snowball, dá pra sonhar sim. A dificuldade é notória, os oponentes são muito experientes e acostumados com um jogo de maior nível, mas também existem brechas.
Estreia da paiN no Worlds 2024
A paiN estreará no Worlds 2024 contra o PSG Talon já no dia 25 de setembro, que é o primeiro do mundial de LoL. O jogo está marcado para aproximadamente 12h.
O Mais Esports fará a cobertura completa do Worlds 2024, então fique ligado para ficar por dentro de todas as notícias do torneio, entrevistas exclusivas com os jogadores, análises dos times, curiosidades e mais!
- Veja também: Todos os times classificados para o Worlds 2024