O Fluxo W7M foi o primeiro eliminado da LTA Sul 2025 3º Split. A equipe não conseguiu se encontrar dentro da competição e perdeu por 3-0 para a LOUD em seu primeiro — e único — confronto nos playoffs.
Muito antes de ter cobranças públicas do head coach da LOS, Stardust, sobre a última série de sua equipe, Samyy já classificava o desempenho do time como vergonhoso. O técnico do FXW7M utilizou o termo em entrevista exclusiva para o Mais Esports após a derrota para a equipe esmeraldina no sábado (23):
Nos outros splits, começamos mal e melhoramos, dava para ver a evolução. Nesse foi o contrário. O mais frustrante é ver a equipe regredir em vez de progredir, fazendo uma performance que eu diria vergonhosa.
Mesmo com as derrotas e o histórico negativo do Fluxo W7M em 2025, foi o primeiro ano de Samyy liderando um projeto no Tier 1 — protagonismo que foi dividido com Aoshi para o último split. Apesar do sucesso pessoal, o treinador admitiu que não foi o suficiente para encerrar o ano sem frustração:
Do ponto de vista de coach e pensando em resultados, não considero o saldo positivo. Sinto que não consegui fazer o grupo performar, então me sinto frustrado. Sei que sou responsável pelo desempenho do time e faço parte de todo o fracasso desse split.
Mas em termos de aprendizado, de mostrar como trabalhamos, refletir sobre erros da equipe, da organização e da staff, foi positivo. Às vezes a derrota ensina mais do que a vitória. Então, em aprendizado e imagem, o saldo é positivo; em resultado, foi um fracasso.
“Está querendo buscar imagem ou lugar ao sol”, diz Samyy sobre comentários de Stardust
Além de falar sobre a derrota e avaliar 2025 e os próximos passos da equipe no pós-jogo contra a LOUD, o treinador do Fluxo W7M também topou comentar a declaração de Stardust na última segunda-feira (25).
Segundo Samyy, a declaração o pegou de surpresa e ele concorda, em partes, com o head coach da LOS. Porém, na sua visão, as falas proferidas pelo colega de trabalho acabaram cruzando limites éticos:
Eu estava em live e aí os caras falaram “já viu o que o Stardust falou?”. A galera no chat comentou isso. Aí eu peguei pra ver, né? Só pra deixar bem claro: em nenhum momento eu discordei do que ele disse ou alguma coisa assim.
Pra mim foi uma vergonha, tanto que eu falei na entrevista sobre isso — que a gente jogou muito mal — e não tenho medo nenhum ou qualquer receio de falar sobre isso. Acho que ele tem razão em algumas coisas que disse.
Só que, a partir do momento que ele falou que eu deveria tomar vergonha e jogar melhor no próximo split ou coisa desse tipo, eu achei que ele foi um pouco antiético.
Um companheiro de trabalho falar isso… imagina: você faz uma entrevista, a entrevista não foi tão boa, e alguém começa a falar mal do jornalista, dizendo que ele deveria tomar vergonha e fazer a entrevista melhor na próxima vez.
Pra mim, o cara que faz isso é extremamente antiético e está querendo buscar imagem ou lugar ao sol de alguma forma que não é a melhor.
Então, eu discordei disso. Não discordo das coisas que ele falou, até concordo em muita coisa: a atuação foi muito abaixo, muito ruim, como eu disse. A gente regrediu muito em relação ao que vinha fazendo nos últimos splits. Mas esse é o meu ponto: eu achei extremamente antiético.
Treinador do Fluxo W7M pede desculpas por fala sobre salário de stineR na LOS
Indo além, o treinador do Fluxo W7M também se desculpou por declarações sobre o salário de stineR, que atua como sexto jogador da Onda Laranja desde a chegada de Aegis na equipe. Segundo ele, a crítica tinha como alvo os recursos de Stardust na LOS, que, em sua visão, não são convertidos em resultados:
E por falar em antiético, também queria me desculpar com o reserva da LOS — porque citei ele na minha live, dizendo que ganhava mais do que três jogadores da Academy. Estou aqui falando sobre ética, e achei que isso foi um pouco antiético da minha parte. Então quero me desculpar publicamente com ele, porque não foi minha intenção.
O que eu quis mostrar é que ele tem acesso a muita coisa e produz pouco, enquanto meu budget é muito mais barato e o acesso é mais difícil, já que enfrento caras em nível muito mais alto, como FURIA e Keyd, que estão investindo pesado.
É discrepante o budget, mas é o que a gente tem e é com isso que temos que trabalhar. Eu não reclamo disso em momento nenhum.
Agora, o problema é quando começam a comparar. Aí eu me sinto ofendido. Porque não dá pra comparar um time que tem um budget X com outro que tem um budget talvez dez vezes menor ou mais. Esse é o ponto.
Por fim, Samyy afirmou que os comentários de Stardust não refletem uma real intenção de melhora no cenário brasileiro — e que isso poderia ter sido evidenciado quando ambos trabalharam na LOS, quando o atual técnico do Fluxo W7M comandava o academy da Onda Laranja entre 2022 e 2023:
Se ele realmente queria ajudar o cenário, quando eu estava na LOS Academy, ele ia interagir muito mais com a gente. Ia ter muito mais interação da parte dele com a gente.
Confira, abaixo, mais trechos da entrevista feita com Samyy.
Como você avalia o split no geral?
Cara, foi difícil, mas acho que foi um split de muito aprendizado, principalmente para a organização e staff. Não posso falar pelos jogadores, seria mais cada um comentar, mas mostrou para a gente algumas coisas importantes que devemos levar para os próximos splits.
Acredito que, se conseguirmos ser fiéis ao que aprendemos, com certeza o projeto vai dar mais frutos e gerar melhores resultados.
Estamos no fim de agosto e o ano, pra vocês, acabou. Como manter uma filosofia de projeto com tanto tempo até o próximo split? Como vocês encaram esse período?
Esse período vai ser para a gente montar um projeto com base no que aprendemos. Trocar mais ideias, tentar ver o ponto de vista de cada um, entender o que é melhor para a organização e criar um time mais competitivo, sem dúvida.
Nesse split não ganhamos uma série, não ganhamos um jogo — só um contra a Isurus. Nos splits anteriores, no primeiro foram duas séries disputadas, no segundo conseguimos vencer a FURIA e a Isurus. Esse split foi bem duro, não senti o sabor da vitória. É frustrante porque sou competidor nato, e não vencer para mim é inadmissível.
Você acha que o formato, neste ano, prejudicou um pouco vocês?
Sem dúvida prejudica, mas longe de ser o fator primordial. Na pegada que estávamos, dificilmente, se tivesse mais jogos, voltaríamos a jogar o “uau”. Começamos bem e depois fomos mal. Nos outros splits, começamos mal e melhoramos, dava para ver a evolução. Nesse, foi o contrário.
Vocês pareciam confiantes contra a Isurus e acabaram perdendo mesmo fazendo bons jogos. Acha que foi ali em que o FXW7M começou a se perder?
Cara, vou ser bem sincero: desde o split passado a gente já tinha uma boa leitura sobre a FURIA. No primeiro jogo desse split, deu até a impressão de que poderíamos disputar coisas grandes no campeonato.
Nossos treinos estavam bons, acreditávamos que precisávamos dar um step up, mas que não estávamos tão distantes do nível que acreditávamos.
Só que a derrota para a Isurus foi um balde de água fria. Treinávamos com eles, contra a própria LEVIATAN também, e sabíamos do nosso potencial porque conseguíamos ganhar de times que estavam acima deles na tabela.
Tínhamos certeza de que éramos um time para brigar. Tanto que outros times também falavam que estaríamos ali disputando no meio da tabela. A gente realmente acreditava que poderia brigar nesse split.
Mas aí acontece a derrota para a Isurus. Tu pensa: “pô, é um 2-0 moral”, mas 2-0 moral não é vitória. E logo depois a LEVIATAN escolhe a gente, e acabamos fazendo mais um péssimo jogo contra eles. Isso fez o time perder um pouco de confiança, para ser sincero.
Depois daquela derrota, a semana de treino foi bem difícil. Tivemos que usar a primeira semana só para tentar recuperar a confiança, e só na segunda começamos a preparar melhor os jogos, que estavam até melhores antes do próximo confronto.
Mas, cara, foi realmente difícil aquela derrota para a Isurus. Acho que, se tivéssemos ganhado aquela série, a confiança teria aumentado e as coisas poderiam ter sido diferentes. Mas não tem como falar de algo que não aconteceu, né?
Acha que a confiança da equipe foi abalada, também, pela sequência negativa de resultados que vêm de outros splits?
Quando a gente fala de esporte coletivo, existe a confiança em grupo e a confiança individual. No começo estávamos bem individualmente, mas, conforme começamos a perder e cometer erros bobos como time, a falta de confiança no grupo também derrubou o individual.
O histórico negativo acaba vindo à tona de alguma forma. É difícil lidar com isso — perceber que você não está mais jogando bem, que o grupo não está mais rendendo, e que já carrega esse histórico.
Foi um trabalho complicado: primeiro reconhecer o problema e depois conseguir trabalhar isso com psicólogo e staff. Diria que foi um ano bem difícil para o grupo.
Como você avalia o respaldo interno para você e o Aoshi seguirem comandando esse projeto dentro do Fluxo W7M?
Esse projeto foi montado no início do ano. Eu saí da LEVIATAN, no México, e cheguei depois, quando já estava pronto: jogadores definidos, estrutura feita.
Entrei como um coach secundário em determinado momento, com a ideia de construir uma base para os splits seguintes, entendendo quem poderia permanecer até o fim do ano. É normal a line ir sendo reduzida ao longo do tempo, sobrando um ou dois jogadores da formação inicial.
A chegada do Aoshi, por exemplo, foi excelente. Trabalhamos muito bem juntos. A organização também agiu de forma positiva, sempre pensando no longo prazo. Mesmo com resultados ruins, tanto a staff quanto a organização estão unidas, cientes de que precisamos fazer algo diferente se quisermos resultados diferentes.
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