No último domingo (7), a FaZe Clan se consagrou campeã da South America League Finals 2025, principal torneio de Rainbow Six Siege X no Brasil. Os playoffs foram realizados inteiramente no Pavilhão Lucas Nogueira Garcez, também conhecida como Oca, no Parque Ibirapuera, em São Paulo, entre os dias 4 e 7 de dezembro.
A partida decisiva entre FaZe e FURIA reuniu duas equipes inteiramente brasileiras — algo cada vez mais raro em outras modalidades. O R6, por sua vez, segue na contramão e exporta jogadores para outras regiões, algo que Leandro “Montoya” Estevam, diretor de Esports da Ubisoft na América do Sul, classificou em entrevista ao Mais Esports como motivo de orgulho:
Mas não temos nenhum problema em exportar jogadores — na verdade, gostamos disso, porque demonstra a força do Brasil como uma região capaz de formar atletas de altíssima qualidade.
Confira abaixo o bate-papo exclusivo com o diretor de Esports da Ubisoft na América do Sul:

Lembro que na última conversa que tivemos, você falou que pretendia triplicar os torneios de comunidade, quase uma promessa de político. Essa meta foi atingida?
Mostra que você tem uma boa memória — e foi quase uma promessa de político mesmo, né? Mas a gente conseguiu, sim. Nosso ano fiscal vai de abril a março, e já mais do que dobramos a quantidade de jogadores envolvidos em torneios de comunidade em comparação ao ano fiscal anterior.
Também temos a pretensão de, quem sabe, triplicar esse número. A iniciativa para aumentar a quantidade de torneios de base parte de praticamente três frentes: a Ubisoft apoia torneios com criadores, torneios com organizações e também com páginas de comunidade — além de iniciativas com marcas.
Para os melhores e maiores, inclusive, oferecemos premiação. O ponto central é que qualquer marca ou iniciativa que queira organizar um campeonato de Rainbow Six pode submetê-lo para aprovação na nossa plataforma, e, uma vez aprovado, ele se torna um campeonato homologado.
Estamos indo muito bem esse ano. Uma iniciativa de destaque é a Seasonal Series, que lançamos recentemente, em setembro, que também aceita participação de consoles. Fazia algum tempo que não fazíamos algo assim, e está indo muito bem, com uma boa divisão entre PC e consoles.
Para o ano que vem, com o objetivo de expandir ainda mais os campeonatos de comunidade, vamos incluir um sistema de pontuação. Nele, os times que participarem dos campeonatos de base ganharão pontos que servirão como seeding para torneios de Tier 2, ajudando esses jogadores a seguirem uma trajetória em direção ao cenário profissional.

Nessa linha de integração com consoles, vocês têm visto um aumento geral de jogadores competindo no Brasil ou em questões globais também?
Sim, o aumento de jogadores competindo em campeonatos de comunidade ocorreu globalmente, não apenas na nossa região. Esse foi um direcionamento estratégico mundial no começo de 2025. Estamos muito felizes por conseguir cumprir essa meta tão bem aqui na América do Sul, e outras regiões também observaram esse incremento.
Sobre a integração dentro do jogo, lançamos a aba de esportes no próprio cliente, o que nos ajudou bastante. Também temos agora uma competição interna, o Siege Cup, lançada este ano, que já representa um passo importante nesse ecossistema de torneios.
O lançamento do Siege X e o fato de o jogo ter se tornado gratuito facilitaram o acesso de mais pessoas ao game e, consequentemente, aos campeonatos de comunidade.
Isso também permitiu que jogadores habilidosos, que já alcançaram altos elos na ranqueada, se envolvam em competições com um ambiente mais controlado e competitivo, no qual seus resultados são levados em conta para os próximos torneios.
É uma confluência de fatores pensada para ampliar a base competitiva, garantindo que, no futuro, continuemos formando pro players e realizando finais tão bonitas quanto esta aqui na OCA.

Como você encara a exportação de jogadores brasileiros no Rainbow Six, movimento que se tornou comum na modalidade? Vocês têm algum plano de reter mais talento no Brasil?
É uma boa pergunta. A gente acaba ficando com aquela sensação parecida com a do futebol, de que estamos perdendo nossos principais talentos para mercados mais ricos, digamos assim.
Mas não temos nenhum problema em exportar jogadores — na verdade, gostamos disso, porque demonstra a força do Brasil como uma região capaz de formar atletas de altíssima qualidade.
É importante lembrar que a América do Norte e a Europa têm uma quantidade absoluta de jogadores muito maior do que a região sul-americana, seja por acesso à tecnologia, seja por acesso às plataformas de jogo.
Ainda assim, mesmo com uma amostra menor, os jogadores que formamos aqui são muito bons e competem nessas duas ligas. Inclusive, temos atletas atuando também na Ásia; hoje há brasileiros espalhados pelas três principais regiões competitivas.
A Ubisoft é uma das fundadoras da Esports Nations Cup, e o Rainbow Six faz parte do projeto. Será aquela competição de nação contra nação, cuja primeira edição acontece agora em 2026.
Quando consolidamos os números e analisamos a distribuição de vagas por região, constatamos — como você já tinha percebido — que o Brasil é o país com o maior número de jogadores profissionais de Rainbow Six Siege. Não apenas competindo aqui, mas distribuídos pelo mundo todo. Para nós, isso não é um problema; é motivo de orgulho.

Existe uma expectativa de expandir grandes eventos, como as finais do SAL, para outras regiões?
A gente sempre avalia diferentes capitais para levar os nossos eventos principais. Existe uma concentração maior de jogadores de Siege no Rio, em São Paulo e em Minas, muito por conta da própria distribuição populacional do Brasil e do acesso aos canais e plataformas. Por isso, acabamos priorizando esses mercados ou essas cidades, já que é onde está a maior parte da comunidade.
Mas isso não impede que levemos eventos para outros lugares, seja por incentivo fiscal, seja simplesmente pela intenção de variar e mudar o cenário. Desde que o próprio Six Invitational se tornou itinerante, nós também temos a pretensão de realizar eventos em diferentes regiões, aproximando cada vez mais a experiência presencial da comunidade.

Quais são suas expectativas para o Brasil no Six Invitational após um Major difícil em Munique?
A gente espera um grande evento em Paris. É a sede da Ubisoft, então realmente existe um carinho especial da companhia com esse campeonato. Vai ser difícil para as organizações brasileiras enfrentarem as equipes europeias. Além disso, teremos também a região MENA com a Falcons, que está muito forte e conta com um elenco formado majoritariamente por jogadores franceses. Então, acredito que vai ser pedreira.
Mas o Brasil nunca chega a uma competição sem ser considerado favorito — quase sempre é um dos favoritos e também o time a ser batido, seja pela América do Norte, seja pela Europa ou pela MENA. Esse é um pouco do nosso papel.
Minha expectativa é ver um time que joga a South American League chegar às finais do Major de Paris. E, sobre sermos campeões ou não, vamos ver se a galera vai aguentar a pressão, porque promete ser interessante.









