MSI 2025: Tem chance? Como joga a G2, adversária da FURIA no torneio

MSI 2025: Tem chance? Como joga a G2, adversária da FURIA no torneio

Entender a superioridade de um time também passa por compreender como ele joga, pensa e quais padrões segue. Por isso, eu — que talvez você conheça como Corres (ou talvez não, tudo bem!) — vou te apresentar os padrões da G2, primeira adversária da FURIA no play-in do MSI 2025.

Entenda como pensa, drafta e joga a G2

O primeiro ponto que vale destacar é que a G2 se assemelha bastante à FURIA — quase como uma versão europeia das Panteras. Se você costuma acompanhar análises, vai reconhecer termos já usados para descrever o time brasileiro: foco em skirmish, busca constante por ferramentas e priorização de gold.

Essa filosofia guia o pensamento, os drafts e os momentos de sucesso da G2. Mas, curiosamente, na Europa, também foi parte do que deu errado na Grande Final — falaremos mais sobre isso em breve.

Como drafta a G2?

Para este estudo, escolhi analisar os drafts das quatro séries mais recentes da G2. Uma tendência clara da região é o banimento recorrente do Maokai, especialmente do lado vermelho. E isso já aponta para um personagem-chave da nossa análise: Skewmond. O jungler teve cinco jogos com o campeão e venceu todos eles, é preciso ter cuidado.

Mas talvez o ponto mais curioso esteja na insistência da G2 em banir o Rumble. O campeão foi retirado em 8 das 11 oportunidades. E aqui está o detalhe importante: nas três vezes em que o Rumble passou, ele foi escolhido duas vezes pelos adversários — e ambas terminaram em derrota para a G2. Vale guardar essa informação.

Outro padrão relevante é o ban no Yone. A G2 baniu o campeão em 11 dos 15 drafts analisados. Nas poucas vezes em que o enfrentou — apenas uma, na verdade — perdeu. Coincidentemente (ou não), Yone e Rumble estavam juntos naquela partida.

Vamos nos aprofundar nesses banimentos específicos, mas antes, é importante observar os padrões gerais:


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Foto: Reprodução./Leaguepedia

Por que Yone e Rumble são campeões que parecem punir tanto a G2?

Algo que parece uma fragilidade recorrente na G2 está na organização do setup de mapa e objetivos, e, dentro dessa esfera, o Rumble se destaca por controlar com facilidade as lutas em torno deles. Da mesma forma, o Yone se sobressai por sua capacidade de dominar as sides e impactar o mapa de forma decisiva.

Outro ponto interessante sobre esses dois campeões é como eles são difíceis de responder no draft. O Rumble, por exemplo, costuma ter uma lane tranquila contra a maioria dos matchups, o que soa como um verdadeiro pesadelo para o Brokenblade, que constantemente busca stompar sua fase de rotas.


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Imagem: Divulgação/LoL)

Já no caso do Yone, acredito que o campeão representa um problema específico para a atual champion pool do Caps, que nas últimas séries tem girado em torno de Taliyah, Ahri e Annie.

O Yone pode vencer todas essas matchups e ainda forçá-las a permanecer na side lane, o que compromete um dos maiores trunfos do Caps: criar jogadas que gerem vantagem.

A questão aqui não é o “Caps não saber jogar de Yone”, mas sim o Yone atrapalhar a função que o Caps vem exercendo atualmente no estilo da G2.


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Foto: Reprodução/LEC Flickr.

Qual é o “estilo” da G2?

Bom, ao falar de draft, estamos falando também de estilo — tudo está conectado. A G2 é uma equipe que joga com foco em reter ouro e buscar sempre as melhores lutas possíveis. Mas toda estratégia tem seu preço: é o clássico “cobertor curto” — ao se cobrir de um lado, o outro fica exposto.

No caso da G2, ao priorizar tantas lutas e recursos, o controle de mapa acaba se tornando mais frágil. O curioso é que essa dificuldade também aparece na FURIA.

Na G2, essa fragilidade é compensada por alguns elementos estruturais: a agressividade acima da média do Brokenblade no 1v1, o Caps tendo ferramentas para impactar as lutas e o Skewmond recebendo recursos para exercer sua função com liberdade.

Entendendo esses pontos, começamos a enxergar com mais clareza os padrões que definem as escolhas da G2 no draft.

O que a G2 preferiu escolher nos drafts?

As três ferramentas mais utilizadas pela G2 nos drafts recentes foram Wukong, Annie e Senna — curiosamente (ou não), os três campeões também apareceram em um draft da FURIA na final contra a paiN Gaming.

Senna e Wukong formam uma dupla com ótima sinergia: o Wukong pode servir como ferramenta de peel para a ADC no late game, enquanto no mid game, é ele quem recebe o suporte da Senna para aplicar seu forte poder de impacto.

Esse combo apareceu duas vezes e, em ambas, a G2 saiu vitoriosa. A força da combinação também reside no fato de permitir que Brokenblade escolha a melhor resposta para o matchup no topo. Confira abaixo os dois drafts:


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Foto: Reprodução./Gol.GG

Com isso, conseguimos traçar uma leitura clara sobre o estilo de draft da G2: Skewmond costuma ser priorizado com campeões que escalam bem para o mid game, Brokenblade recebe a counter pick no topo e é incentivado a forçar o 1v1, Caps atua como uma constante ferramenta de criação e o Labrov cumpre sua função de forma brilhante: iniciando as jogadas.

A função do Hans Sama varia, mas ele normalmente escolhe a opção mais sólida para ter uma fase de rotas tranquila. Senna e Varus são escolhas mais frequentes, mas no decorrer do split, ele também mostrou seu Draven, Kalista e até mesmo Kai’Sa.

Abaixo, você pode conferir as escolhas por rota dos jogadores da G2 durante os playoffs, e algo para se prestar atenção é que, apesar do Jax aparecer apenas uma vez, ele foi um dos campeões mais banidos contra a G2 junto do Maokai, que citamos anteriormente.


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Foto: Reprodução./Gol.GG

Skewmond é o ponto volátil da G2

Se por um lado Caps e Brokenblade são forças impressionantes, e Labrov talvez represente o elo mais fraco da equipe, Skewmond surge como o ponto mais volátil. Quando cumpre bem sua função, a G2 vence com folga, mas, se for contestado com eficácia… é difícil imaginar uma vitória, mesmo que o restante do time esteja performando bem.

Para ilustrar isso — e reforçar muitos dos padrões mencionados ao longo do texto — trago uma análise detalhada do jogo 1 entre G2 e Karmine Corp, última série da G2 na Temporada Regular. Neste jogo, é possível ver como tudo se encaixa “fácil” para a G2 quando o Skewmond está no controle.

Tudo começa na interação Skewmond – bot lane

Perceba como há uma necessidade clara de o bot ser ativo desde cedo — e como o Skewmond se aproveita disso para já começar a puxar recurso para si.

A lane Caps pode ser punida, mas a experiência do jogador é cruel

Aqui também vemos um dos “problemas” de ter o Caps sendo… o Caps. Quando está com campeões de ferramenta, ele costuma se posicionar em lanes mais suscetíveis a punições — Annie é o maior exemplo disso. E, nesse caso, com o gank do Yike, havia a chance real de ele ficar freezado.

Mas, pela habilidade individual, Caps consegue ganhar tempo suficiente para corrigir a wave, e um gank que tinha tudo para ser excelente… se resume a um flash gasto. Qualquer erro na execução da fuga, e aquela jogada poderia ter encerrado a lane ali mesmo.

Agressividade G2

Como já destacamos no início, algo que G2 e FURIA compartilham é o desejo constante de serem agressivos. Após o Caps corrigir sua lane mesmo após sofrer um gank e o Skewmond garantir pressão no bot com sua própria investida, a dupla passa a ter prioridade na parte de baixo do mapa para invadir e criar um skirmish.

O detalhe interessante está no nível de agressividade ainda maior: o Brokenblade se aproveita da informação de que o 4×4 está acontecendo no bot para dar all-in no 1v1 no topo. Em menos de 10 minutos de jogo, toda a G2 já está jogando para frente.

O cobertor curto da estratégia aparece

Mas, quando você é agressivo demais, tende a deixar o mapa desprotegido e pode se perder no Tempo — ou seja, no seu turno de ação no mapa. E foi exatamente assim que a Karmine Corp conseguiu chegar primeiro no rio e garantir o primeiro dragão.

Contudo, é a partir desse momento que começamos a entender um conceito ainda mais profundo.

A G2 joga por ouro – por conta do Skewmond

Parte da vitória nesse jogo começa com uma atitude inteligente do Skewmond. Ao perceber que o Yike está indo para o dragão, ele decide focar no farm. Sabendo que o jungler adversário gastou seu turno no bot, Skewmond entende que pode invadir pelo topo. Repare no minimapa como ele consegue expulsar o Yike de mais um campo da selva, criando uma vantagem individual importante.

Ciente de que a Vi precisaria gastar tempo limpando seus campos, Skewmond usa seu turno com inteligência e amplia ainda mais sua vantagem ao garantir as Vastilarvas. A diferença de CS e ouro entre os junglers começa a disparar.

Mais uma vez, mostrando como o mapa da G2 carece

Mas, apesar da decisão correta do jungler, é a bot lane da G2 que acaba punida. Durante essa movimentação, o duo da G2 inverteu sem controle de wave, perdendo parte dos minions, enquanto a dupla da Karmine Corp já estava uma wave à frente — e aproveita isso para punir, colocar mais pressão e conquistar abates.

Esse momento reforça um ponto crucial: a G2, quando não está totalmente na mesma página no mapa, se torna vulnerável. A falta de coordenação e pequenas displicências em momentos críticos ainda são sua maior fraqueza.

Colocando o “ouro” pra ganhar o mapa

Bom, se você reparou na construção de ouro do Skewmond, neste momento ele já tem mais de 20 de CS de vantagem, cerca de 700 de ouro a mais e um item completo na frente. Com isso, chega a hora de fazer o que se faz de melhor nessa situação: aparecer, forçar e confiar na própria força.

Não por acaso, é agora que o Labrov faz questão de jogar ao lado dele — é nesse ponto que sua capacidade de iniciar realmente brilha. O resultado é um 3v2 que termina com um abate garantido e o suporte inimigo queimando flash e ultimate. Vale reparar também no efeito “ferramenta” do Caps: após corrigir a wave do topo, ele já impacta a jogada.

Mapa sendo punido – mais uma vez…

Enquanto isso, o Yike, sem opções claras, aposta em mais um gank — basicamente por falta de ação no mapa. No mais alto nível competitivo, contra os melhores times da LPL ou LCK, essa decisão seria fatal. Mas contra a G2, ainda funciona, justamente pela falta de sincronia no mapa.

Sei que é um exercício quase injusto, mas pense comigo: o Brokenblade podia simplesmente não ter contestado aquela wave. Ou Alvaro e Caps podiam ter se juntado a ele para expulsar o Canna e melhorar o setup para o Arauto. Nada disso aconteceu. O Yike chega, garante um abate e a G2, mais uma vez, perde tempo precioso.

Mais um bom exemplo do que é trocar por ouro

Com o tempo, o controle de mapa da Karmine Corp melhora e eles têm tudo nas mãos para garantir o próximo dragão. A G2, por sua vez, decide não contestar e opta por trocar o objetivo por ouro. Como? Roubando a selva no topo do mapa e garantindo a torre. A vantagem de ouro do Skewmond sobre o Yike já beira os 1.000, com uma diferença de 20 de CS.

Criatividade do Skewmond resolvendo o mapa

Aqui acontece algo “fora do clipe”, mas que vale destacar: o Caps consegue aplicar bastante dano no Caliste, forçando-o a recuar para base. Com a vantagem numérica criada a partir dessa agressividade, a G2 consegue avançar ainda mais no mapa.

Com o controle territorial em mãos, Skewmond volta a farmar — mas repare no minimapa: ele desce e percebe que o Caliste está isolado no meio. Sabendo que Yike, Targamas e Canna não estão em posição para ajudar, ele abandona o farm e parte para garantir essa kill. Com isso, abre mais uma vantagem numérica e parte direto para o Atakhan.

Tudo gira em torno do mesmo conceito: estou mais forte, então posso me expor mais. Ao ser agressivo da forma certa, gero vantagem numérica. Com vantagem numérica, pego mais mapa. E assim, Skewmond termina o jogo com um impressionante 6/0/8, comandando uma vitória sólida da G2 em 34 minutos.

O que podemos esperar da FURIA?

Bom, esse confronto da jungle vai ser muito interessante porque o Tatu parece pensar o jogo de forma bem parecida — nos picks e nas ações de mapa. Sendo o mais honesto possível, em estilo, ambas as top-sides são muito iguais (claro, considerando a diferença mecânica e de experiência internacional).

Pra mim, o herói dessa série para a FURIA pode ser alguém que pouco se fala: Jojo. As ações do Yike punindo mapa são justamente as que um suporte pode executar com tranquilidade, e já vimos o Ayu aplicando muita pressão, principalmente com Varus e Yasuo.

Foto: Reprodução/LTA Sul Flickr.

Vamos viver batalhas nos drafts — pela Taliyah, Xin Zhao, Wukong, Senna e Varus. Contudo, o jeito que a bot-lane da FURIA joga é fundamental para o Tatu e Tutsz — e acredito que aqui está nossa esperança. Se ganharmos esse 2v2 e tivermos Jojo e Tatu juntos, punindo as side-lanes e controlando sempre um lado do mapa, não vejo por que não sonhar.

Claro, toda essa sequência é complexa, principalmente por conta do 1v1 insano entre Caps e Skewmond (por isso destaquei a resiliência pós-gank do Caps). Tanto a FURIA quanto a G2 são times que buscam a mesma coisa no draft e no mapa — é sobre quem vai achar os caminhos mais fáceis.

Foto: Reprodução/LTA Sul Flickr.

A individualidade da G2 grita favoritismo, mas Jojo e sua pool podem ser o fiel da balança. Seja com Seraphine para dar desengage, seja com Rakan junto com Yasuo para dominar o bot. Enfim, ele pode ser nosso herói silencioso contra a ameaça silenciosa do Skewmond. O resto é no dedo, coração, macro e concentração!

Uma cereja do bolo para quem quiser sonhar: o stomp que a G2 viveu na final está muito na diferença de como Elyoya (jungle) e Alvaro (suporte) controlam e impactam o mapa juntos. Espero isso do Tatu? Acho um pouco injusto, mas o Jojo tem toda a capacidade de fazer isso com o Labrov — e creio que não estou sendo iludido.

Para entender melhor como a FURIA pensa o jogo, nada melhor do que ouvir o Coach Furyz. Confira abaixo:

Sérgio 'Correslol' Fiorini

Sérgio 'Correslol' Fiorini

Jornalista nos Esports desde 2022. Tropa da Edificação. Jornalismo que incomoda.

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