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Cloud9 e Fnatic mostram a importância de bons olheiros

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O último fim de semana marcou o encerramento da rodada de quartas de final do 2018 Season World Championship. Invictus Gaming abriu os duelos com vitória pra cima da kt Rolster, seguida de zebra da G2 Esports pra cima da Royal Never Give Up. No dia seguinte, Cloud9 fez história ao despachar a Afreeca Freecs e a Fnatic derrotou a EDward Gaming logo depois.

Se os confrontos do último domingo tivessem sido jogados na edição passada do torneio, porém, os vencedores certamente teriam sido diferentes. A Afreeca, só por ser coreana e ter jogadores como Lee “Spirit” Da-yoon e Lee “Kuro” So-haeng, esmagaria a Cloud9. Da mesma forma, a EDG da segunda semana da fase de grupos de 2017 passaria por cima de uma Fnatic com Jesse “Jesiz” Le.

Mas esse campeonato está sendo diferente. Os times da League Champions Korea esmoreceram, com Gen.G caindo na fase de grupos e kt e Afreeca saindo na rodada seguinte. A campeã do Mid Season Invitational, RNG, seguiu nessa mesma linha e se viu derrotada para a terceira seed da Europa. No lugar dessas potências, equipes ocidentais como C9 e FNC ascenderam como duas das mais letais até então.

Olhando para as escalações das duas, é confuso pensar em como conseguiram esse feito. Bok “Reapered” Han-gyu tem nas mãos dois novatos como titulares  —  Eric “Licorice” Ritchie e Tristan “Zeyzal” Stidam  —  e um na reserva, Robert “Blaber” Huang. Ao mesmo tempo, Joey “Youngbuck” Steltenpool trouxe Gabriël “Bwipo” Rau dos confins da LCL e da fila ranqueada européia.

Cloud9 e os dois novatos chegaram de forma inédita nas semis do Mundial (Riot)

No caso da franquia norte-americana, se não fossem esses mesmos estreantes, ela dificilmente teria ido bem na North America League Championship Series. Muito menos chegado à semifinal do Mundial. No começo do ano, Jack Etienne  —  dono da organização  —  deixou Jung “Impact” Eon-yeong partir para a Team Liquid. Em vez de comprar um nome à altura, apostou num jogador da segunda divisão que passara pela base da Cloud9 no passado.

O grupo começou bem no Spring, com Licorice e Dennis “Svenskeren” Johnsen dominando o 2v2 do top-jungle com escolhas como Kled, Vladimir e Sejuani. Mas eles tornaram a cair na metade da etapa e logo foram eliminados nos playoffs. A má fase continuou no Summer, chegando ao ponto de as estrelas Nicolaj “Jensen” Jensen, Zachary “Sneaky” Scuderi e Andy “Smoothie” Ta serem barradas por nomes menores como Greyson “Goldenglue” Gilmer e Yuri “Keith” Jew. Com esse movimento, a C9 reconhecera que, com a saída de Impact, havia perdido uma grande voz na comunicação da equipe. Ela precisava de uma mudança.

Após múltiplas trocas e modificações, Zeyzal e Blaber surgiram para fechar o roster. Com o suporte, eles voltavam a ter uma voz de calma e liderança. O novo caçador, por sua vez, dava um quê de agressividade e determinação que faltava naquele momento. A crença em rookies, ideologia distante da realidade do ocidente, trouxe frutos e a Cloud9 foi do décimo lugar no regular à grande final.

Muitos atribuem o scouting dos três jovens alvicelestes a Jonathon “kamikazplatypus” McDaniel, olheiro que saiu recentemente da Cloud9. Ele teve a visão para identificar o talento e, não só isso, as personalidades que combinam com o estilo relaxado e brincalhão da bicampeã americana. No fim, foi isso que salvou o ano deles.

Algo parecido aconteceu com a Fnatic ano passado. Após um 2016 para se esquecer, reformularam o time ao deixar apenas Martin “Rekkles” Larsson no plantel. Trouxeram Paul “sOAZ” Boyer, Maurice “Amazing” Stückenschneider, Jesiz e o prodígio Rasmus “Caps” Winther. Mas logo promoveram Mads “Broxah” Brock-Pedersen para o posto de caçador titular, ficando com dois debutantes.

A dupla mid-jungle rapidamente ganhou sinergia e, pela própria natureza como jogadores, deu agressividade à equipe. Broxah jogava majoritariamente de Lee Sin e Elise, enquanto Caps conseguia manejar qualquer campeão e ser ameaçador ao mesmo tempo. Os europeus adotaram um “estilo animal” e conseguiram rivalizar com a dominante G2. Mesmo com um início terrível, chegaram nas quartas de final do Mundial. Nesse caso, foi o técnico Nicholas “NicoThePico” Korsgård que bancou a subida dos dois, e Bwipo chegou por último para dar versatilidade. O resultado é o desempenho que vê-se atualmente.

Bwipo e Broxah foram dois dos principais jogadores na classificação pras semis (Riot)

Esse padrão, contudo, não é de agora. Cloud9 e Fnatic são possivelmente as empresas que mais investem e dão oportunidade a novos talentos em todo o cenário de LoL no mundo. Só precisa olhar para os últimos anos. Juan “Contractz” Garcia foi comprado da extinta Ember na segunda metade de 2016, jogou com os veteranos da Cloud9 Challenger por seis meses e foi incorporado ao elenco principal de 2017. Com o jungler, a C9 chegou a uma final e às quartas do Worlds.

Em 2016, Smoothie passou de suporte esquecido da Team Dragon Knights e Liquid Academy a estrela shotcaller. Foi fundamental para que os norte-americanos fizessem a transição para um sistema autônomo a Hai “Hai” Du Lam e melhorou muito o laning de Sneaky. Já Johan “Klaj” Olsson foi um risco dos dourados que, no fim, não se pagou. Mas o problema daquela formação era muito maior do que simplesmente a posição de support. O fato é que sentiram falta do estilo da line-up anterior.

Na quinta temporada, Luis “Deilor” Sevilla teve Heo “Huni” Seung-hoon, Kim “Reignover” Yeu-jin, Fabian “Febiven” Diepstraten, Pierre “Steeelback” Medjaldi e Bora “YellOwStaR” Kim para comandar. O topo foi descoberto na base da Samsung e mesmo sendo um completo desconhecido, sem demora mostrou que tinha nível internacional. Febiven, no que lhe concerne, não tinha experiência de liga profissional ainda.

Sabendo disso, Reignover passou a frequentar a rota do compatriota e ajudá-lo na maior parte do jogo. Era justo, visto que na maioria das vezes Huni tomaria conta da partida. Por esse motivo, o resto dos companheiros podia dar um passo para trás e jogar de forma segura. Febiven obviamente ganhou notoriedade pelas solokills para cima de Lee “Faker” Sang-hyeok, mas mesmo assim não era agressivo. O mesmo se aplicava ao atirador francês e, mais tarde, Rekkles.

A Fnatic de 2015 foi a melhor line-up da história do ocidente. Pelo menos até agora (Riot)

Esse núcleo fez história ao terminar o Summer invicto e chegar nas semis do Mundial. Quando eles se juntaram, a opinião era de que a Fnatic havia falhado em construir um novo esquadrão. Mas a tentativa com dois novatos deu certo e só agora times ocidentais melhores estão aparecendo.

Enquanto isso, a Cloud9 contratava Jensen  —  na época Incarnati0n  — , que vinha de banimento por toxicidade e diretamente do servidor europeu. Eles precisavam de um mid laner do nível de Søren “Bjergsen” Bjerg e não apenas conseguiram isso, mas também criaram um franchise player que domina a América do Norte até hoje.

Independente de quem vencer a semifinal do dia 28, ambas organizações devem ficar orgulhosas do trabalho que vêm fazendo com novatos. Se a Cloud9 não tivesse arriscado esse ano e a Fnatic no ano passado  — e em vez disso buscado nomes ultrapassados da Coréia  — , a situação poderia muito bem ser outra. E caso eventualmente os jogadores atuais se separem, pode ter certeza que as duas vão se reinventar mais uma vez.

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Rick Birman

por Rick Birman

Publicado em 23 de outubro de 2018 • Editado há 6 anos

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