A LEC voltou atrás do acordo com a NEOM, companhia que é responsável por criar uma cidade planejada na Arábia Saudita. A novidade, anunciada na manhã dessa quarta-feira (29) revoltou casters da liga e outros profissionais envolvidos no campeonato.
— LEC (@LEC) July 30, 2020
Na nota que revelou o fim do acordo entre a liga europeia de League of Legends e a companhia NEOM, o diretor de Esports Alberto Guerrero enfasou a importância de “reconhecer quando erramos e trabalhar rapidamente para corrigi-los”. “Estamos compromissados em reexaminar nossas estruturas internas para evitar que isso não ocorra de novo”, finalizou.
Pouco tempo após a parceria entre NEOM e LEC ser revelada, narradores e analistas da competição repudiaram o acordo. Nomes como Sjokz, Quickshot e Froskurinn foram alguns que se pronunciaram.
Outra importante organização nos Esports que firmou parceria com a NEOM foi a BLAST. Com a repercussão negativa no cenário de League of Legends, comentários de repúdio sobre o acordo entre a organizadora de grandes campeonatos de CS:GO e a companhia foram publicados. A BLAST ainda não se pronunciou.
Entenda o caso
A Arábia Saudita tem um histórico muito negativo quando se trata de direitos humanos contra a comunidade LGBTQIA+, que inclusive é uma das causas que a própria LEC defende e apoia. O país não possui leis contra a discriminação sexual ou de gênero, e a advocacia para direitos LGBT lá é ilegal. Homens homossexuais que se casam na região e praticam a sodomia, podem até ser condenados a chibatadas, exílio e até pena de morte por apedrejamento.
A NEOM é uma cidade planejada que está tendo um investimento e 500 bilhões de dólares para ser construída. Ela foi anunciada pelo príncipe herdeiro Mohammad bin Salman, que já foi acusado de ser responsável pela decapitação de várias pessoas injustamente, incluindo uma execução em massa no ano de 2016. O príncipe também é acusado de ser um dos mandantes do assassinato brutal do jornalista Jamal Kashoggi.
Além de toda a polêmica envolvendo pessoas da comunidade LGBTQIA+, a construção da cidade NEOM está recebendo várias denúncias de expulsão dos povos nativos da região, inclusive com o líder ativista Alia Hayel afirmando que a cidade está sendo construída sob o “sangue e ossos” da tribo Huywaitat.
Ao Globo Esporte, o Mestre em Relações Internacionais Guga Chacra classificou como “deplorável” o acordo da LEC. “5 dos 19 terroristas do 11 de setembro eram da Arábia Saudita. O ditador, príncipe herdeiro, é acusado de crimes contra a humanidade. Já bombardearam casamentos, funerais, ônibus escolares… Há um mega bloqueio até de alimentos e remédios. Isso é para ter uma dimensão do que é a Arábia Saudita”, disse.