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Caso BGC: quem saiu perdendo?

Dota 2

Nas últimas semanas a comunidade brasileira de Dota 2 competitivo acompanhou uma novela ao redor do primeiro qualificador da Brasil Game Cup, torneio com uma das maiores premiações de Dota 2 no Brasil. As linhas seguintes representam unicamente a minha opinião, não da minha agência e nem de organizações em que presto ou prestei serviço.

Até o momento em que este texto foi escrito, a BGC:

  • Baniu e desclassificou a equipe g3x
  • Tirou a premiação da paiN Gaming
  • Tirou a premiação da T Show
  • Baniu o gerente e todos os jogadores da equipe da T Show

Muita chateação foi envolvida nisso, mas vamos parar pra analisar o impacto verdadeiro disso onde realmente interessa: a nossa comunidade. Um de nossos maiores torneios será disputado sem pelo menos 10 de nossos melhores jogadores (afinal, todos chegaram até a final, certo?), e uma organização que optou por investir em Dota 2 no Brasil e treinou uma equipe para chegar ao topo está impedida de participar de um dos maiores atrativos do Dota nacional, a Brasil Game Cup.

O que já era prejuízo para nós foi apenas aumentando conforme “prints” inconsequentes de meias-conversas foram surgindo na necessária tentativa de manter o time mais forte do Brasil intacto para a BGC. A atitude, que ainda não mostrou seus frutos positivos, já provocou discórdia entre comunidade, jogadores e organizações, deixando um episódio um tanto constrangedor entre os membros desse grupo. Nos resta torcer para que o ato atinja seu bom objetivo de reduzir a punição dos atletas, já que o estrago já foi feito.

Por vezes temos episódios parecidos em nosso cenário, alguns resolvidos com maestria, outros nem tanto. Muitos diriam que este tipo de problema poderia ser evitado com o pleno conhecimento das regras pelas equipes, quando na verdade este não é o foco da problemática: todos ali conheciam as regras – prova disso é que a única coisa que concluímos de fato nos últimos eventos foi que todos erraram, todos sabiam, e todos tentaram acobertar o erro. Infelizmente, a realidade é que retornamos MUITO POUCO para os nossos jogadores profissionais e pedimos um comprometimento que nem todos podem ter. Nossa internet não é das melhores, certos pais não deixam o filho adequar sua rotina para ser um jogador profissional ainda, e vários outros fatores fazem com que o jogador no Brasil falhe eventualmente, e a falta de jogadores reservas faz com que jogadores, gerentes e administradores de torneio entrem num baile com as regras do evento, ocasionalmente terminando nesse tipo de episódio.

Mas afinal, o que esperar de um cenário que ainda está dando seus primeiros passos? Se momentos como esse são bons pra alguma coisa em nossa comunidade, é com o aprendizado que podemos tirar delas. Dentre as coisas que aprendemos aqui, percebi que algumas poderiam ser de interesse de outras pessoas e resolvi compartilhar:

  • Nossos jogadores precisam entender que esta pode ser a CARREIRA deles! Levar regras com seriedade, cuidar de sua imagem e prezar por relacionamentos com as organizações são condutas básicas para o desenvolvimento de um mercado de trabalho nessa área
  • Nossos gerentes não devem se limitar a divulgar partidas e marcar jogos de campeonatos. Dentro das competições o gerente deve ser advogado dos jogadores e da equipe, com pleno conhecimento do regulamento e rebatendo cada argumento com citações das regras como base. Além disso, tem que conquistar o respeito dos jogadores para ter a autoridade necessária para evitar que jogadores quebrem as regras, pois eles ocasionalmente vão tentar
  • Nossas organizações precisam se proteger e ter em mente que jogadores reservas são importantes neste momento. Não podemos prever quando um de nossos jogadores terá algum problema, e estar preparado é uma arma que não falha.
  • Nossos administradores de torneio precisam estar mais atentos na execução das regras do campeonato. Conforme aumenta a premiação do torneio, aumenta também o seu nível de importância para os jogadores e outros membros do cenário, e com isso surgem responsabilidades. Os administradores são os juízes do campeonato, e portanto devem estar sempre atentos à execução das regras. Isso não quer dizer que devem se portar como fanáticos do regulamento, punindo todos por aí. Em um cenário em desenvolvimento, é necessário jogo de cintura em alguns momentos, para tentar aplicar a regra sem danificar o espetáculo: como não ficar triste pela ausência de tavo e hFn, os anteriores campeões do torneio e melhores jogadores de suas posições no Brasil, na final da Brasil Game Cup?

Em um cenário muito mais desenvolvido que o nosso, em um planeta chamado League of Legends, eu pude acompanhar casos parecidos quando trabalhei na paiN Gaming: durante meu tempo lá, um dos jogadores da equipe foi punido por realizar um gesto obsceno na câmera da transmissão. Sua punição foi uma multa de R$ 2.000,00 e banimento do jogador por duas rodadas do Campeonato Brasileiro de LoL, uma liga com partidas semanais de League of Legends. Mesmo para o formato de liga, o desfalque causado pela punição provocou um efeito em cadeia que culminou no quase rebaixamento da paiN, equipe campeã da split anterior.

Mylon é punido

Relembre a punição do top laner da paiN Gaming

Imaginem agora em um torneio eliminatório, que acontecerá em um único final de semana, o impacto causado pelo banimento de 10 dos melhores jogadores do Brasil. O melhor nível de Dota que temos não estará em um de nossos maiores eventos, e absolutamente TODOS perderão com isso. Nós, espectadores, não vamos ver o mesmo show e o próprio evento perde com isso. Será que o banimento é mesmo a melhor saída? Devemos afastar as organizações que investem em nosso cenário?

Mas o que é o certo a fazer, então?

Bem… essa é uma pergunta de difícil resolução e que eu não sou pago pra responder.

pain

Na foto, da esquerda para a direita: eu (JooW), tavo, c4t, 4dr, hFn e zx, campeões da Brasil Game Cup de 2015

Giovanni Federici

por Giovanni Federici

Publicado em 16 de junho de 2016 • Editado há quase 8 anos

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