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LoL: “Seus feitos pelo Brasil ficarão para a história, mas mais estão por vir”, afirma Raven sobre Tockers

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Recentemente a Havan Liberty anunciou uma reformulação em sua line up e comissão técnica, que agora conta com nomes estrangeiros como Renato “Raven” Dimas e Nunu “Slayer” Moutinho, que trarão suas bagagens diretamente de Portugal. As contratações portuguesas já não são novidade no cenário desde o início deste ano, com a chegada de LeChase e Alternative, jungler e adcarry da Uppercut.

Nesse último fim de semana, tive a oportunidade de bater um papo com Raven, que agora é um dos mais novos membros da coaching staff da HL Gaming, junto de Gabriel ”Halier” Garcia, ex-KaBuM. Ele abordou sobre sua trajetória, incluindo sua passagem pela TCL, e fez uma comparação entre os cenários brasileiro, português e turco.

O caminho até aqui

A carreira de Raven como técnico é recente, antes mesmo de exercer a função ele chegou a ser jogador: “Minha trajetória nos esports tem sido alucinante. Tudo começou com um simples convite de dois amigos em 2010.  Eu era um jogador ruim, chegando a ser mesmo inferior a bronze. Contudo, minha primeira lan trouxe um gosto pelo competitivo e consequentemente me tornei um jogador amador. Em 2017 minha vida tomou outro rumo, eu fui para a universidade e tinha uma namorada, pensei então que ser coach consumiria menos tempo, mas não tinha noção da realidade”, comenta.

Então, ele relembra brevemente sua carreira até aqui: “Comecei como coach na Hexagone Esports, na segunda divisão da LPLOL. Terminamos em 1º lugar sem qualquer derrota e apenas um empate. Permaneci fiel à Hexagone durante 1 ano, e enquanto trabalhava lá, trabalhei também com organizações internacionais. No final de Novembro de 2017 fui convidado como analista para a Arctic Gaming, uma equipe na 2ª divisão da LVP (uma das maiores ligas espanholas). Também terminamos em 1º lugar na fase regular, mas perdemos os playoffs para subir para a 1ª divisão”.

Por fim, acrescenta: “Meu trabalho foi sendo reconhecido, então em 2018 trabalhei como head coach pela dZ Legends (equipe austríaca) onde terminamos em 2º lugar na A1 League. Pouco depois, juntei-me aos Penguins (equipe da LVP) como analista. No verão de 2018 trabalhei como coach estratégico na Bursaspor esports (da liga turca), com jogadores de renome como o Milica e o Hades. Logo em seguida fui coach estratégico para a Penguins na liga ibérica, e chegamos às quartas de finais. Por último, assumi como head coach na Bursaspor este ano”, finalizou.

Cenário brasileiro x cenário português

Quando questionei sobre como ele vê o cenário em Portugal hoje, ele comentou: “Na minha visão o cenário de League of Legends em Portugal está se desfazendo, ao contrário do que se passa em outras regiões. Sei que terá quem discorde de mim, mas basta pesquisar um pouco ou assistir à liga para entender isso”.

Com relação à treinos, ele afirma: “As grandes equipes em Portugal jogam apenas com equipes estrangeiras (equipes da TCL e de grande nível das outras regional Leagues). Já as de menor dimensão, como as de segunda divisão, recorrem muito a scrims contra outros times portugueses. Existe uma facilidade enorme na Europa para isto acontecer”.

No entanto, ele apontou alguns dos motivos pelos quais não enxerga o crescimento do cenário português: “Portugal não é uma wildcard region. É uma liga regional que carece muito de investimentos. Tem jogadores novos chegando (o que é bom) mas não existe estabilidade financeira para crescer ou por vezes manter os melhores. Talvez isso nem seja problema do League of Legends em Portugal, mas sim dos esports como um todo por aqui”.

Em seguida, comparou a situação com o cenário brasileiro: “O Brasil claramente sofre de uma desvantagem geográfica, mas pelo que entendi não é só essa a razão. Portugal não sofre de uma desvantagem geográfica, mas sofre da falta de infraestrutura”.

Ele também comparou os investimentos em comissão técnica: “Investimento em comissão técnica em Portugal? Muito baixo. No último split nem metade das equipas tinham coaches, incluindo uma das equipes do topo. Na Turquia? Médio. Quando trabalhei na Bursaspor esports, haviam equipes de top tier que trabalhavam apenas com um coach. Recebiam um bom salário mas se olharmos a nível de LCS ou LEC onde existem positional coaches, não é um investimento sério!”

Então, destaca os profissionais brasileiros: “Aqui no Brasil vejo mais investimento. Aliás, admiro imensamente o Brasil pois existem muitos coaches e analistas experientes”. Por fim, questionei sobre a vinda de mais um jogador português para cá, e Raven ressaltou: “É um grande entre duas regiões que podem se ajudar mutuamente. Por um lado, a região brasileira tem a infraestrutura necessária para jogadores portugueses jogarem e alcançar algum nome fora de Portugal. Por outro, o Brasil irá se beneficiar da experiência de  jogadores europeus sem qualquer barreira linguística”.

Expectativas

Enfim foi a vez de abordar um pouco de suas expectativas futuras. O técnico primeiramente fez uma breve análise do nosso cenário: “Recentemente, quando estive na Turquia, tive uma discussão com o meu manager que tomou algumas proporções. Eu afirmei que as equipes do CBLOL teriam chance contra as low tier da TCL. Eu quero acreditar que sim, mas após a MSI as dúvidas sobre a minha afirmação cresceram. Na minha perspetiva o CBLOL tem o mesmo nível que uma liga regional europeia de alta ou média competição. Não sei como os europeus veem o CBLOL, mas sei que os turcos acham que é uma liga muito inferior até mesmo à LCL (liga russa)”, comentou.

Como suas expectativas sobre o Brasil se mostraram positivas, questionei sobre a vinda de Slayer, que atuou como suporte na Grow uP eSports durante os últimos splits da LPLOL: “ Slayer sempre foi um suporte que respeitei. Um jogador agressivo que mostra nervos de aço nos momentos em que é necessário”.

Para encerrar, pedi que comentasse suas expectativas sobre o trabalho com Tockers, ex jogador da Vivo Keyd e também um dos maiores nomes da mid lane, que foi recentemente anunciado pela Havan Liberty: “Tockers é realmente um nome muito grande mesmo para quem está fora do Brasil. Os seus feitos pelo Brasil ficarão para a história, mas mais estão por vir. Pelo que pude já ver dele, é um jogador bastante comunicativo e com bons ideais”, acrescentou.

A Havan Liberty Gaming jogará o próximo split do Circuito Desafiante, que tem início marcado para 10 de junho de 2019.

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Letícia Motta
publicado em 27 de maio de 2019

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