A paiN Gaming foi eliminada da LTA 2025 após tomar um 3×0 da 100 Thieves e o jungler da Tradição, Cariok, topou falar com o Mais Esports em entrevista exclusiva para falar sobre a série e o ano de 2025. Confira abaixo:
Cariok, eu queria que você explicasse por que esses três jogos foram tão difíceis, no máximo de detalhes possíveis.
Então, eu acho que o primeiro jogo a gente tinha uma composição um pouco difícil. A gente dependia bastante do making do Lucian e Nami e, a partir do momento que não conseguimos fazer isso, quando ficamos um pouco atrás, o jogo acabou ficando difícil pra fightar os objetivos. Acho que faltou a gente ter jogado um pouco melhor como time, demos algumas kills que não precisava também.
Na hora em que eu tava invadindo lá, eu tinha que saber que eles podiam swapar, então eu tinha que ter pego o lobo e saído fora. Teve uma hora que eu divei Bot também em que morri, não era pra morrer. Foram muitos erros pequenos que acabaram deixando o jogo difícil.

E aí, no jogo 2, eu meio que sabia o que o cara ia fazer de Jarvan, e acho que tinha respondido bem: wardei meu blue e fui lá, só que perdi no smite. Eu falhei, faltou um segundo pro smite. O early game foi um pouquinho mais pra ele, mas acho que a gente virou muito bem o segundo jogo. Conseguimos pegar o ritmo, pegar as Vastilarvas, só que erramos algumas coisas. Erros de posição que normalmente a gente não é punido no nosso campeonato, mas eles, quando viam que a gente tava separado, sozinhos, davam um engage muito assertivo.
Esse jogo tava nas nossas mãos e a gente acabou entregando numa fight ruim no mid.
Só te interromper rapidinho. Aquela fight, qual era a ideia, Cariok? Era engajar? Era jogar pro rio de baixo?
A ideia desse segundo jogo era dar match no mid, porque eles poderiam escolher o Baron, podiam deixar a alma e jogar pro Baron. Então a gente não queria trocar, queria dar match no mid. Não sei se foi a melhor decisão, mas era o que o time todo tava acordado a fazer junto. Conseguimos dar um engage bom na Aurora, acho que o engage do Roamer foi bom, mas erramos na sequência. A gente podia ter jogado mais slow. Foi erro de teamfight: envolve individual, mas também envolve como o time fighta, em coletivo. Nessa última fight eles conseguiram ganhar, mesmo a gente estando com uma boa vantagem e controlando o jogo. Foi bem ruim perder esse jogo.
Sobre a terceira partida, a gente sabia que top era uma match importante. Eu escolhi começar na jungle da Qiyana pra evitar que ela fizesse alguma coisa top-side, e acho que passamos bem o early game, até pegamos um pouco de vantagem na Gwen. Só que era uma composição mais difícil. No segundo jogo eu sentia muito que a gente ia ganhar, pelo jeito que estávamos fightando e em como funcionavam as composições. Essa última precisava que a gente jogasse muito bem.
Foi um jogo pegado, acho que foi bem even durante boa parte. Tivemos até vantagem, mas perdemos em teamfight. Eles fightaram melhor e ainda tomamos alguns pickoffs desnecessários. Se tivéssemos sido um pouquinho melhores, poderíamos ter fechado os jogos, faltou isso. Forçamos bastante coisa, não deixamos eles tão confortáveis, mas o que importa é o resultado final, e eles ganharam.
Você considera que a Pain foi displicente nessa série? Porque você falou bastante de teamfights, mas o que eu senti é que vocês iam atrás das kills, só que estavam perdendo wave.
Cara, senti. A gente tava tentando cortar os caras da side, porque é algo que já treinamos também. Mas temos que calcular bem o que vamos perder. Em alguns momentos demos chase e acabamos perdendo wave, eles pegaram pressão.
Às vezes era um pouco de graça: a gente tava mais forte e fazia isso, mas com certeza temos que rever. Algumas vezes vai ser a play certa, mas acho que ficamos muito nisso. Eles estavam bem atentos, apareciam na side já prontos pra responder caso a gente rotasse.
Acho que foi erro de leitura nosso, porque às vezes pegar uma kill antes do objetivo pode fazer você ganhar o objetivo. Preciso assistir (o jogo) de novo, porque isso é com base no que senti, mas sim, acho que demos um pouco de over. Quando tínhamos vantagem, poderíamos ter jogado de outra forma.

Você sente que esse foi o ano mais sufocante da sua carreira?
É difícil falar, porque já tive momentos bem complicados, em que a gameplay não tava boa e a cobrança vinha disso. Mas esse foi infeliz, sim. Geralmente, quando começávamos mal, conseguíamos nos recuperar e terminávamos como um time forte. Nesse terceiro split não conseguimos recuperar nossa força. Até começamos bem nos treinos, estávamos mostrando coisas boas, só que em stage mandamos muito mal. Sinceramente, fomos muito mal como time.
E quando digo “como time”, incluo muitas coisas individuais que afetam. Não foi meu melhor split. Vim de um split bom antes, mas nesse fiquei surpreso com o nosso nível. Mesmo perdendo pra FURIA, eu achava que éramos mais confiantes do que fomos agora. Estava bem difícil de jogar. Fizemos uma série muito ruim contra a RED, e não tivemos tanto tempo pra consertar. Tentamos organizar, inibir os erros e simplificar nosso jogo, mas o principal é que nunca estivemos na mesma página. Sinto que faltou uma sinergia.
Você acha que essa falta de sinergia pode ter a ver com o fator de ter três coreanos e dois brasileiros?
Difícil essa pergunta… Prefiro passar.
Beleza. Como você citou, teve esse problema de sinergia e você também escreveu que não é o único culpado. Quais as lições que você tira desse ano pra sua carreira?
Cara, acho que tive um insight: o que eu falo e repito, as pessoas tomam como verdade. Então, se eu ficar repetindo que joguei mal, que a culpa é minha, as pessoas vão acreditar. Só que tem coisas que você só sabe estando dentro. Como falei no texto, não é apontar o dedo nem culpar ninguém: a gente perde e ganha como time.
Sempre dá pra fazer um pouco mais, eu sei da minha responsabilidade, mas falando de jogo técnico é diferente do que as pessoas veem. É normal no esporte: o público assiste pelo entretenimento, não pra saber tanto quanto o profissional.

A lição que tiro é que preciso ser mais confiante, analisar as coisas mais friamente e não tomar como verdade só o meu sentimento. Eu me cobro muito, então sempre penso no meu erro primeiro. Muitas vezes faço um tweet dizendo que a culpa foi minha, mas tem muita coisa que impacta, decisões coletivas, e dentro do jogo nem sempre dá pra acertar.
Sobre essa confiança, muita gente comentou sobre seu jogo de Trundle. O Takeshi até falou que lembrou o Cariok do início, jogando mais agressivo, indo quase que nível 3. Isso foi uma call sua? Foi do Xero?
Então, eu já vinha pensando nisso. Estava sentindo que tinha pouco impacto no early game. Não que todo jogo precise gankar nível 3, mas às vezes dá pra fazer algo criativo. Eu tava vendo pouco essas janelas. E essas decisões geralmente são conversadas entre laner e jungle.
Nesse último jogo de Trundle, conversei com o Wizer, vi que o top era importante e quis cortar a Qiyana de ir pro top. Acho que fiz certo, dei uma atrapalhada no path dela. Perdi alguns campos, mas no fim foi tranquilo. Era algo que eu já estava refletindo sobre mim mesmo e conversando com o Xero também. Ele comentou que o jogo mudou bastante, então nem sempre vai dar pra fazer plays agressivas, mas quando tiver a janela, é bom aproveitar.

Particularmente, gostei da forma como joguei hoje. Queria ter continuado no campeonato, porque me deu mais vontade de jogar desse jeito.
Última pergunta. Você sente que essa pode ter sido sua última série com o mando da paiN?
Eita… tu veio… tá que tá, hein?! [riso]
Ah, eu não sei sobre o futuro, é difícil falar. Não sei o quanto posso falar também, mas a gente vai tomar a melhor decisão pros dois lados. Se o melhor for eu ficar, vou ficar. Se não, vamos conversar ainda. Futuro é difícil prever.
Um recado final?
Eu falei de não pedir mais desculpas, mas fiquei chateado com o resultado. É aquele sentimento de que podíamos ter ganhado alguns jogos, ido mais longe e conquistado a vaga no Worlds. Isso vai levar um tempo pra digerir. Queria agradecer a torcida, o pessoal que confiou na gente. Mesmo sem bons resultados, sei que apoiaram e acreditaram.
Eu queria ter mais tempo, mais jogos pra mostrar, mais oportunidade. Mas competição é isso.Ficamos por aqui, mas já penso no futuro. Quero ter mais chances, mais oportunidades de voltar, jogar contra times melhores, porque sinto que se consertarmos algumas coisas, conseguimos ganhar sim. Apesar do 3-0, acredito que podia ter sido diferente. Estou olhando pra frente e obrigado pela torcida, né?
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