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TACO sobre falta de títulos em 2019: “A culpa é totalmente nossa, dos jogadores”

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2019 não foi um bom ano para a equipe da MIBR. Acostumada com títulos, a equipe amargou uma temporada sem levantar troféus, saídas de jogadores e entradas de outros novos. Em entrevista ao Mais Esports, Epitácio “TACO” de Melo falou sobre jogar na Liquid, a volta à MIBR, a falta de titulos, o futuro e muito mais. Confira:

Mais Esports: Como foi a experiência de estar em uma organização americana?

TACO: Minha pesagem pela Liquid foi um aprendizado gigantesco, uma experiência única na minha vida Fora do jogo, eu aprendi sobre outras culturas, absurdo tudo de bom da cultura norte-americana. Convivi com os caras, soube como eles olham para as coisas, o jeito que eles gostam de trabalhar, o jeito que acham que como uma equipe deve funcionar. Foi uma experiência muito positiva e enorme na minha vida.

Tivemos um início conturbado [na MIBR] com toda essas mudanças [dos players]. Teve a felicidade de voltar para um time brasileiro, de volta para casa, como gosto de falar. Lógico que começamos o ano bem intenso, querendo jogar todos os campeonatos, mas acabou sendo um pouco errado, pois nossa agenda ficou cheia. Não tínhamos tempo para nossa prepararmos bem para os campeonatos, então faltou essa parte da preparação, da montagem da agenda. Acabou que tivemos um bom início de ano, com muito trabalho, mas no decorrer de 2019 deu uma caída nos resultados, que não foram tão bons. Não era o que a gente esperava.

Mais Esports: A Liquid estava muito bem, no topo, sempre disputando títulos e a MIBR não estava bem. Como foi a decisão de sair da Liquid e voltar para a casa. O quão difícil foi a decisão?

TACO: Não foi fácil. Acabei pegando meus ex-companheiros desprevenidos: eles não esperavam que eu fosse sair do time já que estávamos muito bem. Apesar de não estarmos vencendo os troféus, estávamos sempre disputando, sempre nas finais. Infelizmente a Astralis estava (ainda está) em um ano abençoado e a gente não conseguia atravessar essa barreira da Astralis na final. Acho que era questão de tempo até a gente vencer um campeonato, mas o que fez voltar foi, basicamente, crer que conseguiria vencer títulos mais uma vez pelo MIBR e na minha opinião não tem nada melhor do que representar seu país, ganhar títulos pelo seu país. Uma frase que usei muito quando saí da Liquid foi: “There is no place like home”. Não tem nada melhor que estar em casa, nada melhor que viajar por 30 dias e voltar para casa, ter a sensação que está em casa com meu povo. Me sinto assim é acho que a felicidade é tudo e apesar de estar muito feliz na Liquid, fui em busca de algo mais.

Mais Esports: Uma das coisas quem foi um susto, foi a saída do Coldzera. Você e ele sempre foram muito amigos. Como foi para você tudo isso?

TACO: Eu sempre estive muito bem com a decisão. É uma decisão profissional e ele tem todo o direito de toma-lá. As coisas se tornaram muito profissionais hoje em dia e apesar do coldz ser um dos meus melhores amigos, pessoalmente temos que separar essa parte profissional do pessoal. Lógico que ninguém gosta de perder um dos melhores jogadores do mundo, é sempre complicada a situação, mas olhando pelo lado dos negócios, ele tem todo o direito de fazer a escolha que quiser e acho que as pessoas deveriam entender também. É triste ver um ídolo, um amigo partir, mas acho que é natural, assim como saí para a Liquid também. Evidentemente a maneira que aconteceu foi diferente. Não sei qual a relação o Cold tem com seu público, mas eu avalio isso como normal. Não fiquei chateado, com raiva ou algo do tipo, pelo contrário: sempre torci pelo melhor dele e espero que ele tenha muito sucesso e quem sabe no futuro a gente possa voltar a jogar juntos.

Mais Esports: Em 2019, a MIBR tivera uma cobrança muito forte por parte da torcida, principalmente porque a equipe voltou a ser 100% brasileira. Vocês deixaram a torcida mal acostumada com os títulos e esse ano tiveram uma seca se troféus. Qual o principal motivo da falta de títulos?

TACO: O principal motivo é o desempenho fraco da equipe mesmo. Tivemos um ano ruim, coletivamente. Não temos como culpar a organização ou qualquer tipo de coisa externa. A culpa é totalmente dos jogadores. Nossa torcida nos apoiou como sempre, fizeram muito bem o papel deles: só ver a BLAST Pro Series São Paulo. É impossível culpar alguém que não seja nós, os jogadores. A gente entende a responsabilidade, mas deixamos claro que sempre demos o nosso melhor. Não estamos lá para passar férias, não estamos brincando de jogar CS:GO. Assim como a torcida quer muito que a gente vença, também queremos muito vencer. A gente se dedica e creio que trabalho não faltou de jeito nenhum, mas infelizmente não foi o suficiente. Espero que a gente consiga usar essa experiência não muito boa de 2019 para colher os frutos no futuro próximo.

Mais Esports: Agora vocês contrataram um argentino, o meyern, e não um brasileiro. Como foi a escolha de apostar em um garoto mais novo e com pouco experiência lá fora?

TACO: Na escolha do mey [meyern], o zews, nosso treinador, teve grande peso. Ele já havia acompanhado seu jogo há algum tempo. Ele já tinha assistido alguns jogos e já tinha se encantado pelo talento do mey. Quando a entrada dele foi circulada internamente, eu fiz um estudo também: baixei algumas demos, assisti alguns jogos dele para conhecer e aí eu poderia dar meu voto para a equipe. O voto foi positivo de todos; todo mundo aprovou a ideia de trazer ele para o time. Ser argentino ou não, não muda nada. O que mudaria é a comunicação, mas ele jogava no o cenário brasileiro, morava no Brasil, estava jogando na Sharks que, apesar de ser uma organização europeia, é formada por brasileiros. Então, ele se comunicava em português. Isso não tem sido um grande problema. A comunicação fora do jogo, que também é importante, não tem sido um problema. Até agora ele tem me surpreendido bastante: é um moleque muito novo, muito talentoso, com vontade de aprender e fácil de ser moldado. Absorvendo toda a experiência que temos para passar para ele, com certeza será um grande jogador no futuro.

Mais Esports: 2020 está chegando e o primeiro Major será no Brasil. O que vocês podem fazer de diferente para melhorar em 2020? Você acha que dá tempo de chegar bem no Major?

TACO: Acho que dá tempo sim. O Major será uma redenção enorme para gente. Talvez passaria um pano no ano de 2019. Tenho 100% de confiança que a gente consegue chegar lá e trazer um resultado legal. Vale salientar que é impossível a gente garantir qualquer tipo de resultado, garantir que vamos ganhar o torneio, o máximo que posso fazer é acreditar e trabalhar 150% para que isso aconteça. O Major é o principal objetivo do ano e será no início. Isso é uma pena, mas ao mesmo tempo é bom ter um objetivo tão perto assim. O momento é de reestruturação. A MIBR tem feito de tudo para que a gente consiga voltar ao caminho da vitória. Vamos começar o ano com bootcamp, trabalho com psicólogo, tudo que precisamos para dar a volta por cima e chegar forte no campeonato. É o sonho da minha carreira. É provavelmente o que falta hoje para daqui a alguns anos eu consiga me aposentar realizado e olhando para trás e pensando “que foi legal”. O sonho da comunidade brasileira é o nosso sonho também. Com todos juntos, gritando, torcendo vai ser absurdo. É a melhor torcida e com certeza será muito especial.

O primeiro Major de 2020 acontecerá no Brasil entre os dias 11 e 24 de maio, na cidade do Rio de Janeiro.

Veja também: Dezembro registra maior pico de jogadores desde 2017

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Bruno Martins
publicado em 30 de dezembro de 2019

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