De país para país e de região para região, mudam-se muitas coisas, principalmente no aspecto cultural, e claro que os Esports não ficam de fora dessa equação. O treinador brasileiro, Turtle, ex-Evil Geniuses e fechado com o Fluxo, participou do podcast Md3 e falou sobre as diferenças principais entre jogadores brasileiros e internacionais.
Eu trabalhei com duas line-ups totalmente diferentes. A primeira tinham vários aspectos que lembram o Brasil, porque não eram atletas, mas jogadores. Na segunda, eu conheci atletas. Eles não precisam de ninguém para dizer a eles o que fazer, eles correm atrás de melhora sozinhos, correm atrás da saúde física, todos vão para academia, todos se alimentam muito bem, é bem regrado. Principalmente os três mais veteranos, tinham essa vida de atleta, essa é a maior diferença.
Turtle explica também que esse contraste não acontece por conta simplesmente do jogador ser estrangeiro ou não ser brasileiro, mas sim porque há um ecossistema mais favorável para isso, em comparação com o Brasil. “Aqui nós temos isso também, mas vai de pessoa para pessoa.”
“Essa é uma questão delicada, porque depende de cada pessoa. Lá fora existem também só jogadores. Os atletas não estão sendo bem direcionados, eles podem usar o tempo para treinar melhor, mas não treinam da forma mais eficiente. Já estamos numa região não tão boa e a melhor forma de melhorar é assistir jogo, mas nem todos querem assistir”, explica.
Deve-se aprender a aprender
O treinador campeão da LCS também comentou que não basta só o jogador assistir a partidas na Coreia e China, mas que é necessário, além disso, é saber aprender e fazer uma espécie de “engenharia reversa” para absorver o que está assistindo.
Tem que partir de cima, o dono da organização, quem ele contrata para gerir, quem ele contrata para ser o treinador. Já tem muita falha já nesse começo para termos essa transformação de jogadores em atletas.
O que dificulta o processo, de acordo com Turtle, são justamente essas falhas desde o início. “Imagina você tem 15 anos e você entra numa organização que não te dá nenhum direcionamento. Claro que existem casos de gente que se dedica do jeito certo desde cedo, mas é muito raro.”
Turtle ressalta que o processo para se tornar um atleta tem que começar desde cedo. “Sempre teremos jogadores e atletas, pois sempre teremos jogadores que estão aprendendo até virar atleta de fato.
Diferenças entre regiões
Mas como que a própria região influencia nisso? Turtle explicou também como a cultura de “empresa” das organizações norte-americanas influencia no processo do jogador se tornar atleta de forma positiva. “Lá as coisas são mais business, eles não estão nem aí para o quanto de experiência você tem, mas sim como você a usa.”
Essa é uma das maiores diferenças que eu senti e sofri para me adaptar. Não só o idioma e conversas sobre coisas pessoais fora de jogo, mas também essa questão dos times serem mais empresas.
Você pode assistir ao corte abaixo.
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