Nadhmi al-Nasra, CEO da cidade futurista chamada NEOM, ameaçou atirar em um dos seus funcionários após um momento de raiva, causado pelo cancelamento do contrato da empresa com a Riot Games e, posteriormente, BLAST. A parceria com as empresas foi firmada em 2020, mas durou pouco tempo após grande rejeição e críticas da comunidade.
A informação foi veiculada pelo jornal The Wall Street Journal, em um artigo chamado “Executivos expatriados fogem dos chefes ruins da Arábia Saudita”.
O texto não fala o nome das companhias envolvidas na quebra de contrato, apenas as cita como “duas empresas de videogame”. No entanto, a ocasião aconteceu no verão de 2020, mesmo período em que a parceria com a Riot e BLAST foi anunciada e, posteriormente, cancelada.
A reportagem diz que o CEO convocou uma reunião de emergência e questionou o porque não tinha sido alertado sobre a possibilidade das empresas cancelarem o contrato.
“Se você não me disser quem é responsável, eu vou pegar uma arma debaixo da minha mesa e atirar em você”. Essa teria sido a fala do CEO durante a reunião. Em seguida, uma mulher que estava na sala começou a chorar, sendo consolada por colegas.
Uma cultura de repressão que assusta e afasta funcionários da NEOM
A cultura de repressão de Nadhmi al-Nasra repreende e assusta os funcionários, e de acordo com a matéria, faz com que vários executivos estrangeiros deixem a equipe da NEOM. “Alguns perderam contratos de mais de US$ 500.000 por ano em vez de trabalhar sob o comando de Nasr”, cita a reportagem.
Além disso, também foi reportado que os funcionários são menosprezados, exigências irreais são feitas e a discriminação tem “vista grossa”.
O que é a NEOM
A NEOM é uma cidade planejada que está tendo um investimento de 500 bilhões de dólares para ser construída. Ela foi anunciada pelo príncipe herdeiro Mohammad bin Salman, que já foi acusado de ser responsável pela decapitação de várias pessoas injustamente, incluindo uma execução em massa no ano de 2016. O príncipe também é acusado de ser um dos mandantes do assassinato brutal do jornalista Jamal Kashoggi.
Além de toda a polêmica envolvendo pessoas da comunidade LGBTQIA+, a construção da cidade NEOM recebeu várias denúncias de expulsão dos povos nativos da região, inclusive com o líder ativista Alia Hayel afirmando que a cidade está sendo construída sob o “sangue e ossos” da tribo Huywaitat.
Entenda a polêmica entre a parceria da NEOM com a Riot e BLAST
Riot
No dia 29 de julho de 2020 a Riot fechou um patrocínio com a NEOM, mas foi duramente criticada por fãs e até mesmo pelos funcionários da empresa, que ameaçaram não ir ao ar na transmissão da LEC caso o acordo não fosse cancelado.
A Arábia Saudita tem um histórico muito negativo quando se trata de direitos humanos contra a comunidade LGBTQIA+, que é inclusive uma das causas que a própria LEC defende e apoia. O país não possui leis contra a discriminação sexual ou de gênero, e a advocacia para direitos LGBT lá é ilegal. Homens homossexuais que se casam na região e praticam a sodomia, podem até ser condenados a chibatadas, exílio e até pena de morte por apedrejamento.
No mesmo dia do anúncio, a LEC publicou que o acordo havia sido cancelado e ressaltou a importância de “reconhecer quando erramos e trabalhar rapidamente para corrigi-los”. “Estamos comprometidos em reexaminar nossas estruturas internas para evitar que isso não ocorra de novo”, finalizou.
BLAST
Já a BLAST, famosa organizadora de torneios de CS:GO, demorou um pouco mais para anunciar o cancelamento do acordo. A notícia veio no dia 13 de agosto, afirmando que as duas partes chegaram a um acordo “profissional e respeitoso” para rescindir o contrato.
Após a parceria com a BLAST ter sido anunciada, algumas pessoas famosas da comunidade de CS:GO se pronunciaram publicamente contra a decisão, entre eles Frankie, Vince, Just Harry e até mesmo o CEO da Astralis, que classificou o acordo como “inaceitável”, em entrevista ao site Politiken.