Mais do que redator da Social Gamers, sou um dos organizadores da Masters Summoners League. Pra quem não conhece, um campeonato semanal de LoL que tem vários objetivos, mas o maior deles, é trazer um ambiente competitivo e impulsionar o cenário amador.
É difícil ser imparcial com algo que eu mesmo organizo, mas se alguém me conhece um pouco, sabe como eu levo a sério esse projeto e como cuido dele para que atinja esse objetivo. Sei do potencial de diversas equipes e a luta no dia-a-dia de muitas delas, com certeza eu seria capaz de escrever um artigo descrevendo a situação particular de cada um. Entretanto, lamentavelmente, mesmo em face de tamanha dedicação, existe algo que percebo permear o cenário amador e que é o exato oposto disso, o outro lado da moeda, a falta de profissionalismo por parte desses mesmos jogadores e organizações.
Jogadores esses que vão e vêm sem compromisso, fazem descaso com a staff, se atrasam (ou até faltam) nos treinos ao mesmo tempo em que reclamam da falta de estrutura, até mais do que se preocupam com o (seu) próprio jogo. Do outro lado, vejo administradores que prometem de tudo, desde patrocínio até viagens, passando por contratos profissionalizantes e até a tão sonhada gaming house. Mas (sim, o inevitável e dolorido “mas”) – e isso é algo que realmente já vi acontecer, e que portanto não é nenhum exagero – pasmem, todas essas promessas se desfazem na mesma velocidade e com a mesma facilidade com que são invocadas, e em questão de uma semana, em certos casos, dias, tudo vai por água abaixo.
Falsas promessas, falta de planejamento, inexperiência, chame do que quiser, voltamos para a questão inicial, a falta de profissionalismo nesse meio. Ao que tudo indica, parece que ainda não caiu a ficha, e que as pessoas ainda têm dificuldade em diferenciar a paixão por jogar da paixão por trabalhar com o jogo.
São poucas as organizações que cumprem sua palavra, são poucos os jogadores que mantem seu compromisso, são poucas pessoas que, mesmo dentro dele, vêem o e-sport como profissão.
Apesar disso, fujo da generalização de que o cenário amador é “assim mesmo”, até porque eu participo desse meio e tento de todas as formas fazer dele uma experiência positiva para as pessoas que dele participam, uma ideia com a qual muitos outros também se alinham. Assim sendo, A Social Gamers tem como um de seus muitos propósitos justamente a profissionalização desse ambiente e, mais do que isso, vejo na Social e na MSL um novo ar de competitividade, algo que faltava (e ainda falta) no cenário amador.
O número de pessoas que me chama a cada semana pra falar “esse sábado é nosso” tem aumentado constantemente e isso apenas mostra como as pessoas já estão longe de ver a MSL apenas como mais um campeonato amador. É algo que as equipes já têm como desafio e objetivo.
Ver times como a SLK, vencedora da Gamepolitan, maior torneio do norte/nordeste, me enche os olhos, mas mais do que isso, existe algo que a MSL tem trazido de diferente: A vontade de competir.
Vencedores de quatro das cinco etapas da 4ª temporada, a RoleCreeper não tinha logo, staff, fã page ou administração. Era apenas um grupo de cinco amigos que jogavam juntos fazia muito tempo e alcançaram um alto nível competitivo.
Cinco jogadores, que até pouco tempo tinham perdido a fé no cenário, (re)descobriram, na MSL, o prazer de competir. Amigos que conseguiram passar por cima de diversas organizações estão cumprindo o maior objetivo da MSL, além de divertir, revelar potenciais jogadores pro cenário.
Parados há meses, estão decididos a tentar novamente ingressar no cenário competitivo. E sei que têm muitas organizações de olho neles.
Não deixe de acompanhar o Debate Legends #04 sobre o cenário amador
Eu torço pra que vinguem e que algum dia eu escreva um artigo inteiro sobre eles, de como eles começaram aqui, na MSL. Não porque sou amigo deles, até porque não conhecia eles até a primeira etapa deste mês, mas pelo que representam. Cinco amigos que, juntos, iniciaram sua carreira e atravessaram os desafios do cenário amador. Torço pelo que ela é, e o que ela ensina.
Torço que da MSL saiam mais 1001 “RoleCreeper”, trazendo em cada um, um novo começo, uma nova visão, uma nova inspiração pra competir.
Pode parecer prepotência, mas acredito que a MSL pode ser parte da resolução do problema que vive o cenário amador. Suavizar a inclinação da subida da montanha para se chegar no cenário competitivo. A interação com todos os times e ouvir o feedback de todos os times tem sido um diferencial do campeonato, que tem seu projeto apenas no seu estado inicial e já tem logo sua primeira revelação.
E que seja só a primeira, de muitas.