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A Splyce evoluiu

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A Europe League of Legends Championship Series não desperta muito interesse do público brasileiro. Sinceramente, até mesmo estrangeiros não têm costume de assisti-la. Cada vez mais ela vem se tornando uma liga a qual apenas europeus acompanham, talvez porque por anos houve domínio da Fnatic e mais recentemente da G2 Esports.

Mas esse ano, com a saída de Jesper “Zven” Svenningsen, Alfonso “mithy” Aguirre Rodríguez, Fabian “Febiven” Diepstraten e Tristan “PowerOfEvil” Schrage para a América do Norte, todas as equipes da Europa fizeram mudanças. Isso nivelou o campo de jogo e assim seis times  –  inclusive o último colocado  – batalharam pelas duas últimas vagas de playoffs. Uma transformação completa na visão sobre a liga.

Uma das organizações que mais fez alterações foi a Splyce. Por dois anos, eles tiveram jogadores majoritariamente dinamarqueses  –  Martin “Wunder” Hansen, Jonas “Trashy” Andersen, Chres “Sencux” Laursen e Kasper “Kobbe” Kobberup  - , com exceção de Mihael “Mikyx” Mehle que é esloveno. Esse ano, porém, eles mantiveram apenas o atirador e contrataram pessoas de diferentes origens.

A antiga line-up da Splyce (Riot Games)

Andrei “Odoamne” Pascu e Andrei “Xerxe” Dragomir vieram respectivamente de H2k e Unicorns of Love, dois times de topo de tabela que no fim desapontaram ao não ir para o Mundial. Yasin “Nisqy” Dinçer, por sua vez, veio do americano Team EnVyus, enquanto Raymond “kaSing” Tsang voltou de aventura na segunda divisão com os RedBulls. Para comandar a comissão técnica, Peter Dun foi contratado como Head Coach vindo direto da INTZ.

Antes da temporada começar, analistas e jogadores previram que o esquadrão aurinegro fosse no mínimo um candidato aos playoffs, podendo até brigar pelo título. Afinal, apenas o nome de Nisqy tinha pouco reconhecimento. Mas quando o campeonato começou e as semanas foram passando, deu pra perceber que, se nada mudasse, essa não seria a realidade.

A Splyce que se apresentou na primeira metade era abominável. Faziam jogos extensos, os jogadores cometiam erros mecânicos, tinham dificuldade na fase de rotas e como um grupo eram unidimensionais: dependiam da habilidade de Kobbe para carregar no late game.

Nisqy, sobretudo, teve dificuldades em se adaptar novamente ao estilo de jogo europeu. A região é conhecida pelos mids e ele, que só tinha um split de experiência, acabou por ser grande deficiência para o time. Mesmo recebendo uma quantidade razoável de ouro (24.6%), teve os piores números tanto em lane quanto em Dano por Minuto.

Odoamne também demorou para se ajustar. O romeno, que sempre fora considerado um dos melhores topos da região  – se não o melhor  - , começou a temporada com desempenhos muito abaixo do normal. Em apenas nove mapas, morreu 31 vezes sendo oito em um único jogo, no qual usou a inusitada Illaoi. Olhando para o split passado como comparação, teve 45 mortes após enfrentar os outros nove adversários, mas isso ao longo de vinte jogos. Médias de 3,4 e 2,25 mortes por partida, respectivamente.

Para colocar em perspectiva, durante a primeira metade da etapa eles tiveram uma marca de cinco vitórias e cinco derrotas. Contudo, em apenas dois triunfos abriram vantagem de ouro sobre o inimigo. Nos outros três, contra Misfits, Schalke 04 e UoL, finalizaram a partida ainda atrás.

Como que abraçando essa estratégia de late game, kaSing priorizou campeões como Tahm Kench, Lulu, Janna e especialmente Zilean  –  um pocket pick até hoje imbatível nas mãos do suporte  – para garantir a segurança do companheiro de lane. Contra o Schalke, na segunda semana, o combo de Caitlyn e Zilean até conseguiu um Penta Kill.

Dessa forma, semana após semana, a Splyce vinha perdendo a crença dos espectadores. “Jin Air européia”, “o time mais chato do ano”, “time que deita e morre” foram mensagens comuns referentes às performances da line-up. De fato, eles eram um time passivo e, mais que isso, frustrante. Isso porque frequentemente rastejavam até a linha de chegada com vitórias pouco convincentes.

Odoamne cabisbaixo após primeira derrota (Riot Games)

Houve duas ocasiões que chamaram atenção às dificuldades do time, respectivamente contra G2 e Fnatic nas semanas 3 e 5. Contra Marcin “Jankos” Jankowski e amigos, utilizaram uma composição com Azir e Kog’Maw, dois campeões que derretem monstros neutros. Assim, fizeram o Barão às escuras aos 22 minutos e se colocaram em posição para vencer de forma expressiva. Sem saber configurar ondas de minions e back timings, contudo, acabaram ficando os três minutos e meio do bônus na rota do meio tentando levar a T1.

Similarmente, contra Paul “sOAZ” Boyer e companhia eles conseguiram o objetivo aos 36 minutos, com uma comp que escalava melhor para o late. Mesmo assim, perderam muito tempo tentando derrubar a primeira torre do mid, não equilibraram o ouro e terminaram derrotados após uma série de pickoffs.

Era um time que parecia acabado. Era questão de tempo até a tática de “Protect the Kobbe” parar de funcionar. Em tese, era só pegar algum campeão com hard engage e mergulhar na linha de trás da Splyce que eventualmente o atirador morreria e tudo iria por água abaixo. Algo precisava ser feito para virar o jogo.

Então, como num passe de mágica, o time começou a engrenar e emplacar vitórias. Foram cinco em sequência, com destaque para as partidas contra Roccat, G2 e H2k, que mais tarde se qualificaram para os playoffs. Os confrontos passaram a ser mais limpos, com tempos de jogo baixos e um macro impressionante. Sinceramente, deu para perceber o trabalho da comissão.

Se antes a Splyce não sabia utilizar o Barão de forma eficiente, a partir da segunda metade eles já demonstraram um controle muito maior sobre ele. Isso ficou evidenciado na disputa contra o time de Steven “Hans sama” Liv: com exímio controle de visão, garantiram o objetivo aos 28 minutos de forma incontestada. Em sincronia, voltaram para base e enviaram Odoamne (Cho’Gath) e Nisqy (Ryze) para o top, com o resto do time (Zac, Caitlyn, Janna) no mid. A onda do bot fora preparada com um slow push durante a execução do Barão, o que permitiu que, com o auxílio do Portal de Reinos, levassem todas as torres restantes de todas as lanes com apenas um buff.

Os aurinegros durante partida contra Giants, uma das mais rápidas do split (Riot Games)

No quesito individual, os jogadores também encontraram ritmo e, em alguns casos, voltaram a contestar o posto de melhor europeu da posição. A dupla romena da Splyce, principalmente, passou a carregar incontáveis jogos e realizar outplays com frequência. O um-contra-dois de Odoamne contra a Giants vem em mente, assim como o Zac de Xerxe. Nisqy, também, achou nos picks de Galio e Sion uma forma de impactar as sides mesmo sendo fraco no 1v1.

Como evidenciado pelas últimas derrotas da fase regular contra Vitality e G2, as serpentes douradas ainda têm o que aperfeiçoar na gameplay. Como encaixar Vladimir numa composição, por exemplo, parece ser a questão da vez. Mas após devastar a Roccat nas quartas-de-final e ainda por cima com o meio belga carregando, eles mostraram ameaças de todas os lados.

Na sexta-feira (30), a próxima missão será enfrentar Luka “Perkz” Perković. Historicamente, o croata nunca perdeu uma série melhor-de-cinco para a Splyce. Ao mesmo tempo, os ex-companheiros Odoamne e Jankos nunca foram além das semis. Independente de qualquer coisa, o time de Peter Dun demonstrou surpreendente evolução ao longo do campeonato e não seria surpresa uma classificação pra final.

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Rick Birman
publicado em 28 de março de 2018

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