A paiN Gaming está em mais uma final de CBLOL. Ao todo, desde que a era das franquias chegou no cenário brasileiro, são 6 decisões disputadas pela organização, seja na divisão principal ou no Academy.
Mas nem só de boas fases viveu a organização. Os Tradicionais tiveram um período tortuoso em sua história, com um rebaixamento e duas etapas sem conseguir subir para o CBLOL.
Quando subiram, não se classificaram para os playoffs, e na etapa seguinte, mesmo com um investimento gigante na contratação de dois sul-coreanos e também na volta do ídolo brTT, os Tradicionais bateram na trave mais uma vez.
O sucesso da paiN desde que entenderam a estruturar um projeto e ter as peças certas que se sinergizem entre si é nítido. Foram vice-campeões em 2020, ganharam o título no começo de 2021, fizeram uma final contra a RED Canids no 1° split de 2022 e agora disputam a taça mais uma vez, com final marcada contra a LOUD no próximo sábado (3).
Mas ao que se deve todo esse sucesso?
O mais importante de todo esse processo que os Tradicionais instauraram dentro da organização foi a criação de bases sólidas. A chegada de Xero e a manutenção de CarioK como um pilar para o time nas franquias foi algo que, com certeza, trouxe uma facilidade maior que a organização precisava para lidar com a debandada que ocorreu no final de 2021.
Toda a equipe campeã se foi. Tinowns, Robo, brTT e Luci. No geral, o clima da torcida era de pânico. A equipe vinha de uma boa campanha no MSI e uma semifinal na segunda etapa, mas ninguém esperava uma saída em massa da maioria dos jogadores. Porém, uma coisa não mudou: a comissão técnica.
No Brasil, ou melhor, nos esportes eletrônicos em geral, pouco se fala no trabalho que bons treinadores fazem em times campeões. Já falando agora de CBLOL, apenas em três times você consegue observar bases sólidas e uma filosofia de jogo: paiN, Liberty e RED Canids. Tudo isso se passa através da confiança da diretoria e jogadores no corpo técnico dessas organizações.
Embora os jogadores tenham grande parte do sucesso, gosto de dar os louros para Dionrray e Xero. Sem eles, não sei se todo esse sucesso seria tão nítido. É válido ressaltar que no começo desse ano a paiN vinha de mal a pior, mas mesmo assim conseguiram voltar e quase conquistar o título contra a RED Canids.
O primeiro turno foi assustador e com diversas derrotas em sequência. Mas a peteca nunca caiu. A base e o trabalho nunca foram interrompidos. Ponto para a diretoria da paiN.
Montagem de elenco acertada
Quatro jogadores saíram no final de 2021 e apenas CarioK permaneceu na equipe. Toda a remontada aconteceu focada no seu entorno, com jogadores que ele já havia jogado ou gostava de jogar. Acima de uma montagem com boas peças, a análise do que a organização precisava foi crucial para que esses jogadores desempenhassem bem.
Trigo e Damage estavam jogando juntos e o suporte também já havia atuado com CarioK na carreira. DyNquedo também já tinha sido companheiro de equipe do caçador e o único ponto-chave e que não tinha tanta sinergia com todos os outros era Wizer. O sul-coreano sempre foi marcado por ótimos picos, mas nunca conseguia transformar isso em constância na maior parte das etapas em que atuou no Brasil.
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Na maioria das equipes, elencos são montados na base do nome e pouco importa como funciona a sinergia entre os jogadores, as características e como cada um vai se completar um com o outro. Por esse lado, a paiN e toda a equipe por trás das contratações fez um trabalho impecável desde o começo dessa retomada como uma das organizações mais protagonistas do CBLOL.
Na minha opinião, o baque com os sul-coreanos Seonghwan e Key fez com que os Tradicionais melhorassem nesse aspecto, com contratações e decisões muito mais acertadas relacionadas com as chegadas de jogadores.
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Sucesso também no Academy
Vendo o Academy, também é válido elogiar a montagem. Embora o começo tenha sido conturbado com a ideia de montar uma equipe com dez jogadores, a paiN entrou nos trilhos com alguns dos jogadores selecionados pela organização. Com apenas um jogador mais veterano, Skybart, todo o resto dos atletas são jogadores que novos e sem muita experiência competitiva.
Querendo ou não, todo esse processo e também filosofia da equipe principal resvala na divisão de base. São três finais seguidas, com dois vice-campeonatos e chance de coroar o projeto com um título, agora no segundo split.
A pergunta mais importante que fica agora é como a paiN irá tratar o Academy para o ano que vem, visto que a maioria ali já está fazendo hora extra e pede passagem para oportunidades no CBLOL.
Não só a paiN precisa estudar algo, mas as outras organizações também devem olhar com bons olhos para vários meninos que estão surgindo com grande força na nossa base.
Os Tradicionais encaram a LOUD no próximo sábado, no Ginásio do Ibirapuera, em busca do tetracampeonato do CBLOL. Caso vença, a paiN voltará para um Worlds depois de 7 anos. A última vez que representou o Brasil neste campeonato foi em 2015, tida por muitos como a melhor campanha do Brasil em um torneio internacional.