Na última semana apenas um assunto tem sido falado na comunidade: as mudanças do cenário de LoL para 2025, anunciadas pela Riot Games na terça-feira (11).
Entre a diminuição no número de equipes brasileiras, as regras para montagem e importação de elencos e jogadores, a junção do CBLOL, LLA e LCS o fato de as mudanças terem sido anunciados no meio daquele que agora se torna a última etapa de CBLOL da história, o Mais Esports apurou o impacto nos pro players que disputam a liga atualmente.
Por questões de confidencialidade, o Mais Esports ocultará os nomes de jogadores e equipes.
O choque do anúncio
De acordo com informações recebidas oficialmente pelo Mais Esports pela Riot Games, as organizações receberam o aviso com 24 horas de antecedência ao anúncio público, fato amplamente criticado pela comunidade.
Segundo apurou o Mais, houve diversas situações entre organizações e pro players do cenário: há casos em que as equipes avisaram os jogadores na própria segunda-feira (10) separadamente, há casos em que uma reunião geral com diretores, jogadores, comissão técnica e equipes de bastidores foi convocada para anúncio geral e também há casos em que jogadores não tiveram comunicação prévia da organização e souberam apenas junto com o público geral, por meio do Twitter, ao meio-dia da terça-feira.
O pouco tempo de antecedência que a Riot disponibilizou fez as equipes correrem para tentar se organizar até mesmo para comunicar as mudanças internamente, e nem todas conseguiram fazer isso em tempo hábil.
Em entrevista ao Mais, Caco Antunes, Head de Esports para League of Legends nas Américas da Riot Games, comentou o motivo pelas 24h de antecedência do aviso.
Não há um momento exato que a gente possa fazer isso. Se a gente fosse fazer uma comunicação desse tipo depois da temporada competitiva, no final de setembro, não teríamos tempo de preparar isso da forma correta com as equipes para uma temporada que começa em janeiro de 2025, né? Então, a gente não tem… potencialmente, algumas equipes já teriam feito investimentos e não teriam tido tempo de avaliar se querem permanecer ou não na liga. A gente sabe que tem equipes que avaliam a continuidade do negócio pelo retorno que elas já tiveram nos últimos anos. Então, se a gente deixa para depois da temporada competitiva, sobra muito pouco tempo para preparar para janeiro.
Organizações congelaram projetos após o anúncio da Riot
Segundo também apurou o Mais Esports, muitas organizações precisaram congelar projetos atuais e futuros no aguardo de mais direcionamentos da desenvolvedora.
Um exemplo disso é a própria paiN Gaming, que não participará da próxima edição da Ignis Cup, o torneio oficial do cenário inclusivo de LoL.
Embora a organização tenha declarado que não está deixando o cenário inclusivo, eles ressaltaram estarem “reavaliando a participação nas próximas edições de 2024 levando em consideração os processos de mudanças do ecossistema competitivo para 2025“.
Impacto atual na gameplay dos times
Por agora se tratar do último CBLOL e a exclusão de times e perda de jogadores para o ano que vem, figuras da comunidade apontaram que o campeonato poderia ser impactado, já que jogadores que não seriam “garantidos” nas franquias teriam que “correr atrás” de melhores performances para tentar permanecer na elite na franquia das Américas. Segundo nossa apuração, os jogadores corroboram esta ideia.
“Quem não estiver preocupado e não se esforçar o triplo nesse Split atual, pode ter uma situação muito difícil no ano que vem”, disse um pro player, que ainda citou pontos negativos e positivos. “Por um lado, vira quase que uma peneira para ficarem apenas os melhores mesmo, por outro muitas pessoas vão perder o emprego”.
Outro jogador cita uma mistura de sentimentos.
Preocupação de não ter emprego no futuro e pressão por mostrar um nível maior. No final das contas, ou você reage bem, ou está fora. Não tem tempo de ficar triste com a notícia, é usar isso para ver que talvez seja a sua última chance e dar o sangue.
A “obrigação de jogar bem”, como um pro player cita, cria um ambiente no qual a pressão pode, sim, impactar a gameplay de jogadores que não se sentem (ou não são considerados pela comunidade) “garantidos” nas franquias das Américas, o que leva a resultados e comportamentos fora do padrão competitivo. “Ainda mais jogadores e times que estão no meio das conversas de exclusão, que podem só se afundar nas dúvidas e incertezas”, diz outro.
Em entrevista exclusiva ao Mais Esports durante o CBLOL, Trigo, ADC do Fluxo, falou sobre como recebeu a notícia e disse que usará isso como motivação para ele conseguir o último troféu do CBLOL:
Eu acho que eu fui um dos que mais ficou incomodado assim no dia, são muitas dúvidas, né? Porque também não foi muito bem explicado na hora em que foi anunciado. Existiam muitas dúvidas, tipo ‘Ah, o que vai acontecer com várias coisas?’. Mas é algo que não pode atrapalhar a gente nesse split, porque agora este virou basicamente o último split do CBLOL. Todo mundo agora está querendo levar esse troféu para casa, o último de todos. Eu, especialmente, quero muito porque perdi três chances já, então eu quero, pelo menos, ter ganho um. Eu acho que não tem muito o que pensar nisso agora, se ficar pensando muito, pode ser que atrapalhe, e não é o foco no momento
O Mais Esports também perguntou a Caco Antunes sobre o impacto da mudança no CBLOL atual e na integridade competitiva do campeonato.
Olha, não entendemos como um risco de integridade competitiva porque a gente tem uma série de regras que garantem a integridade do campeonato agora.
Contudo, eu reconheço que a saída de quatro, ou três, porque a gente tem uma vaga de gás aí que a gente tem uma decisão estratégica para o primeiro ano para fazer. Tem a vaga convidada da Conferência Sul, que no primeiro ano é um convite que nós vamos fazer, que pode ser alguém do sistema ou alguém de fora, mas alguém que a gente acredita que realmente tem potencial para estar no Tier 1. E a partir do segundo ano, entra o modelo de Promo Relegation.
Então, haverá uma redução de times. Isso aí é em função, de novo, do objetivo maior, que é garantir para os times que ficam uma receita que seja viável para o negócio deles. Então, é um ajuste do negócio.
E os jogadores do CBLOL Academy?
O Tier 2 brasileiro será peça chave para determinar o sucesso ou falha das mudanças da Riot no futuro, e com possíveis quatro times a menos no CBLOL veremos muitos medalhões na segunda divisão, o que vai tirar a vaga de muitos jovens que estão lá hoje.
As apurações do Mais Esports mostram que muitos jogadores estão em uma posição de “defesa”, seja com um pouco mais de receio de falar do futuro, ou indo para o lado de “ainda não pensei sobre”.
No entanto, um jogador não deixou de contribuir com seu relato:
Sinceramente, quando soubemos da notícia foi um choque no momento. A primeira coisa que veio em mente foi que provavelmente eu não jogaria o CBLOL como ele é hoje e sempre foi, o que é bem triste.
Apesar da tristeza, os jogadores vêm buscando transformar o “susto” em combustível, se adaptando a realidade implacável das mudanças:
Como é algo que ainda vai acontecer, ou seja, algo no futuro… meio que o objetivo não mudou, mas se tornou algo que ia motivar porque eu acredito que possa conseguir minha vaga no CBLOL, e esse novo formato ia apertar ainda mais as vagas por lane, então a vontade de melhorar ainda mais e buscar bons resultados vem forte no dia a dia.
Outro relato, de um jogador do Academy, também mostra preocupação com o futuro na criação de talentos, e opinou que isso deve ser ainda mais difícil para quem já está chegando agora, mas vê sua situação como positiva: “Pra mim que tô a um certo tempo passa a só demandar mais foco no processo”, completou.
Segundo Caco Antunes em entrevista exclusiva ao Mais Esports, as mudanças até então anunciadas ao Tier 2 não deveriam preocupar na produção de talentos:
Olha, na nossa visão, criar um incentivo competitivo muito claro e muito forte, que é o acesso ao Tier 1, deveria estimular o Tier 2 a atrair mais gente, mais talentos e incentivar especificamente esses atletas a darem o melhor de si, entende? Eu acho que um Tier 2 que tem um ciclo curto de um promo relegation no final do ano deveria ser muito mais eficiente em filtrar e desenvolver os novos nomes.
Revelação de talento? Alguns técnicos apostam que o efeito pode ser inverso!
O Mais Esports também falou com alguns treinadores do CBLOL Academy que mostraram preocupação com a renovação do cenário, e temem também que os novos talentos possam ser prejudicados com mudanças anunciadas pela Riot.
Quando se trata de novos talentos, conhecemos nossa região o suficiente pra saber que não vai ficar ”mais competitivo” e sim ”menos arriscado” ou então ”mais panelagem”. por exemplo; 6 mids ficarão no CBLOL, o Fuu é 2x melhor hoje que Grevthar e Envy. Quem vocês adivinham que vai ter muito mais oportunidade conforme as janelas passem?
O treinador continuou falando que até mesmo alguns nomes que já estão no CBLOL e com boa performance, podem perder espaço para medalhões no cenário.
Hoje o cenário tem Fuu, Scamber, Prodelta, Disamis, Dioge, Yupps, Ninja, Ayu, Netuno, Scary, Betão, LBR inteira, SuperCleber jogando CBLOL e sendo umas das peças principais, não apenas peões. Além deles poderem perder oportunidades pra medalhões no cenário, poderão perder vaga para imports. Mais uma vez te pergunto: Quantos academys estragaram projetos? E quantos imports tiraram vagas deles pra afundar projetos e sair depois de semanas?
Além dos que jogam CBLOL, tem os que não jogam CBLOL ainda por falta de oportunidade como a paiN/Keyd academy, etc. Imagine o quão será difícil um dos 6 times derem oportunidade pra essa gente nova que sempre surpreende e vinga mais que um import e medalhão BR.
E o cenário Tier 3?
Algo ainda pouco abordado do cenário, é o que vai além do Tier 2: o Tier 3. Um dos treinadores que o Mais Esports ouviu mostrou preocupação sobre esse cenário, que atualmente já nem está nas mãos da Riot, e provavelmente não estará em 2025.
A minha dúvida é: o T2 já se torna incerto quanto a viabilidade financeira, então o que será do T3? Pode ser que seja cada vez mais inviável se manter como uma org que fomenta talentos, mas isso tudo vai depender de como a Riot olhará pro cenário amador. Estávamos caminhando pra um cenário excelente esse ano com a evolução do Academy e agora tudo recomeça com muita incerteza. Pra nós basta esperar mais notícias e torcer pra que boas decisões sejam tomadas”
Apesar dos fortes relatos, estes encobrem ainda uma maioria de “tenho medo de perder meu emprego ano que vem, por não ser tão conhecido”. A incerteza está impregnada no cenário onde promessas deviam ser criadas. “O que mais preocupa é o futuro, não dá pra saber se vai ficar um sistema saudável/sustentável pros pro players”, completou outro treinador.
A matéria contou com colaboração do nosso jornalista Sérgio Fiorini.
Se você não está por dentro de todas as mudanças que irão rolar no competitivo de League of Legends para 2025, assista ao nosso vídeo abaixo: