Na última sexta a IG, favorita ao título do MSI 2019, foi eliminada pela Team Liquid, que ocupava o quarto lugar na tabela. Já faz um tempo que venho falando sobre a tal “síndrome do underdog”, que é um fenômeno que considero comum quando times tidos como inferiores se sobressaem aos favoritos. Neste ano vimos isso ocorrer com frequência. Griffin na LCK e Flamengo no CBLoL foram alguns dos maiores exemplos de equipes quase que invictas que perderam suas finais contra times em ascensão.
Em meio a esse fato, algumas questões. Como isso aconteceu? O que deixamos passar? Há algo muito particular e intrínseco ao esport que mesmo os melhores e mais experientes analistas não podem prever, algo que é extremamente situacional e dependente de uma série de fatores internos e externos, a mentalidade. Diferente de como muitos acreditam, mentalidade não envolve apenas nervosismo e ansiedade ou outros fatores psicológicos como o estresse, mas principalmente o modo que o jogo vai ser encarado pelos jogadores.
League of Legends é um jogo em grande parte mental e que pode ser muito frustrante. Quantas vezes nos decepcionamos jogando e dizemos que nunca mais vamos jogar? Falando por mim, várias vezes. Não é diferente para os profissionais, que ainda contam com uma pressão muito maior, especialmente dentro do stage. Mas o que acontece para que times com excelente desempenho percam as rédeas em momentos decisivos?
A Invictus, assim como o Flamengo e a Griffin, foi uma equipe que se manteve com pouquíssimas derrotas mas, por mais que isso seja positivo, cria-se uma dificuldade em trabalhar com a possibilidade de perder. Isso significa que não há um mindset “correto”, não há uma receita de como um time deve se comportar para vencer, mas que os jogadores devem aprender a desenvolver autoconfiança e comportamentos que vão auxiliá-los durante o jogo. Então estar numa posição de favorito não necessariamente seja algo vantajoso.
Jogadores profissionais são muito bons mecanicamente e provam isso diariamente. Erros acontecem pois são humanos e ninguém pode ser perfeito, nem mesmo os grandes nomes das equipes anteriormente citadas. Não há garantias quando se trata de uma série em que vale tudo ou nada, afinal, o contexto tem grande influência em como esses jogadores vão lidar com o momento.
É sempre importante ressaltar que a estratégia é fundamental, mas boas execuções de jogadas estão atreladas à aspectos emocionais como autocontrole, autoconfiança, comunicação adequada e assertiva, dentre outros. Da mesma forma, quando se joga sem medo, o jogador é capaz de arriscar mais e não fica tão ansioso com a possibilidade de errar, porque errar faz parte e o que mais importa no fim é fazer o seu melhor.
Tanto a vitória quanto a derrota estão atreladas ao mindset e ao modo como os jogadores se preparam anteriormente e durante o momento da partida. Assim como uma sequência de erros facilita uma derrota, uma sequência de acertos e comportamentos in game que concedam vantagens tornam a vitória mais viável. Esse fato demonstra a importância do preparo mental para momentos decisivos, tanto do lado favorito como para o underdog.
Eu espero que os campeonatos continuem nos surpreendendo, e não é a toa que times ocidentais tem se destacado, o trabalho mental dessas equipes torna-se cada vez mais notório, mal posso esperar para a ver a evolução disso no próximo Mundial.