A LOUD foi eliminada do Worlds 2023 no último sábado (14) após um atropelo da Gigabyte Marines. Nesse sentido, a equipe brasileira deixou o torneio vencendo apenas uma das três séries que disputou, na estreia justamente contra a mesma GAM.
Essa foi talvez a derrota mais amarga para o Brasil em todas as edições do Worlds. Passamos de um cenário em que a classificação era a mais crível possível para uma das atuações mais decepcionantes que já assisti.
Começo que encheu os olhos
Acho que, até mesmo o menos confiante no Brasil lá fora, estava ansioso para ver essa LOUD jogar. É um time que fez história vencendo o CBLOL três vezes consecutivas e indo pela terceira vez para um campeonato internacional.
Era normal pensar que seria diferente. Além disso, a equipe também teve um bootcamp de quase um mês até o Worlds 2023 começar, com boas performances na soloQ e também com treinos com times de regiões mais fortes.
Na Coreia do Sul, o clima não podia ser diferente. Chegamos para o primeiro dia do Worlds 2023 e uma imensidão de brasileiros invadiu a plateia, o clima não podia ser melhor. Esperança… e começa o jogo.
Êxtase.
A vitória contra a Marines
De certa forma, os olhos não acreditavam no que estavam vendo. Parecia uma aura diferente, um time maduro e que sabia o que queria fazer, além de performances individuais incríveis de alguns jogadores.
A primeira partida reacendeu aquela chama de esperança de ver o Brasil finalmente indo bem lá fora, com direito a Pentakill de Route. Ali, o sentimento mudou de “SERÁ?”, para “sim estaremos na Fase Suíça do Worlds 2023”.
Já no segundo jogo, um pouco mais de tensão. Mas, outro ingrediente para aumentar ainda mais a esperança: uma virada baseada em resiliência e boas decisões em conjunto. 2×0 e só podia pensar: é esse time. Agora vai.
Pés no chão
O confronto com o PSG Talon seria muito difícil, todos sabíamos. É um time cascudo, com dois jogadores de ponta (Maple e JunJia) e um restante muito sólido. Não deu outra, nem entramos para jogar, mas a esperança ainda estava ali.
Confesso que, pela forma que perdemos para a Talon, fiquei preocupado. Comecei a pensar que a velha história de “começar ganhando para perder depois” se repetiria.
Mas, tentamos olhar o copo meio cheio, que no caso era ter escapado da Team BDS. Considerada a mais forte da Fase de Entrada, a equipe havia sido surpreendida pela Team Whales, e não terminaria em primeiro do outro grupo, o que faria com que a LOUD não pudesse os encontrar na MD5.
Neste momento, eu e milhares de brasileiros ainda contávamos como certo que, pelo menos, chegaríamos nesta MD5. Agora, tínhamos que vencer os dois times do Vietnã (GAM e Whales), já tendo vencido a GAM uma vez, que como campeã era tecnicamente a equipe mais forte da região. Era possível. E muito.
Balde de água fria
O dia do jogo chegou e a nossa confiança ainda estava lá no teto, certo? Era nossa melhor chance em muito tempo e não fazia nem três dias que havíamos vencido os nossos adversários. A energia era uma mistura de esperança com “já vencemos uma vez, é só vencer novamente”.
Esqueci de mencionar, mas eu estou (ou estava, dependendo de quando você estiver lendo) na Coreia para fazer a cobertura do Worlds 2023, então tive a oportunidade de assistir ao jogo ao vivo. No entanto, lembro que pouco consegui ficar na Arena de tão nervoso que estava, tendo assistido boa parte da partida na sala da imprensa.
Primeira partida
A LOUD começou bem o primeiro jogo, sabendo anular o Nocturne para conseguir ter vantagem e ir bem para o mid game. De repente o time tem um apagão e tudo isso foi por água abaixo. Uma sequência de decisões péssimas junto a falhas individuais tiraram o jogo das nossas mãos e colocaram os vietnamitas na frente da série. 1-0 GAM.
Aqui é impossível não falar que o primeiro sentimento que vem a mente de todo mundo é “acabou, é isso”. Já fomos eliminados tantas vezes do mesmo jeito que é quase automático esse pensamento, e era como se tivessem jogado um balde de água fria em mim.
Segunda partida
A segunda partida dispensa comentários, porque é impossível imaginar que realmente jogamos um jogo daquela forma, e que era ganhável, por sinal.
Erros individuais, erros na execução de dives, erros de estratégia, ERRO ATÉ NA RECEITA DE ITEM. É um jogo que ficará lembrado para sempre como um dos piores do Brasil em palcos internacionais. 2-0 GAM.
A palavra é decepção
Desde 2017, quando a Team One dependia apenas de vencer o representante da Turquia para avançar ao Group Stage, não tínhamos um caminho tão tranquilo e possível. Além disso, essa oportunidade chegou para o nosso time mais preparado.
Lembro que sempre a comunidade e jogadores discutiam o motivo da nossa região não avançar, e sempre era citado que os times mudavam a line-up e perdiam a sinergia, jogadores só tinham uma experiência internacional no ano, entre outros motivos. Aqui não tinha mais isso. É um time tricampeão seguido do CBLOL que foi para os últimos três torneios e só mudou um jogador do primeiro para o segundo campeonato.
Não chegar sequer na MD5 é decepcionante, frustrante, e da forma que foi é pior ainda. Derrotas amargas e pinceladas por algumas atuações desastrosas. Se nem o melhor time da história foi capaz, quem será?
É difícil ter esperança no futuro do LoL brasileiro
Hoje, sinto que, infelizmente, não vamos conseguir tão cedo esse tão sonhado acesso para a fase principal do Worlds ou até mesmo do MSI. Não por não sermos capazes, mas por não sermos nós mesmos lá fora.
É triste que possivelmente o ciclo desse time tão vitorioso terminou assim, com uma lástima sobre um campeonato que era possível ter conseguido mais e eles mostraram que tinham isso, mas simplesmente a chama apagou. O Brasil hoje é coadjuvante e não parece estar preparado para figurar como protagonista.
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