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LoL: Com inspiração dos esportes tradicionais, Uppercut aposta em trabalho à longo prazo

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Dentro do cenário de Esports, a busca por resultados imediatistas é comum. Com grandes reformulações de equipes à cada split, poucos elencos se firmam no cenário nacional. No entanto, o coach da Uppercut Erick “Erickão” Cardoso realiza um trabalho à longo prazo a fim de ir além do título do CBLoL.

“Eu venho muito do esporte tradicional. Durante a minha vida toda, eu sempre gostei de esporte. Eu peguei muito essa metodologia deles e tento aplicar nos Esports. Até porque a gente não tem uma bibliografia do esporte eletrônico, o que funciona mais ou o que funciona menos”.

“Essa ideia de um projeto à longo prazo, de uma filosofia mais diferenciada, vem da ideia de que se você olhar lá fora, os projetos mais significativos, mais vencedores, são os que apostam numa manutenção do projeto. Alguns exemplos básicos: Patriots no futebol americano, o Arsenal no futebol. A diretoria acreditava no projeto, sabia que tinha alguma coisa ali e bancou”

Inserção dessa filosofia

No esporte eletrônico, são poucas evidências de trabalhos à longo prazo. Ainda assim, introduzir essa nova metodologia na Uppercut não foi um problema para Erickão. Já na sua chegada na equipe, deixou claro que iria seguir esse projeto.

“A organização possui alguns sócios majoritários que não aparecem para o público, digamos assim. Quem manda mesmo na organização concorda com esse tipo de projeto. Nós estamos bem alinhados com isso”.

Objetivos 

Invés de mirar já o título do CBLoL, a Uppercut realiza metas por etapas, para assim almejar maiores realizações. “É óbvio que eu quero ser campeão amanhã se deixarem, mas eu entendo quando se fala de um trabalho à longo prazo”, afirma Erickão.

“Não é ‘ah, só quero ser campeão daqui 2 anos’. Se eu for campeão amanhã, ótimo, mas se eu não for, não vou pegar todos os papéis em cima da minha mesa, amassar e jogar no lixo. Um projeto à longo prazo é entender que estamos construindo algo e nós queremos chegar ali até tal data”.

Um claro exemplo de objetivo a ser alcançado à longo prazo, mas que foi previamente atingido é a ida da IDM, antes Uppercut, para o CBLoL. “Meu planejamento era subir no segundo split, mas fui lá e subi no primeiro. Eu fiquei feliz, meu chefe ficou feliz, todo mundo ficou feliz. Mas, se não tivesse subido, ninguém jogaria fora tudo o que havíamos feito”.

IDM após derrotar o Flamengo na final do Circuito Desafiante. Foto: LoL eSports BR/Reprodução

Além dos sócios, dos jogadores e da própria staff, a torcida “também precisará se acostumar com isso [planejamento à longo prazo]”, diz Erickão.  “A torcida ajuda muito, quando ela critica ela não atrapalha, porque esse é o papel do torcedor, eu como torcedor do futebol critico bastante, faz parte”.

O título nacional está longe de ser o maior objetivo de Erickão, nem dos jogadores que estão ao seu lado. “Se contentar com CBLOL é algo que eu não tenho na cabeça. E felizmente meus jogadores não têm também. A gente pensa muito à frente.

“Inclusive, é um trabalho que nosso psicólogo vem fazendo, e a primeira conversa dele com os meninos foi justamente questionando qual o topo da carreira deles, ignorando quais degraus vão precisar subir. Só pensando onde eles querem chegar, para passar um pouco mais dessa ideia de que não importa o quanto você vai precisar subir, mas sim onde você quer chegar”.

“É óbvio que todo mundo chegar num título de mundial, a gente sabe que é muito difícil, muito difícil, devido a N fatores. Mas, a gente tem em mente os degraus que precisamos subir para chegar lá, isso é importante e vejo isso como a parte mais importante desse trabalho à longo prazo”.

Último split do CBLoL

Com um início avassalador, a Uppercut, com seus dois europeus, conquistou a atenção do público brasileiro. No entanto, repentinamente, a equipe sofreu uma queda brusca no seu nível de jogo.

“Esse foi o primeiro split que a nossa meta não foi cumprida, visto que queríamos chegar pelo menos nos playoffs. Foi muito frustrante para mim e pros meninos esse split, porque, sendo sincero e não quero pagar de mala, mas acho que o nosso time merecia estar entre os quatro. O nosso alto foi muito alto mesmo, foi muito bom, e acho que chegou um momento do campeonato em que batíamos de frente com qualquer time, principalmente na primeira fase do campeonato”, afirma o treinador.

“Porém, o baixo do meu time também foi muito baixo, e a gente passou 9 rodadas no submundo, de tão baixo que era. É frustrante porque a gente sabe que o nosso jogo era muito melhor do que foi naquelas 9 rodadas, foi um negócio bizarro, e sendo sincero, a gente entendeu e sabe os motivos para aquilo ter acontecido, mas foi bizarra a demora que tivemos para sair disso. É o tipo de erro que nenhum de nós vai cometer nunca mais”.

Frustrações

Com essa filosofia implantada, falhar nos objetivos que vêm sendo planejados há tempos, tende a ser mais frustrante. Para lidar com essas falhas, o psicólogo é essencial. E Erickão requere, em todas suas equipes, que haja um profissional com a equipe.

“Eu sempre fiz questão de ter psicólogo na minha staff. Desde a Brave eu trabalho com psicólogo, na Brave era a Larissa. Quando entrei para a IDM, contratei um também e ele ficou com a gente até o final do Circuito Desafiante”, diz Erickão.

Mudanças pontuais

Embora a busca por resultados imediatos não seja o foco, modificações podem ser realizadas, seja no elenco, staff ou até na maneira de trabalhar. Ainda assim, manter uma base é um ponto importante para Erickão.

A Uppercut, ainda como IDM, não realiza grandes mudanças no seu elenco. Desde a criação da organização, Ruan “Anyyy” Silva e Yan “damage” Sales defendem a equipe, e nas janelas de transferências, a Uppercut muda poucos jogadores, fomentando um time sólido.

“No split que eu cheguei, a gente teve mudanças. Eu trouxe o Sarkis, no split seguinte eu trouxe o Cabu, e nesse agora trouxe os dois portugueses. Então assim, venho mudando o meu time, mas como falei, peças pontuais. Eu tenho uma base e ela tem permanecido, pelo menos um split junto. Essa é a minha ideia.”

“Mexer no que tá faltando, a gente vê durante o split o que está carecendo, conversa com a comissão técnica e olha “tá faltando isso aqui, vamos dar uma mexida, vamos no sei que lá, beleza”. ‘Ah, não vamos mexer na line, mas vamos mudar a metodologia’, de repente isso também funcione. O mexer na equipe nem sempre é só mudar jogador, é alterar a metodologia também. Isso é importante”

Damage e Anyyy são os jogadores com mais tempo na organização. Fitzz está na equipe há mais de um ano Foto: Riot Games

Contando com dois estrangeiros dentro do elenco titular, Erickão é certeiro quando fala sobre possíveis mudanças na line. “Eu não posso garantir nada porque eu tenho 2 europeus no meu time. Falo isso porque os dois se destacaram no Brasil, e eles contam lá fora como não-estrangeiros na LEC. Não posso bater no peito e falar para a torcida que ‘não, vamos ficar igual, sem mudar o time’ e tal. Pode acontecer deles receberem uma proposta e, me desculpa, mas não vou segurar nenhum jogador que pode brilhar lá na LEC”.

“Eu não tenho condição de brigar com a Fnatic caso façam uma proposta pelo Alternative. A moeda dos caras vale 4 vezes mais a minha. E digo mais, o cara vai jogar numa região Major, na casa dele. Envolve sonho, o que eu posso dizer é: estamos com o mesmo time, mesmo roster, até a INTZ viajar pro MSI estávamos treinando, para ajudá-los. Eu pretendo fazer alguns ajustes no time, seja de metodologia ou de player, mas quero ao menos adicionar um novo jogador, para revesar. Ainda não sei a posição, estou estudando com a staff, mas não quero remover ninguém, só adicionar”, concluiu.

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Victor Hugo Porto
publicado em 13 de maio de 2019, editado há 5 anos

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