Após o término do VCT Lock In, muito se falou sobre o comportamento da torcida brasileira. A cultura de arquibancada do brasileiro e da brasileira foi atacada por um jogador que não entende o que se passa no país.
Somos e torcemos como latinos
Primeiro é preciso situar geograficamente onde estamos: América Latina. O esporte sempre foi uma válvula de escape dos muitos problemas que cada indivíduo possui em sua vida. O amor pelo esporte está na alma do brasileiro e na arquibancada.
Na periferia do mundo, a cultura de arquibancada é diferente. Como esporte mais popular do Brasil, é natural que o futebol seja referência para os torcedores no VALORANT ou CS:GO. Desde crianças aprendemos o jeito brasileiro de torcer e essa maneira vai às arenas de esports. Gostem os estrangeiros ou não.
Para entender a arquibancada brasileira nos esports é preciso entender os estádios brasileiros. As músicas que tanto gostam vem dos templos do futebol brasileiro, assim como as canções que não gostam. E está tudo bem. O problema é relacionar a vibração com atos criminais.
Críticas sem contexto
Jogador da NRG, ardiis não tem que ser fiscal de torcida. Não é ele quem dirá o que o torcedor brasileiro irá cantar ou como deve se comportar. Quem manda em nossa casa somos nós. Aliás, arddis, além de tecer uma crítica infundadas à torcida brasileira, acusou, sem ao menos entender o contexto, os brasileiros do crime de incitação à violência.
O jogador está certo ao cobrar providências sobre o roubo de equipamentos. Isso é inadmissível em um campeonato internacional. Mas imputar crimes à torcida brasileira não faz sentido.
Uma das críticas de ardiis é o grito “Uh, vai morrer!”. Para o jogador, isso seria uma ameaça dos brasileiros. O letão nunca frequentou estádios brasileiros, não entende a cultura de arquibancada. Portanto, ele não pode falar algo que não tem domínio apenas por falar.
Quando falamos que o adversário chegou ao ‘Território Hostil’, não quer dizer que os jogadores vão sofrer agressões, mas que serão pressionados para perder. Quando cantamos que a arena ‘Vai virar um Inferno’, não transformaremos o ginásio no conceito bíblico do termo.
É preciso que os jogadores e personalidades que venham até o Brasil, ou que criticam de casa, tenham o conhecimento de figuras de linguagem e não levem tudo literalmente.
Eurocentrismo exacerbado
Na Europa, continente de origem de ardiis, a cultura de arquibancada é diferente. O jogador já ouviu falar em pressão contra o time adversário? A torcida está lá para torcer pela sua equipe e para ajudá-la a sair com a vitória, faz pressão. Ninguém vai matar ninguém, ardiis, pode ficar tranquilo.
O letão comparou o VALORANT ao MMA ao dizer que o grito “Uh, vai morrer!” é do esporte citado e que não estamos nele. Veja bem, o VALORANT é um jogo do gênero de Tiro em Primeira Pessoa. Os jogadores compram armas para matar os adversários e vencer.
O canto pode ser para um adversário ser eliminado no final do round ou para botar pressão no adversário antes do jogo. Como já dito antes, ninguém vai matar ninguém de verdade.
Nossa gente vem primeiro
Outra crítica sem sentido é a de tarik. O americano criticou a torcida brasileira por deixar o Ginásio do Ibirapuera antes da Fnatic levantar o troféu que conquistou contra a LOUD. O ex-jogador apenas esqueceu que quase a arquibancada inteira era LOUD. O torcedor é movido pela paixão. Ele não pode cobrar o torcedor por isso.
Em determinado momento, tarik criticou a torcida brasileira por marcar presença nos jogos para assistir os times brasileiros e seus jogadores, mas não demonstrou amor por outras equipes.
Que tipo de amor tarik estava esperando? Vamos às arenas assistir e apoiar os nossos. Se o adversário não tem torcida no ginásio, paciência. É do jogo e não foi desprezo. Apesar de ter jogado no MIBR, tarik não aprendeu a cultura de arquibancada brasileira. É normal.
Torcemos para os nossos e se nossa gente não conquistar o título, é natural que deixaremos a arena após a derrota. Não é que não respeitamos o adversário, só estamos tristes por não ficar com o título, principalmente da forma como aconteceu ali no Lock In, em que ficamos a dois pontos de levantar a taça.
Aliado a isso, ainda houve reclamações de um calor insuportável na arena e seguranças “expulsando” os torcedores assim que acabou o evento. Junto a isso, ainda temos que ressaltar que São Paulo não é nada seguro às 9 horas da noite.
Mas, sendo sincero? Mesmo se não tivesse acontecido nenhuma dessas situações, não se pode tirar o direito do torcedor brasileiro de sentir a tristeza da derrota, de apenas querer ir embora após torcer cinco horas seguidas e não chegar ao título.
Isso não é desrespeito com o adversário, mas apenas nosso modo de torcer. Gostem ou não, a arquibancada brasileira merece respeito
Vou reafirmar: a cultura de torcida do esports brasileiro é muito similar às arquibancadas dos estádios de futebol, é nossa referência. O torcedor é passional. Não espere atitudes racionais diante de uma derrota amarga.
Não estamos errados por sermos diferentes
A conclusão que podemos tirar disso tudo é que muitos estrangeiros desconhecem a cultura da torcida brasileira e projetam nos brasileiros aquilo que eles pensam que é “certo”, o que é errado.
Estamos em outro país e em outro continente. Com vivências diferentes, torcemos como aprendemos desde crianças, pressionamos e ficamos tristes quando nossa equipe não conquista o que se espera.
Isso não é desrespeito com o adversário, mas apenas nosso modo de torcer. Gostem ou não, a arquibancada brasileira merece respeito.