A FlyQuest atropelou a Vivo Keyd Stars em 3-0 incontestável na LTA Américas 2025. Após a vitória, o jungler Inspired conversou com exclusividade com o Mais Esports sobre a partida contra os brasileiros, a preparação para enfrentar equipes da região, os pontos fortes da FlyQuest e os ajustes necessários pensando no Worlds 2025.
Você esperava que fosse um stomp tão grande contra a Vivo Keyd?
Eu nem esperava que ia ser stomp, pra ser sincero. Indo pra essa série, eu não conhecia muito o time inimigo. Quer dizer, eu conhecia o Trimby. Sei que o Trimby é um ótimo player.
E no primeiro split, a gente fez bastante scrim contra o time do Mireu, e o Mireu deu bastante trabalho pra gente. Então eu sabia que ele era muito forte, mas dos outros três eu não tinha ideia nenhuma de quão bons eles eram. Tipo, será que eles iam pressionar muito? Será que eram jogadores medrosos? Eu realmente não sabia nada.
Então indo pro primeiro jogo a gente tava meio que… não com medo, mas meio hesitante. Tipo, precisando ver como eles iam jogar. Depois do jogo um, eles não surpreenderam muito.
Aí eu pensei: beleza, acho que eles só tão jogando devagar. Pareciam meio com medo da gente, estavam dando muito espaço pra gente fazer as coisas. E depois desse primeiro jogo eu ganhei muita confiança contra eles.
O que você sentiu que faltou para eles aproveitarem os objetivos que conquistaram?
Sim, eles pegaram o arauto também. Minha sensação é que eles podiam ter sido mais agressivos, tentar fazer drag mais cedo, ou forçar algum invade no nosso buff. Porque eu até consegui pegar o red do Xin Zhao no respawn, o que é bem importante. E mesmo com a Akali deles ganhando a lane, a única coisa que eles fizeram foi pegar dois drakes e o arauto.
Eles garantiram os objetivos, beleza, mas nossa comp era full scaling com Ivern e Azir. Então era difícil contestar no rio. Só que eles não tiraram vantagem real de CS quando tinham prioridade, nem invadiram tanto nossa jungle.
E o top laner deles foi perdendo CS aos poucos, então parecia que a gente tava no caminho certo. Eu sinto que, se eles não tivessem cometido o erro de tentar lutar (tentativa de pick-off na Irelia), a gente ia só jogar lento em torno do Atakhan e eventualmente achar uma boa fight, porque nossos champs estavam escalando muito bem.
Então, no geral, senti que eles deram muito espaço em vez de forçar plays mais agressivas, tipo tentar forçar lutas pra queimar summoners (Feitiço de Invocador) e tentar algo mais agressivo ao redor disso.
Na preparação, o que chamou mais atenção na FURIA e na Vivo Keyd?
Sobre a Vivo Keyd, como já falei, parecia que mid e suporte eram os melhores players, e tinham que carregar bastante o jogo. E contra a FURIA, eu senti que o Tatu era o melhor player deles. E jogando scrim contra ele, deu pra sentir que ele era bem forte mesmo. Não parecia ter medo, e sempre que tinha oportunidade de fightar, ele fightava e botava pressão.
Então, no geral, ele foi quem mais me impressionou de toda a LTA Sul. Foi meio triste eles não irem pra final, ou não terem chegado nesse torneio em LA, porque acho que seriam um time bem forte pra enfrentar. Eles também estavam numa boa evolução. Eu até dei algumas dicas pro Tatu lá no Esports World Cup, depois do nosso jogo.
Acho que o time deles precisava focar mais se quisessem subir de nível. Não sei bem o que rolou pra eles não conseguirem ganhar esse split ou nem ficar no top 3. Foi bem triste, na real. Mas acho que o Tatu tem muito potencial, e o time da FURIA gira em torno dele.
RED Canids contra 100 Thieves: qual é a sua visão desse confronto?
100 Thieves é um time muito agressivo, que gosta de fightar. Mas eu sinto que a RED também é assim. Então vai se decidir muito nos 2v2 de mid-jungle. O mid-jungle da 100T é muito forte. Mas acho que o mid da RED é provavelmente o melhor player deles.
Quando joguei scrim contra ele, ele parecia bem agressivo, e a champion pool dele é bem grande. Ele joga tanto de mago quanto de melee, os mesmos champions que o Quid também gosta. Então dá pra esperar uns match-ups tipo Sylas vs Akali. Os dois gostam desses champs e jogam bem com eles.
Se a RED conseguir uma boa situação em torno do mid, eu consigo ver eles ganhando a série. Mas se caírem atrás cedo no mid, acho que fica muito difícil. Eles precisam draftar bem, garantir bot match-ups que empurrem a lane e um suporte que consiga impactar mid. Porque o 1v1 no mid não importa tanto assim. O que conta é se o jungler e o suporte conseguem ajudar.
Se focarem nisso e colocarem o Quid numa situação ruim, acho que a RED tem boas chances de ganhar. Mas vamos ver o que rola.
O que achou da estreia do Gakgos pela FlyQuest?
No geral, o que ele traz é uma pool nova de champions que o Bwipo não joga. O Bwipo ainda é um jogador melhor, mais completo, mas o Gakgos manda bem em champs que o Bwipo não joga. É um bom encaixe: o Bwipo tem os champs dele, e o Gakgos tem outros.
Acho que ele ainda precisa aprender a pressionar o jogo, porque às vezes parece meio hesitante. Mas isso é normal pra rookies, leva tempo pra aprender a forçar mais. O Bwipo é muito bom nisso: quando ele tem vantagem, ele garante que vai transformar em pressão.
O Gakgos é mais de boa, mas acho que ele transforma as vantagens dele em coisas mais seguras. Ele é muito bom de fase de rotas, e se pegar um match-up bom, sempre tira vantagem 1v1. O que ele precisa é aprender a transformar essa vantagem em impacto pro time.
Isso é comum, tem muito rookie com boa lane, mas quando chega no mid/late game falta saber jogar mapa e team play. Aí até um top laner que perdeu a lane pode ter mais impacto que um cara que só ganhou a rota, mas não sabe o que fazer depois.
O que torna a FlyQuest tão acima dos rivais da região?
Acho que o principal é que a gente não sacrifica o jogo de um pelo outro. Deixa o top jogar o 1v1 dele, o mid no 1v1, o bot no 2v2, e eu foco no meu próprio game. Se temos match-up bom, a gente pega vantagem devagar. Se temos match-up ruim, tentamos não perder muito.
A gente não desperdiça o meu Tempo (turno no mapa) só pra gankar à toa, nem TP do top pra salvar alguma lane e eu, sei lá, não vou buscar um campo a mais porque isso pode deixar meu top-laner atrás, Não queremos gastar o tempo do suporte rodando o mapa droppando XP de graça e sacrificando a lane.
É mais como se cada um jogasse o seu próprio jogo, e aí a gente sabe quais são os tempos importantes da partida em que realmente precisamos talvez abrir mão de alguns recursos para agrupar e lutar, ou quando devemos jogar de forma agressiva, e quando temos uma pequena janela que criamos porque jogamos bem na fase de rotas, para conseguir algum tipo de vantagem. Então acho que muitos times simplesmente se juntam, e, digamos, deixam uma onda inteira de minions em um lado do mapa para forçar uma jogada no outro lado sem motivo, só porque sentem que precisam fazer uma jogada. E acho que a gente raramente faz isso.
Parece que nosso jogo é mais calmo, e estamos de boa quando não está acontecendo muita coisa, porque ainda assim mantemos o foco e procuramos a abertura que o inimigo vai nos dar. Acho que isso é a estabilidade e a presença de espírito quando o jogo está equilibrado, que nós temos e os outros times não têm tanto.
Quais pontos a FlyQuest precisa melhorar visando o Worlds?
Eu acho que a gente precisa começar a reconhecer quando temos matchups ruins, porque isso acontece muito, especialmente no bot. Muitas vezes, quando estamos em um matchup que não era pra gente ganhar, a gente ainda tenta ganhar, e isso faz a gente perder mais feio do que deveria.
Então, sinto que precisamos ser melhores em reconhecer quando não é pra gente pressionar, só deixar os caras terem prioridade em cima da gente e talvez ter Tempo no primeiro recall, porque é assim que o matchup deveria ser. Mas às vezes a gente prefere jogar agressivo demais e aí acaba ficando atrás por causa disso.
No geral, acho que dominar a sua fase de rota é o que eleva seu jogo, principalmente contra os times asiáticos. Eles são excelentes em lane phase. Acho que o mid laner deles, o top laner, basicamente todos os carries, todas as lanes, são muito fortes em lane phase. Sempre que a gente vai pra um Internacional, nos primeiros treinos já levamos um choque de realidade na lane, porque parece que todos os times asiáticos são muito pacientes nesse ponto que eu falei.
Eles são muito bons em usar pequenas vantagens que eles criam pra transformar em uma vantagem maior e, além disso, são muito bons em lane phase. Então o jogo fica mais difícil de jogar, e acho que precisamos trabalhar melhor nos pequenos detalhes que acabam virando jogadas grandes.
Mas eu realmente acho que, quando o jogo está parelho depois dos 15, 20 minutos, nós somos um time forte. O problema é chegar nesse ponto contra os times asiáticos, que nem sempre é fácil.
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