No dia 22 de novembro de 2024, o CEO da T1, Joe Marsh, veio a público criticar a agência do Zeus — a The Play — e afirmou que ela teve influência na saída do top-laner da então atual campeã mundial.
Além disso, Marsh declarou que Zeus queria sair e acusou os agentes de não manterem um diálogo aberto e de agirem de forma não profissional. Agora, oito meses depois, o Diretor de Operações da T1, Josh Ahn, publicou um vídeo desmentindo as declarações anteriores da organização.
T1 pede desculpas por tudo que foi dito
Segundo Josh Ahn, Zeus não quis sair da T1, a The Play não influenciou a decisão e, em momento algum, faltaram com diálogo ou profissionalismo:
Primeiro, reconheço totalmente que a proposta inicial feita para a The Play e para Zeus, durante as negociações, pode ter soado desrespeitosa do ponto de vista do jogador. Peço desculpas sinceras por ter divulgado informações erradas sobre isso anteriormente.
[…]
Quero acrescentar também que, durante todo o processo de negociação, Zeus demonstrou de verdade que queria priorizar o time em que já estava (T1). Além disso, reconheço que a forma como lidamos com algumas situações após a transferência de Zeus não foi das melhores. A T1 nunca desconfiou de nenhum tipo de aliciamento enquanto Zeus ainda estava sob contrato conosco.
Assista ao pedido de desculpas completo:
Relembre as falas do CEO da T1 para o Zeus
Durante um AMA (Ask Me Anything — “Pergunte-me qualquer coisa”, em tradução livre), em novembro do ano passado, fãs da T1 questionaram Joe Marsh sobre a saída repentina de Zeus. O CEO não poupou palavras. Relembre:
Você pode nos contar quanto Zeus vai ganhar mostrando com seus dedos?
Pergunte isso para Zeus… Ou melhor, tente falar com o agente dele – se você conseguir conversar cara a cara!
De quanto era a diferença nas propostas da T1 e HLE por Zeus?
[…] O agente impôs uma data final falsa dizendo ter sido dada pela HLE. No entanto, assim que Zeus decidiu sair, conversamos com a HLE que confirmou nunca ter falado sobre data alguma. Em minha percepção, alguém está mentindo.
Conhecendo a HLE há anos, confio na palavra deles. É desanimador que esse tipo de tática tenha sido utilizada durante a negociação, já que acreditamos que Zeus precisa ficar a par e ter confiança em tomar decisões importantes na sua carreira.

Estou curioso sobre os detalhes e o processo de saída de Zeus. Quando a decisão foi tomada? Queria saber também como os outros jogadores ficaram e qual o clima do time agora.
Do nosso ponto de vista, Zeus tomou sua decisão no primeiro dia em que ficou FA. Antes disso, estávamos com a impressão de que fecharíamos um acordo até que as coisas mudaram de repente naquela tarde. Sobre como os outros jogadores ficaram e o clima do time agora, acredito que esse tipo de informação deva permanecer privada em respeito a todos envolvidos.
Qual foi o maior fator para a saída de Zeus, em sua opinião?
Na minha visão, foi a influência de seu agente e sua agência. A abordagem deles geralmente ignora fatores-chave como legado da equipe, desenvolvimento do jogador e sucesso na carreira a longo prazo.
Infelizmente, as táticas e o jogo de poder usados nessa situação não foram consistentes com a forma como os agentes profissionais normalmente operam. Embora o agente tenha ligado para “se desculpar“, acredito que esse gesto foi mais para manter as aparências do que sinceridade genuína.
Esta é a mesma agência que tentou levar Zeus para a China no ano passado por um salário maior, mas foi por iniciativa do próprio Zeus na época – falando diretamente com kkOma – que ele ficou de fato na T1.

Quanto ao “pedido de desculpas”, a agência do Zeus também citou que houve o contato, mas não teria a intenção de pedir desculpas. Confira:
Terminadas as negociações, o agente do Zeus contactou a T1 no dia 21, na esperança de que ninguém, incluindo a comissão, jogadores ou quaisquer outros envolvidos sofressem quaisquer danos, e manifestou pesar pela situação. É verdade que inicialmente não tínhamos a intenção de emitir uma declaração separada depois disto. No entanto, lamentamos que isto tenha aberto margem a interpretação de um “pedido de desculpas”, fazendo parecer que a culpa é nossa.
Joe Marsh fala sobre falta de diálogo aberto e mudanças repentinas na negociação
Os problemas em torno de nossas negociações com Zeus decorreram inteiramente da abordagem adotada por seu agente. Em qualquer negociação, é costume fornecer contrapropostas e manter um diálogo aberto — nada disso ocorreu neste caso.
Em vez disso, fomos recebidos com silêncio em relação às nossas propostas. As negociações normalmente começam em um ponto razoável para permitir espaço para um acordo, mas a abordagem do agente estava longe do padrão.
Pelo que aprendemos, o prazo ao qual o agente se referiu foi algo que ele criou, não a outra equipe. Embora os agentes sejam livres para usar suas próprias táticas de negociação, durante todo esse processo, a T1 não foi tratada com o respeito que se esperaria da organização que deu a chance para o Zeus desde 2019. Em vez disso, fomos tratados como estranhos, ou pior, como uma equipe de nível inferior sem legitimidade para assinar com seu cliente. Essa falta de respeito foi decepcionante, principalmente devido à história e à conexão da Zeus com a T1.
Para piorar a situação, ficamos realmente surpresos ao ver uma reviravolta repentina no tom. Durante todas as negociações, o agente de Zeus continuou insistindo que ele queria ficar na T1 e que eles queriam que ele ficasse também. Mesmo no dia de abertura da janela até às 13h, sentimos que estávamos nos aproximando de um acordo, e o agente e nós iríamos finalizar o negócio depois do almoço. Então, de repente, às 13h50, o agente ligou para nos dizer que Zeus decidiu ir para a HLE.

The Play responde acusações e não faturou com a transferência do Zeus
Na época, a The Play respondeu publicamente a cada uma das acusações feitas, além de divulgar um cronograma detalhado das negociações com a T1. Relembre:
- (12/11) A T1 teria feito a primeira proposta cara-a-cara logo na primeira negociação cara-a-cara e o resumo da discussão foi avaliar a proposta;
- (15/11) A T1 teria feito a segunda negociação cara-a-cara e mais uma vez a discussão foi rever a proposta;
- (16/11) A primeira negociação virtual acontece e a T1 faz uma segunda proposta, rejeitada pelos agentes, que preferem avaliar o mercado;
- (17/11) Acontece a segunda negociação virtual e a agência mantém a posição de recusar uma renovação e preferem avaliar o mercado;
- (18/11) Acontece a terceira negociação virtual e a T1 oferece a terceira proposta, dessa vez tendo o Zeus na chamada junto da T1. Mais uma vez acontece a recusa e a preferência por avaliar o mercado;
- Às 8h30 do dia 19, Zeus se encontra com os agentes por proposta dos mesmos para às 10h começar a conversas com outras organizações;
- Às 11h40, a agência envia a primeira contraproposta para a T1;
- Às 13h10, a T1 envia a proposta final para a primeira contraproposta;
- Às 13h50, a agência rejeita a oferta final em uma call junto do Zeus;
- Às 14h10, a T1 pede uma reunião com Zeus, para avaliar o que mais podem oferecer e a agência coloca a prioridade de estar com o jogador neste momento da janela e envia um pedido de uma nova oferta final;
- Às 14h50, a agência volta a pedir por esta nova oferta final;
- Às 14h53, a agência, Zeus e a T1 tem uma call que veio por pedido da T1;
- Às 15h10, a T1 envia a segunda oferta final;
- Às 15h20, a agência envia uma contraproposta da segunda oferta final;
- Às 15h30, as negociações chegam ao fim após uma proposta inaceitável vinda pela T1.

Somado a essas declarações, a própria The Play veio a público posteriormente afirmar que não obteve nenhum lucro com a transferência de Zeus.
A situação levou a T1 a ser procurada pelo portal coreano Inven. Em resposta a reportagem, um porta-voz da organização, que teve sua identidade preservada, comentou sobre as afirmações de Joe Marsh a respeito da suposta influência dos agentes sobre o top-laner.
Os comentários não foram direcionados exclusivamente à THE PLAY, mas sim a práticas da indústria que priorizam o aspecto financeiro em detrimento do respeito pelos times. Joe Marsh nunca afirmou que ‘eles só pensam em lucro’. Ele apenas citou exemplos passados envolvendo agências como a THE PLAY para ilustrar preocupações gerais do setor, o que representa uma ‘opinião’.








