Jogar contra JackPoT é como fazer um pacto com o diabo: você vai ter momentos breves de prazer, até que ele te apunhale pelas costas cobrando as suas próprias escolhas. É melhor desconfiar quando parece fácil demais.
Sim, você provavelmente vai matar ele na lane e ganhar confiança de que o seu jogo está indo bem. No entanto, a sensação de que ele sempre tem tempo na sua frente e a onda de minions sempre está boa para ele será o despertar de uma pulga atrás da sua orelha.
Então, quando você menos espera, vai acontecer: ele vai te solar e ficar 20 minions à sua frente, tudo isso porque o sul-coreano tem um QI acima da média quando se trata de controle de wave. Era tudo parte do plano dele.
”Frio e calculista”, o top laner sempre foi destaque pela sua capacidade com campeões de side lane (Irelia, Camille, Fiora) quando jogava pela bbq Olivers. No relegations do Challengers Korea, foi destaque do time com sua Camille, que evitou a queda da bbq para o tier 3 sul-coreano.
O “beijo do diabo” é a expressão que melhor traduz o prazer momentâneo que JackPoT proporciona quando o inimigo mata ele na lane, mas todo acordo tem um preço — e, nesse caso, é bem caro.
JackPoT e o controle de wave
Saindo um pouco do momento poético do texto, convido vocês a uma leitura mais técnica. Vamos para um insight de um dos jogos mais brilhantes de JackPoT, numa match up desfavorável (Aatrox vs. Camille), contra a Vivo Keyd, pela primeira rodada do CBLoL.
O primeiro ponto aqui é olhar que Hidan está sem teleporte, pois havia voltado para a base com menos de 4 minutos de jogo e usou o feitiço para retornar à lane. Neste caso, JackPoT pode forçar a troca já que ainda tem o seu teleportar e é isso que ele faz, causando muito dano em seu adversário mesmo com um item a menos.
Minerva corre para aliviar a pressão, mas mesmo matando o sul-coreano, ele não pode deixar a wave para Hidan (que está com menos da metade de sua vida), pois o JackPoT tem o TP, então se o top laner da Keyd farma sozinho a wave, ele está morto.
Com isso, Minerva acaba tirando metade do gold e experiência de Hidan e entrega toda wave de graça para JackPoT, que vai abrir 14 minions de vantagem ao dar TP na sua torre. Hidan é obrigado, por óbvio, a voltar para a base (agora sem flash também).
Esse é o momento que você não vê na transmissão e passa despercebido sem ProView. JackPoT vai começar a construir uma big wave, congelando a onda de minions e impedindo Hidan de chegar perto dela. Por 2 minutos, o top laner da Keyd não clica em um minion sem ser punido.
Paciência não vai ser uma virtude do jovem Hidan, que acaba por levar o “beijo do diabo”, ao desrespeitar o freeze da wave e morrer por isso (contando com um Q perfeito do sul-coreano para cancelar o E da Camille).
Simples assim, o mundo de Hidan caiu. Em um jogo que ele teria o outscaling natural, depois do segundo item, o tempo voltou dez minutos no relógio e JackPoT manipulou a match-up do jeito que ele queria e acabou com a partida.
O mais incrível do JackPoT é a capacidade de impactar no jogo sem ajuda do caçador, ao criar seus próprios recursos ao longo da partida e liberar Hyog4 para jogar o 2v2 com o Rainbow praticamente o tempo inteiro. Estar vencendo o top laner santista é uma doce ilusão criada por ele mesmo, que finda por confundir os inimigos até que caiam nesta teia quase “suicida” do sul-coreano.
JackPoT sabe o que está fazendo, apesar de parecer sempre uma insanidade aos olhos nus. Ele sabe quando pode e não pode morrer, qual vai ser o exato impacto de uma morte dele em determinada match up e, principalmente, quando ele pode matar o inimigo. Sempre.
Não se enganem com o “beijo” de JackPoT, top laners brasileiros. O preço é caro e a dívida não tarda a chegar.
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