Em 2019, a line-up composta pelos jogadores Pires, Level Up, Nobru, Fixa e Japa fez história no cenário de Free Fire ao conquistar os títulos da terceira edição da Pro League e do Campeonato Mundial.
Entre os quatro campeões mundiais estava Pires, membro importantíssimo na brilhante campanha e fundamental para o sucesso obtido pelo esquadrão corintiano. E ele contou hoje sua história para o Mais Esports; uma história que começou como o estudante de engenharia Douglas e que em breve se tornou um campeão mundial ao lado do Free Fire.
Pires, infância e adolescência
“Desde criança sou viciado em jogos”, comentou o jogador em entrevista por telefone. “Minha infância foi basicamente de jogar queimada, roubar bandeira, bolinha de gude, videogame, bastante futebol, enfim, qualquer jogo que tinha eu estava lá para brincar”.
“Na escola eu não era um aluno muito dedicado, mas tudo que os professores me passavam eu aprendia fácil. Nunca tive notas baixas e sempre fui acima da média. Então por mais que eu fosse um aluno atentado e que fazia bagunça, conseguia fazer as coisas, principalmente em matemática”.
Conforme o tempo passou, ele também teve que passar pela mesma escolha de tantos outros adolescentes. “Em 2016, eu prestei o vestibular para engenharia mecânica, e já em 2017, comecei na faculdade. Acabei estudando só um período”, revela o jogador.
“Estava entrando em depressão com a perda de meus pais, e então resolvi voltar para minha cidade natal”.
Começo no Free Fire
“Comecei a jogar Free Fire logo quando lançou, antes até da Season 1”, cita o profissional. “Não fiquei viciado no jogo logo de cara, até pelo fato de que eu estava na faculdade e depois que meus pais morreram, larguei o curso e acabei indo morar na cidade onde a família da minha mãe morava, e lá eu comecei a trabalhar em um restaurante. Eu fazia de tudo. Era caixa, churrasqueiro, garçom… O estabelecimento era da minha tia, então eu ajudava como pudesse”.
“Eu fiz 55 booyah diretos para conseguir pegar top global. Era complicado demais antigamente”
“No final de 2017, eu passei no vestibular para cursar radiologia. A partir dai minha vida foi a seguinte: trabalhava no restaurante das 8h da manhã até às 16h da tarde, depois jogava Free Fire das 16h até às 17h30, pois meu ônibus passava às 18h, e então voltava a jogar 23h e ia até 1h da manhã. No começo eu não era um cara que passava o dia inteiro no Free Fire. Eu trabalhava, estudava e jogava apenas 4 horas por dia”, completa.
Quando o Free Fire virou mais do que só diversão
“Na época era muito difícil de pegar top global. Quando pegava 3900 pontos, começava a ganhar apenas 2 pontos por booyah e perdia 15, 10 pontos. Não tinha essa coisa de primeira do dia com 20 pontos nem pontuação dobrada. Eu fiz 55 booyah diretos para conseguir pegar top global. Era complicado demais antigamente”.
“Ainda nessa época eu conheci um streamer que chama Price. Eu estava top global e eu era muito fã dele, então pedi para ele me chamar para jogar. Foi aá que começamos a conversar, e ele foi fundamental no meu crescimento como profissional. Price me ajudou com meu canal no YouTube, me arrumou um contrato de streamer e foi depois desse contrato que eu decidi que queria viver do Free Fire”, cita o jogador.
A entrada no competitivo do jogo foi modesta, lembra ele. “Eu participei da Copa Brasil de Free Fire, que foi a primeira competição oficial da Garena, que aconteceu na BGS de 2018. Nesta ocasião, meu time acabou ficando em 7° lugar. Logo depois, eu me inscrevi para disputar a primeira edição da Pro League, segundo campeonato presencial da Garena. Assim como no último, minha equipe também ficou na 7ª colocação”.
Chegada ao Corinthians
“Para ser sincero, eu não tive nem reação quando recebi a oferta do Corinthians. Eu não acreditava. Só pensava que iria conhecer os jogadores de futebol, a nação… Eu fiquei muito surpreso”.
“Graças a Deus deu tudo certo. Nós fomos apresentados no CT (centro de treinamento), com direito a coletiva de imprensa como se fossemos jogadores de futebol. Foi uma coisa de outro mundo”.
“Consegui realizar um sonho meu de infância. Por mais que eu não seja atleta de futebol, sou um jogador profissional. Represento um time, uma torcida e também o Brasil quando disputamos o mundial em 2019”.
Time passou a ser uma família
“Quando eu fui para São Paulo, logo no início do projeto, eu fiquei na casa do pai do Nobru por umas 2 semanas”, relembra o jogador. “Ele me recebeu mesmo sem nunca ter me visto na vida, sendo de outro estado, e que só conhecia pelo Free Fire, de braços abertos. Ele foi um pai para mim durante essas duas semanas, e continua sendo até hoje. Nossa relação é de pai e filho, inclusive eu chamo ele de pai”.
“Ele [o pai do nobru] me recebeu mesmo sem nunca ter me visto na vida, sendo de outro estado, e que só conhecia pelo Free Fire, de braços abertos.”
“Nosso time criou laços e hoje somos uma verdadeira família. Se um precisa o outro ajuda e nunca deixamos ninguém sozinho.”
“Todos nós somos irmãos”.
Conquista da Pro League e do Mundial em 2019
“Acredito que sou o único atleta no cenário de Free Fire que participou de todas as competições presenciais da Garena até hoje. E desde que comecei tinha como objetivo profissional ser campeão brasileiro. Assim que conquistamos o título e a classificação para o internacional, minha meta passou a ser conquistar o mundial de Free Fire, que é o principal campeonato da modalidade”.
“Quando eu entrei para jogar no mundial, na 7ª queda, nós estávamos em 3° lugar com uma diferença de 500 pontos para o 1° lugar. Antes de começar, eu falei pro meu chefe e para o técnico que eu ia subir, dar 2 booyahs e depois raspar a cabeça. Eles meio que deram uma risada, até por porque nós precisávamos de um milagre. 2 booyahs e torcer para a Rússia cair em uma colocação ruim”.
“Eu subi para jogar já com o espírito de que nós seriamos campeões. Quando cheguei no palco, falei para os moleques que nós daríamos 2 booyahs, e que depois eu iria raspar a cabeça. Todo mundo começou a dar risada e isso mudou o clima do time. Eles estavam muito tensos e precisávamos dar uma descontraída”.
“Nós conseguimos o booyah na 7ª queda, e a torcida veio junto. Ver aquela gente toda gritando ‘Eu acredito’ e ‘ Sou brasileiro e não desisto nunca’, foi dando cada vez mais motivação. A gente gritava e vibrava a cada ponto e kill conquistada. Foi uma coisa de outro mundo. Acho que nunca mais vou viver um momento igual a esse”.
“Quando a gente levantou a taça, praticamente ‘zeramos’ o game. A sensação é indescritível. Saber que só existem cinco pessoas no mundo que podem falar que são campeãs mundiais é realmente incrível. É o maior campeonato do Free Fire e nós trouxemos o título para o Brasil”.
Mensagem de Pires a todos que acompanham e torcem por ele
“Se você acredita em seus sonhos, lute para conquistá-los. Deus nunca vai te dar um fardo que você não possa carregar”.
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